Mais de 20 líderes da área de tecnologia e representantes da sociedade civil, incluindo CEOs de cinco das fez maiores empresas americanas, estiveram reunidos a portas fechadas nesta quarta-feira com senadores dos Estados Unidos. O objetivo era discutir a regulamentação da inteligência artificial (IA).
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O encontro, organizados pelo senador Chuck Schumer (Partido Democrata), reúne pessoas com visões divergentes sobre como estabelecer regras para a IA. Foram convidados os CEOs de Alphabet, Microsoft, Meta Platforms e OpenAI, assim como críticos do setor, para discutir possíveis barreiras para a IA, a fim de alcançar um equilíbrio entre os riscos e benefícios da tecnologia.
Os executivos presentes têm uma fortuna, somada, de US$ 550 bilhões.
Pela manhã houve pontos de discórdia, segundo fontes presentes. O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, o da OpenAI, Sam Altman, e o cofundador da Microsoft Bill Gates, por exemplo, discordaram sobre a pesquisa de IA em código aberto. Já o CEO da Tesla, Elon Musk, foi criticado pelo pesquisador de Berkeley Deb Raji por ter minimizado as preocupações com cargos autônomos, disseram fontes.
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Havia ainda conflitos pessoais. Musk, o homem mais rico do mundo, já propôs uma luta com Zuckerberg e usou o X (ex-Twitter) para criticar Gates por ter vendido ações da Tesla. No encontro, Musk e Zuckerberg ficaram nas pontas opostas da longa mesa que preenche toda a sala.
"Organizar os lugares à mesa foi mais difícil que em qualquer casamento", disse a CEO da startup Humane Intelligence, Rumman Chowdhury.
Segundo a executiva, Musk e Zuckerberg não trocaram uma palavra. Ainda assim, ela descreveu a reunião como produtiva.
O encontro é parte dos esforços de Schumer para que o Senado acelere um projeto de regulação para a IA. Ainda que a tecnologia possa beneficiar setores como saúde e logística, ela também apresenta riscos, como disseminar desinformação, aumentar vieses preconceituosos e eliminar empregos. Críticos apontam ainda o fato de os executivos das big techs terem muita influência nas tentativas de criar uma legislação.
Schumer convidou pessoalmente muitos dos participantes, segundo duas fontes. A Amazon foi chamada mas declinou do convite, disseram pessoas a par do assunto.
Ao se dirigir ao encontro, Altman, que tem se mostrado muito ativo nas discussões sobre regulação de IA, afirmou:
“Este é um momento importante, urgente e, de certa forma, inédito.”
Já Musk teria dito, durante a reunião, que a IA é uma faca de dois gumes, explicando aos senadores que a tecnologia pode ser extremamente benéfica, mas também trazendo riscos para a civilização, contou uma fonte.
Depois da reunião, ao deixar o Capitólio, Musk disse a repórteres que defende uma "estrutura regulatória" para a IA:
"Quando alguma coisa representa um perigo potencial para o público, é preciso haver alguma supervisão."
Tarefa 'enorme e complexa'
Ao iniciar o encontro, Schumer ressaltou a importância e o potencial da nova tecnologia:
“Hoje, damos início a uma tarefa enorme, complexa e vital: construir as bases para uma política bipartidária de IA que possa ser aprovada pelo Congresso.”
O senador completou:
“Esta será uma de nossas tarefas mais difíceis, porque a IA é muito complexa, vai impactar quase todas as áreas da vida, e evolui o tempo todo.”
Em comunicados e encontros na Casa Branca este ano, algumas das empresas reunidas nesta quarta-feira no Senado chegaram a sugerir a criação de uma agência do governo americano para regular a IA, além de exigências de transparência para conteúdo gerado pela tecnologia. Mas o foco era estabelecer regras para a forma como a IA é usada, não para o desenvolvimento da tecnologia.
Muitos dos participantes ressaltaram que os EUA precisam ter um papel de liderança no estabelecimento de uma governança global para a IA, e alguns citaram a preocupação com os avanços da China na tecnologia, segundo fontes. Em determinado momento, Schumer perguntou se o governo americano deveria ter um papel de fiscalização, e quase todas as mãos se levantaram, concordando, disseram essas fontes.
Além dos CEOs, participam do encontro líderes de organizações trabalhistas, como Liz Shuler, presidente da confederação sindical AFL-CIO, e da sociedade civil. Eles apontam os riscos da IA para trabalhadores, saúde mental e a própria democracia.