Tecnologia
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Por Carolina Nalin — Rio

A incorporação da inteligência artificial (IA) nos novos recursos do Bing, o buscador da Microsoft criado em 2009, reviveu a guerra entre as big techs, adormecida há mais de uma década. A competição entre buscadores já parecia ter chegado ao fim diante do monopólio do Google, que detém cerca de 90% desse mercado pelo menos desde 2015, a partir de quando há dados disponíveis, segundo o Statista.

Em poucas semanas, no entanto, tudo mudou: o aporte bilionário da Microsoft na OpenAI, dona do ChatGPT, conseguiu cutucar o carro-chefe de receitas da Alphabet, controladora do Google. Esta agora tenta dar uma resposta à altura para não perder espaço nesse mercado, no qual faturou mais de US$ 162 bilhões no ano passado.

A IA é o novo pano de fundo dessa briga de gigantes, que querem integrar a tecnologia a uma série de produtos e serviços — de e-mails à edição de documentos. O grande diferencial da IA é permitir que a máquina combine grandes quantidades de dados e aprenda com eles, gerando insights que podem ainda ser cruzados de uma ferramenta para a outra, para diferentes aplicações.

No caso do Bing, a Microsoft tem investido pesado para que o buscador deixe de ser um amontoado de oferta de links para se tornar uma ferramenta valiosa para o usuário, em uma espécie de pesquisa contextualizada.

Pesquisa sobre o 11 de Setembro feita pelo Bing, da Microsoft — Foto: Captura de tela
Pesquisa sobre o 11 de Setembro feita pelo Bing, da Microsoft — Foto: Captura de tela

A empresa lançou o Bing Chat, um recurso de bate-papo com um robô disponível no buscador, que responde a perguntas sobre qualquer assunto, cita as fontes de referência e ainda gera imagens e vídeos.

É possível escolher até a forma de abordagem: se o usuário quer um estilo de conversa mais criativo, equilibrado ou preciso, por exemplo. A reação foi imediata: o Bing ultrapassou a marca de 100 milhões de usuários diários em março, segundo a Microsoft. A empresa não informa quantos eram antes, mas ressalta que, atualmente, um terço dos usuários do Bing são novos.

A mesma pesquisa sobre o 11 de Setembro feita no Google — Foto: Captura de tela
A mesma pesquisa sobre o 11 de Setembro feita no Google — Foto: Captura de tela

Migração de usuários

Nas redes sociais, cresce a cada semana o número de pessoas que têm preferido buscar informação no Bing em vez de no Google. Como o programador Giovanni Bassi, de 44 anos, que acompanhou a evolução da Web desde os anos 2000 e por décadas foi usuário assíduo do Google:

— O chat (Bing) não só oferece uma resposta, ele oferece contexto. Isso é bem diferente de um buscador básico oferecer uma série de links e depois o usuário ter que se virar. Você pode aprofundar na conversa com o chat o que pesquisou, e isso é muito legal.

Para Bassi, que costuma testar diferentes ferramentas em suas versões iniciais para desenvolvedores, o buscador da Microsoft começa a mudar a forma como o usuário obtém informação na rede porque cruza assuntos e entende o que o usuário procura.

Ofensiva do Google

Esta semana, no entanto, o Google fez seu primeiro grande contra-ataque. A Alphabet apresentou, em seu evento anual para desenvolvedores, novidades no chatbot Bard (rival do ChatGPT), que em fevereiro chegou a receber críticas de parte dos próprios funcionários, que relataram erros e problemas éticos no desenvolvimento do recurso, segundo a Bloomberg.

O Bard agora está aberto para 180 países com foco no inglês — o Brasil, portanto, está de fora —, e o Google anunciou a integração da nova tecnologia a várias de suas plataformas, inclusive o buscador. Em uma ferramenta por enquanto acessível apenas a inscritos, chamada de “experiência generativa de pesquisa” (SGE, pela sigla em inglês), é exibida uma resposta produzida por IA no topo dos resultados.

A empresa também tornou a página de busca mais interativa. Usuários do sistema operacional Android já visualizam novos widgets ao navegarem na busca do Google, como “comprar produtos em suas capturas de tela”, “traduzir textos usando a câmera”, “realizar busca na Web com imagem da galeria”, “resolver exercícios de dever de casa com a câmera” e “identificar música”.

Segundo o Wall Street Journal, o Google trabalha no projeto de codinome Magi, que visa permitir que usuários visualizem resultados com vídeos curtos e postagens de redes sociais, além de conversarem com um chatbot em suas pesquisas.

Disputa pelo futuro da IA

É difícil, porém, cravar qual das gigantes será mais bem-sucedida no uso da IA para potencializar seus negócios, incluindo os buscadores.

— O Bing ganhou terreno, cresceu muito, mas ainda é uma razão quase que de 10 para 1. E é difícil acreditar que o Google vai sentar e assistir o seu grande produto perder usuários sem fazer nada — diz Arthur Igreja, especialista em inovação e negócios.

Para especialistas, a guerra está longe de acabar.

— O modelo de chat traz uma disrupção total porque já entrega a informação “mastigada”. Ainda temos de descobrir como isso será monetizado — diz Luiz Lobo, fundador da Fintalk.

Para ele, a disputa não está restrita às big techs:

— Tudo começou na OpenAI, uma startup que só depois recebeu investimento da Microsoft. A inovação não veio das gigantes. E essa brincadeira nem começou. A solução da Meta nem foi lançada. Quem sabe não vem uma inovação de alguma outra empresa (fora do Vale do Silício)?

Contexto

Em meio ao salto de popularidade das ferramentas de IA generativa, governos e reguladores de diferentes países buscam criar regras para conter os impactos da tecnologia.

A União Europeia vai votar em junho um projeto de lei, tornando-se pioneira na área. Nos Estados Unidos, a Casa Branca já afirmou que apoia uma regulamentação da IA.

O Reino Unido está recorrendo a seu órgão regulador e, na China, as autoridades já exigiram que os sistemas de IA obedeçam a regras rígidas.

E no Brasil, este mês o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, apresentou um projeto de lei estabelecendo diretrizes gerais para desenvolvimento, implementação e uso de sistemas de IA no país.

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