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Por Janaína Figueiredo — Nova York

A Cora, um banco digital brasileiro dedicado exclusivamente a pequenas e médias empresas, criado por Igor Senra e Leonardo Mendes em 2019, esteve presente semana passada na primeira edição em 2023 da Collision, exposição sobre novas tecnologias, em Toronto, no Canadá, onde a inteligência artificial (IA) roubou a cena (em novembro, a sede do encontro será Lisboa).

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Mais de 36 mil pessoas, de 118 países, estiveram presentes, entre elas Senra, CEO e cofundador da Cora, que falou sobre o crescimento e o potencial do banco, atualmente com 1 milhão de clientes no Brasil.

— Temos uma visão positiva sobre a IA… acreditamos que existe uma oportunidade escondida — disse Senra, em entrevista ao GLOBO, ressaltando que apoia as discussões sobre ética e regulamentação da nova ferramenta. — Lidamos com a parte mais sensível do corpo humano, que é o bolso. Temos de ter uma responsabilidade muito grande.

O co-fundador e CEO do banco digital Cora, Igor Senra, de camiseta rosa, que participou do Collision em Toronto, megaevento de novas tecnologias — Foto: Divulgação
O co-fundador e CEO do banco digital Cora, Igor Senra, de camiseta rosa, que participou do Collision em Toronto, megaevento de novas tecnologias — Foto: Divulgação

Veja a seguir os principais trechos da entrevista.

O presente e o futuro da IA foram o tema central da Collision de Toronto. Qual é a sua visão?

Vemos a Inteligência Artificial (IA) como um grande vetor de mudança e acreditamos que há uma oportunidade absurda em relação a isso. Direcionamos 30 pessoas da empresa, que tem 380 funcionários, somente para cuidar desse assunto. Acreditamos que existe uma oportunidade escondida, que ainda nem sabemos direito como é.

Entendemos que o melhor caminho era compreender o que poderíamos fazer para aumentar nossa produtividade, seja nos atendimentos, no time de gestão de risco, que na Cora chamamos de segurança do cliente, e no nosso desenvolvimento em geral. É um processo de aprendizado e, a partir desse primeiro esforço, vamos ter mais familiaridade para começar a expor para o cliente esse tipo de solução.

Num primeiro momento, estamos servindo a nós mesmos. Já passamos da fase da pesquisa e colocamos a mão na massa para simplificar a nossa vida internamente, para, num segundo momento, podermos expor isso ao cliente. Vamos ganhar experiência, acertar, errar, corrigir, e desenvolver melhores produtos.

O senhor tem uma visão positiva da IA?

Absolutamente positiva. Temos visto histórias que são muito interessantes, por exemplo, uma que li numa rede social e falava sobre uma pessoa dona de uma empresa que faz recrutamento e seleção para grandes companhias. No processo de seleção, eles enviavam perguntas aos candidatos. Com medo de que os candidatos usassem IA, a empresa criou uma maneira, com IA, de detectar as chances de as perguntas terem sido respondidas usando IA.

Quando um dos candidatos passou no detector de mentiras, apareceu que três das perguntas tinham sido respondidas usando IA. O candidato foi chamado para uma conversa e reconheceu que tinha usado algum tipo de inteligência artificial. Ele argumentou que usou porque achava que poderia, assim, melhorar algumas respostas.

O recrutador acabou recomendando o candidato, porque ele foi honesto e porque achou que a resposta dele fazia sentido. É isso o que você pode esperar de mim, vou tentar sempre a melhor resposta. É uma nova ferramenta, que temos de saber usar.

Uma ferramenta que não vai substituir o cérebro humano…

Exato, a IA vai potencializar as coisas boas que já temos. É como se fosse uma alavanca, você usa para aumentar sua força.

Ainda existe muito debate e controvérsia...

Sim, claro, por causa do potencial disruptivo que a IA tem. É uma ferramenta que você pode usar para o bem e para o mal. A discussão sobre ética, sobre como organizar isso, é uma discussão válida.

O senhor acredita que é necessária uma legislação para regulamentar a IA, no mundo e no Brasil especificamente?

Algum tipo de controle ético, principalmente, é importante. Não sei se será através de um processo de regulação, de autorregulação, mas temos de pensar nas consequências de segunda ordem que essa ferramenta pode ter. Tem gente dos dois lados, alguns querem uma regulação, outros não, mas depois dessa discussão sairemos melhor.

Quando a IA entrou na rotina da Cora?

