O avanço do 5G abriu uma nova era na indústria da tecnologia, acelerando o desenvolvimento de ferramentas inovadoras e impulsionando a demanda por especialistas na área. De acordo com a Brasscom, associação que reúne empresas de tecnologia da informação (TI), comunicação e tecnologias digitais, o setor vai demandar mais 797 mil profissionais entre 2021 e 2025.
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São 160 mil novas vagas por ano, um mar de oportunidade para quem está se formando ou pretende mudar de ramo. E, ao mesmo tempo, um gargalo de mão de obra que as empresas dos mais variados setores vêm enfrentando.
O presidente executivo da Brasscom, Affonso Nina, estima que as empresas em geral devem aumentar os investimentos em transformação digital em 20% a cada ano, daqui até 2026. O mercado de trabalho terá de acompanhar esse movimento, acentuado com a pandemia.
— As áreas de computação em nuvem, inteligência artificial e segurança da informação lideram a busca por talentos atualmente — afirma.
Na Amazon, foram criadas mais de 700 novas categorias de trabalho nos últimos dez anos. Os funcionários precisam passar por treinamentos regulares para aprender a operar novas ferramentas de tecnologia, na medida em que elas são incorporadas aos processos da empresa.
— A oportunidade de nos tornarmos líderes na economia digital depende de termos uma força de trabalho robusta e qualificada, por isso criamos esses programas — conta Thomas Kampel, chefe de Relações Públicas Corporativa da Amazon no Brasil.
Novo currículo
A gigante americana também mantém uma iniciativa chamada de AWS Academy, na qual estabelece parcerias com instituições de ensino para desenvolver e aprofundar os conhecimentos de estudantes interessados em carreiras no campo da tecnologia.
As novas possibilidades abertas pelo 5G
A AWS concede gratuitamente um currículo completo aos educadores para o ensino de computação em nuvem, capacitando os alunos nas competências mais demandadas pela indústria.
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Na TIM, os times de engenharia e implementação de rede estão sendo treinados constantemente para aprender a trabalhar com mudanças na infraestrutura de telefonia, explica o chefe de educação da operadora, Alan Kid.
A companhia criou um programa de aprendizagem para que todos os seus 10 mil funcionários adquiram conhecimento em áreas como computação em nuvem, inteligência artificial e internet das coisas.
Dentro desse mesmo programa, a empresa criou a TIM Data Academy, uma jornada de quatro meses com cursos, desafios e mentorias para estimular soluções baseadas em dados.
— A tecnologia de quinta geração, diferentemente de tudo o que já foi lançado, traz um ecossistema de inovação em que precisamos inserir a nossa equipe, reforçando as iniciativas de treinamento e atualizando competências — afirma Kido.
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A remuneração dos profissionais de tecnologia é atraente: varia de R$ 8 mil a R$ 24 mil, entre os cargos mais procurados, segundo o Guia Salarial 2023 da consultoria de recursos humanos Robert Half. Isso evidencia o descompasso entre a formação desses especialistas e a demanda das empresas. A renda média do brasileiro não chega a R$ 3 mil, segundo o IBGE.
Mudança de área
Diante desse cenário, a empresa de energia Subsea7 vem organizando cursos internos em parceria com o Sesi e o Senai para formar seus quadros. A companhia também trabalha com um programa de conversão, capacitando engenheiros de outras áreas para trabalhar com águas profundas, uma de suas áreas de atuação:
— Temos um robô submarino, operado de forma remota, que desce em áreas perigosas. Como faltam pessoas capacitadas para trabalhar com isso, porque é preciso ter movimentos finos e entender a tecnologia, estamos capacitando funcionários — conta a diretora executiva de RH da Subsea Alessandra Nogueira, que também é professora da Escola de Negócios da PUC/Rio.
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Douglas Nascimento Ferreira, de 32 anos, trabalhava como operador de convés na Subsea até 2023, quando entrou para o programa de trainee em operação de veículos subaquáticos operados remotamente (ROV). Em outubro, ele mudou de cargo para pilotar ROVs:
— Meu plano agora é continuar me capacitando para chegar a supervisor.
Para a especialista em governança corporativa Roberta Castro, ensinar os funcionários é conveniente porque as empresas têm a oportunidade de treiná-los de acordo com seus processos internos, o que permite um resultado melhor.
— Mas é necessário investir na permanência deles, com medidas de progressão profissional — diz.