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Dona de modelos emblemáticos no mercado de celulares, como o Startac e o V3, a Motorola, controlada pela chinesa Lenovo, vem ampliando o portfólio de produtos com inteligência artificial, e adicionando experiências olfativas dentro das caixas dos telefones para turbinar as vendas.

Mas, embora a marca tenha iniciado 2024 com participação recorde de mercado, Rodrigo Vidigal, presidente da empresa, diz que os juros altos e a carga tributária colocam o Brasil longe de seu potencial de consumo. Ele explica que, apesar de ter duas fábricas aqui, é mais fácil exportar para a América do Sul a partir da China. “O custo de produzir no Brasil inviabiliza”, lamenta.

Qual é a estratégia da companhia hoje?

Nossa linha mais importante é a família Moto G, na categoria intermediária. Temos no Brasil o segundo lugar em volume de vendas, com 34,2% de mercado, nosso recorde. Recentemente, voltamos para o segmento premium com a família Edge e, no ano passado, com o dobrável com a Razr.

Estamos trabalhando em telefone wearable, que veste o pulso da pessoa e reconhece a cor da roupa do usuário, por exemplo, e muda até de tom para fazer a combinação. Os formatos vão evoluir. O consumidor quer um telefone leve, mais fino, pequeno, sem borda e com a maior tela possível. Temos buscado parcerias, como com a Pantone, para ter a cor do ano, e com a Firmenich, com uma fragrância na caixa. A ideia é criar uma experiência.

E qual é a importância do Brasil para a Motorola?

O Brasil está entre os três maiores mercados para a companhia, depois de Índia e Estados Unidos. Estamos no mundo todo, exceto na China, onde é usada a marca Lenovo. Quando a gente fala em América Latina, o Brasil equivale a 50% do resultado. São 8 mil empregos diretos e indiretos.

Hoje, 100% do que a Motorola vende no Brasil são produzidos nas fábricas de Jaguariúna e Manaus, que têm linhas completas de produção, onde são montadas as placas dos telefones com diversos componentes. Há três anos, uma placa de celular tinha 50 componentes e hoje tem 300.

E essas fábricas exportam?

Não exportamos por uma questão tributária. O Custo Brasil é muito elevado. Mesmo para a América Latina fica mais barato a gente trazer o mesmo produto de uma fábrica da China do que de uma aqui do Brasil, que fica do lado, pois o custo de produzir no Brasil inviabiliza a exportação.

O que poderia melhorar esse Custo Brasil?

A parte tributária é muito complexa. Tem uma gradação de impostos que varia de estado para estado, o que adiciona complexidade na operação para a indústria e o varejo. O caminho que o governo está buscando é evitar perda de arrecadação e que seja um processo tão complexo como é hoje.

Tem muito espaço para evoluir nesse sentido. Se a gente conseguir caminhos para viabilizar a retomada dessas exportações, a gente vai conseguir trazer um crescimento industrial para o Brasil grande, como tivemos no passado. O potencial é muito grande.

E a Reforma Tributária pode ajudar nesse sentido?

O sistema tributário é o principal entrave para viabilizar a exportação. A gente não consegue competir. E ao mesmo tempo as fábricas da China também ganharam muito em escala, capacidade de produção e redução de custos. A fábrica no Brasil é tão competitiva ou muito próxima em relação às melhores fábricas chinesas.

A gente não fica muito atrás. Talvez a gente perca um pouco porque as leis trabalhistas na China são diferentes das do Brasil. Mas se a gente colocar tudo na mesma base de comparação, a gente é tão produtivo quanto uma fábrica chinesa.

O mercado de smartphones retraiu no país nos últimos anos. Quais os desafios?

Os juros dificultam a operação porque limitam o crédito ao consumidor final. O varejo hoje tem muita dificuldade de fazer o parcelamento sem juros, pois o cliente está inadimplente e ainda não terminou de pagar a conta passada. O juro alto é o principal inibidor do consumo e dificulta também o próprio varejo.

Como a empresa atua para driblar essa dificuldade?

Em 2013, o primeiro Moto G foi lançado a R$ 799. Em 2024, sai entre R$ 799 e R$ 899. É um produto cem vezes mais avançado em tecnologia e com o mesmo patamar de preço, independentemente da inflação nos últimos dez anos. Então, a indústria como um todo está buscando encontrar soluções para trazer produtos competitivos.

O 5G ajuda a elevar as vendas?

O 5G é um ponto base e não é um diferencial tão representativo na decisão de compra. O consumidor quer performance, memória, bateria e câmera. Ao longo do ano, todo o nosso portfólio será 5G. Hoje temos dois modelos que não são 5G. O consumidor sabe que, mais cedo ou mais tarde, ele vai utilizar alguma solução 5G, mesmo que hoje não perceba tão claramente qual é a vantagem.

Muito se fala em IA generativa nos celulares. O que a empresa está fazendo?

Estamos usando a IA para melhorar a experiência. Há, por exemplo, um resumo de texto que funciona sem a necessidade de o aparelho estar conectado com a internet. Ao pegar um texto, a solução consegue fazer um resumo do conteúdo em mensagens-chave. Você pode pegar um documento danificado e o sistema recupera a imagem por completo. Mas a IA não será só nos flagships, mas em todo o portfólio. A preocupação é democratizar a tecnologia.

Quando a IA vai ganhar popularidade?

A ideia da inteligência artificial é facilitar a vida das pessoas e evitar tarefas rotineiras, com ganho de produtividade. Está aí para isso, né? Mas não há uma data para isso acontecer, pois os projetos vão evoluindo. Será uma evolução natural. Temos uma área de pesquisa e desenvolvimento em Jaguariúna. Foram investidos mais de R$ 2,4 bilhões nos últimos dez anos. São mais de 1,2 mil engenheiros no país.

Há projeto de nova fábrica ou expansão?

Estamos sempre avaliando. Hoje a nossa preocupação é com a sustentabilidade, com produção de lixo zero. Aumentamos a produção de embalagens recicláveis e reduzimos o uso de plástico. Estamos olhando o mercado livre de energia e o investimento em geração solar própria. São temas que ajudam também na redução de custos e não somente na sustentabilidade. Isso ajuda a trazer produtos cada vez mais competitivos.

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