Sempre temos um time de pessoas que apoia nossa operação. Equipamos esse time com um tipo de profissional que chamamos de “tec-ops”, meio tecnologia e meio operação. Temos ferramentas para leigos que ajudam a construir sistemas, com treinamentos básicos. Estamos começando a descobrir a IA e, para isso, equipamos esse time com essa nova ferramenta.

No final das contas, queremos oferecer o melhor serviço, da forma mais rápida, para simplificar a vida do cliente. Nosso negócio é sensível, é dinheiro indo para lá e para cá, costumo dizer que lidamos com a parte mais sensível do corpo humano, que é o bolso.

Temos de ter uma responsabilidade muito grande, lidamos com confiança, e temos sistemas complexos que lidam com grandes volumes de dados e devem determinar se as operações são legítimas ou potencialmente fraudulentas. O cliente deve sempre sentir que a vida dele é fácil, e nós lidamos com as dificuldades.

Se pensarmos num prazo de um ano, que importância o senhor imagina que a IA terá para sua empresa?

Espero que no ano que vem já estejamos, de fato, usando a IA de forma intensiva para o cliente. Que ele já esteja interagindo no dia a dia com a IA da Cora. Não tenho dúvidas.

Que serviços a empresa oferece no Brasil e qual é seu potencial de crescimento?

Somos um banco para pequenos negócios. Começamos muito focados em empresas B2B (business to business, empresas que fazem negócios com outras empresas), e ao longo do tempo temos aumentado nossa proposta e abraçado outros tipos de segmentos.

Há um mês lançamos um novo produto, que nos habilitou a ir para empresas B2C (business to consumer, empresas que fazem negócios diretamente com consumidores), varejo, serviços etc… Esse produto nos dá a possibilidade de receber pagamentos com cartão de crédito. Independentemente da maquininha que o cliente usa para fazer o pagamento, ele pode usar a Cora para ser o que chamamos de instituição domicílio, que é a que recebe todos os pagamentos, e vamos administrar dali para frente.

Temos 1 milhão de clientes, sem ter a possibilidade de ajudar nosso cliente com pagamentos de cartão de crédito. Acreditamos que, de agora em diante, vamos acessar um nicho importante, o comércio varejista, que tem um volume enorme no Brasil. Temos boa possibilidade de crescer.

Por que uma empresa deveria se interessar em ter os serviços da Cora?

A Cora foi desenvolvida diferentemente de todos os outros bancos que atendem pequenos negócios. Eles pegaram tudo o que entregavam para pessoas físicas, copiaram e ofereceram para empresas. O que uma empresa espera é diferente do que uma pessoa espera. Nós construímos a experiência para o nosso cliente baseado no que ele quer, em suas necessidades.

Pode dar alguns exemplos?

Claro, vários. Quando queremos entender nossa vida financeira, vamos no nosso extrato, vemos o que entrou, o que saiu. O nosso cliente, ao invés de ver o extrato, vê uma projeção financeira, onde mostramos para ele sua posição de caixa no momento em que ele checa, e qual será a posição esperada para uma semana depois, duas semanas e três semanas. Nossos clientes gerenciam seus negócios por semana.

Na Cora, eles conseguem viajar no tempo e entender como será o negócio dele para a frente. Também vimos que todo empreendedor adora vender, mas odeia cobrar. Nós tiramos isso da cabeça do nosso cliente, oferecendo uma solução na qual não apenas emitimos o boleto. Temos uma régua de cobrança e, se o cliente dele esquece de pagar, fazemos a cobrança em nome de nosso cliente. Na medida do que conseguimos, trazemos para a gente as coisas que o cliente não quer fazer, para que ele tenha uma vida mais simples e possa focar no que interessa ao negócio dele.

Qual é o custo para o cliente de vocês?

O custo é zero. Fizemos uma mudança no modelo de negócios. Os bancos, em geral, querem ganhar dinheiro em tudo. Nós criamos um ambiente no qual as transações são de graça. Nossos clientes emitem boletos, fazem boletos, fazem Pix, e não cobramos nada.

Ganhamos dinheiro de duas formas: primeiro, dadas às regulações do Banco Central, pegamos os recursos dos nossos clientes e aplicamos no BC em títulos públicos do Brasil, e o rendimento fica para nós. A outra parte da remuneração é que quando acontece uma transação, seja no cartão de débito ou de crédito, uma parte da transação vira receita para nós. Essas são as fontes de receitas que temos e não colocamos a mão no dinheiro do cliente, que não paga tarifa.

Os clientes chegam por três razões: um terço teve experiências com bancos digitais como pessoas físicas e quer a mesma coisa como pessoa jurídica; outro terço vem pelo cansaço com os bancos tradicionais; o último terço abriu um negócio e quer operar com um banco novo e digital

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