A China planeja expandir a proibição do uso do iPhone no trabalho por funcionários de agências do governo chinês e empresas estatais, um sinal de desafios crescentes para a Apple, que considera o país asiático como seu maior mercado estrangeiro e base de produção global. Com o aperto do cerco aos iPhones por parte do governo chinês, a gigante americana com sede em Cupertino, na Califórnia, perdeu US$ 190 bilhões em valor de mercado em dois dias.
Os papéis da Apple, maior componente dos principais índices de ações dos Estados Unidos, chegaram a cair até 6,4%, em Nova York, na pior queda de dois dias em um mês. Na quarta-feira, as ações fecharam com queda de 3,6%.
Várias agências começaram, meio de grupos de bate-papo e em reuniões, a instruir os funcionários a não levarem seus iPhones para o trabalho, disseram pessoas familiarizadas com o assunto, confirmando reportagem do The Wall Street Journal. Além disso, Pequim pretende estender essa restrição de forma muito mais ampla a uma infinidade de empresas estatais e outras organizações controladas pelo governo, disseram as fontes.
Se Pequim for adiante, a proibição sem precedentes será o ponto culminante de um esforço de anos para eliminar o uso de tecnologia estrangeira em ambientes considerados sensíveis, coincidindo com o esforço de Pequim para reduzir sua dependência de software e circuitos americanos.
Veja a evolução iPhone ao longo dos anos
Isso ameaça corroer a posição da Apple em um mercado que gera cerca de um quinto de sua receita e de onde ela fabrica a maioria dos aparelhos de iPhone por meio de fábricas em expansão que empregam milhões de chineses.
Não está claro quantas empresas ou órgãos poderiam eventualmente adotar restrições a dispositivos pessoais, e ainda não houve nenhuma liminar formal ou por escrito, disseram as fontes. É provável que as empresas ou organizações estatais variem em relação ao rigor com que aplicam tais proibições, sendo que algumas proíbem o uso de dispositivos Apple no local de trabalho, enquanto outras podem impedir totalmente o uso desses dispositivos pelos funcionários.
As empresas estatais chinesas, como a gigante do petróleo PetroChina, empregam milhões de pessoas e controlam vastas áreas de uma economia centralmente planejada. Dado o relacionamento da Apple com Pequim e sua importância para a economia, ela "historicamente tem sido vista como relativamente segura na China em relação às restrições governamentais", disse o analista da KeyBanc Capital Markets, Brandon Nispel, em um relatório divulgado na quarta-feira. "O governo está mudando sua postura?", questionou.
Um representante da Apple não respondeu a um pedido de comentário. A Comissão de Supervisão e Administração de Ativos Estatais e o Escritório de Informações do Conselho de Estado também não responderam aos pedidos de comentários enviados por fax.
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A empresa goza de ampla popularidade na China, seu maior mercado internacional, apesar do crescente ressentimento em relação aos esforços americanos para conter o setor de tecnologia do país asiático. Os iPhones da Apple estão entre os mais vendidos do país e são comuns tanto no setor governamental quanto no privado.
Mas o bloqueio dos dispositivos coincide com a intensificação dos esforços para desenvolver tecnologia nacional que possa se igualar ou até mesmo superar a inovação americana.
O lançamento de um smartphone da Huawei que continha um avançado processador fabricado na China causou alvoroço em ambos os lados do Pacífico. A mídia estatal comemorou um triunfo antecipado contra as duras sanções dos EUA, enquanto um legislador americano pediu uma investigação sobre possíveis violações dessas restrições.
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Dispositivos estrangeiros, no entanto, há muito tempo são desencorajados em agências sensíveis, especialmente porque Pequim intensificou uma campanha nos últimos anos para reduzir a dependência da tecnologia dos EUA, o rival geopolítico da China.
Em 2022, Pequim ordenou que as agências do governo central e as corporações apoiadas pelo Estado substituíssem os computadores pessoais de marcas estrangeiras por alternativas nacionais em um prazo de dois anos, marcando um dos esforços mais agressivos para erradicar a tecnologia estrangeira de dentro de seus órgãos mais sensíveis.
O governo Biden, por sua vez, procurou limitar as exportações de equipamentos e semicondutores de ponta para a China. E a principal fabricante de chips da China, a Semiconductor Manufacturing International, está sob escrutínio por fornecer componentes para a Huawei, que os EUA colocaram na lista de empresas 'proibidas'.
Mesmo com o desgaste dos laços entre os EUA e a China, a Apple continua altamente dependente do país asiático - tanto como parceiro de fabricação quanto como mercado para seus produtos. O CEO Tim Cook celebrou essa relação durante uma viagem à China no início deste ano, chamando-a de "simbiótica".
A China também foi um dos destaques dos resultados da Apple no último trimestre, ajudando a compensar um período geralmente fraco. A empresa está se preparando para revelar seus iPhones mais recentes na próxima terça-feira, dia 12, preparando o terreno para um trimestre de férias que, invariavelmente, é seu maior período de vendas do ano.