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Por — Barcelona

O setor de telecomunicações atravessa 2024 cercado de desafios em meio ao avanço do 5G e da inteligência artificial. Mas Mats Granryd, diretor-geral da GMSA, a associação internacional que representa 750 operadoras de telefonia móvel de 220 países, admite que, com as receitas das empresas estagnadas ou em declínio por anos, os investimentos não estão garantidos.

Em entrevista exclusiva ao GLOBO, ele cobra maior participação das empresas de tecnologia no desenvolvimento de rede para suportar o crescimento exponencial de dados.

"As empresas de telefonia não são mais as únicas nem os principais atores no ecossistema de conectividade. Uma participação justa das empresas de tecnologia seria um reflexo dessas mudanças. As 'big techs' geram grandes e crescentes volumes de tráfego em redes móveis e se beneficiam financeiramente disso".

Ele admite ainda que as próprias teles precisam desenvolver aplicações para rentabilizar as redes de quinta geração. Os temas vão estar no centro dos debates ao longo desta semana no Mobile World Congress, maior evento do setor do mundo, em Barcelona.

Apesar do avanço da conectividade com o avanço do 5G, vemos um número elevado de pessoas sem acesso à rede. Como resolver isso?

No caso da América Latina, há 230 milhões de pessoas que permanecem desconectadas, das quais 190 milhões não acessam a internet, apesar de viverem em áreas com cobertura de rede de internet móvel. É um problema global, mas afeta mais os países de baixa e média renda, as áreas rurais e as mulheres. Em países como o Brasil, encargos fiscais excessivos no setor móvel contribuem significativamente para custos elevados de serviços e aparelhos para os usuários finais.

Outras barreiras incluem déficits de alfabetização digital, falta de conteúdo relevante e preocupações com a segurança on-line. Temos que pensar em parcerias público-privadas para a implantação da rede. Os fundos de serviço universal demonstraram eficácia limitada na condução de um progresso substancial na inclusão digital. Repensar o design desses fundos, em particular sua base de contribuição e taxas de execução, é fundamental.

Um dos embates principais do setor hoje é a falta de investimento em infraestrutura por parte das empresas de internet, como Google e Meta, entre outras. É possível pensar em uma solução conjunta?

As 'big techs' geram grandes e crescentes volumes de tráfego em redes móveis e se beneficiam financeiramente disso. Elas devem fazer uma contribuição justa para o investimento em rede. A infraestrutura digital é a pedra de construção do futuro digital. Isso porque o aumento do tráfego da internet, a construção de redes 5G e além exigirão investimentos maciços. Mas, com as receitas de empresas de telecomunicações estagnadas ou em declínio por anos, os investimentos não estão garantidos.

Por outro lado, um pequeno número de grandes empresas desenvolve de forma lucrativa seus modelos de negócios sem fazer parte dos esforços para fortalecer as redes nas quais seus serviços dependem. Os tempos mudaram enormemente desde que as primeiras redes móveis foram implantadas. As empresas de telefonia não são mais as únicas nem os principais atores no ecossistema de conectividade. Uma participação justa das empresas de tecnologia seria um reflexo dessas mudanças. Os governos de todo o mundo estão abrindo as portas para esse debate. Os desafios do futuro não podem ser abordados com as regras do passado.

E que iniciativas a GSMA tem apresentado nesse debate?

A discussão está acontecendo em diversos países. Diferentes mercados podem exigir soluções diferentes, mas, em geral, não se trata de impor novos impostos, e sim de permitir acordos comerciais entre grandes geradores de tráfego e provedores de rede. A União Europeia fez uma publicação recente sobre as potenciais iniciativas para fechar a lacuna de investimento em rede na Europa, com mecanismos alternativos de financiamento, consolidação de mercado e abordagens revisadas no espectro.

Na América Latina, operadores da região emitiram recentemente uma declaração pedindo esquemas flexíveis nos quais todos os participantes do ecossistema digital possam contribuir equitativamente para a implantação da infraestrutura digital. Como em muitos outros assuntos, o Brasil é quem lidera o debate, e o resultado terá um impacto significativo na região. A GSMA está atualmente trabalhando em colaboração com os operadores na resposta à segunda consulta pública aberta da Anatel sobre o assunto.

Enquanto isso, mesmo em um cenário desafiador, as teles vêm construindo redes 5G...

No Brasil, todos as principais operadores implantaram o 5G SA (standalone, que permite velocidade até 20 vezes maior em relação ao 4G atual, em média). Um desafio para as redes standalone é gerar demanda suficiente. As operadoras móveis estão cientes da necessidade de desenvolver mais aplicações que aproveitem os recursos exclusivos do 5G e justifiquem os investimentos. A elaboração desses casos de uso requer colaborações entre academia e outras empresas. Soluções 5G implementadas em ambientes agrícolas, operações de mineração e portos exemplificam iniciativas que reforçarão o caso da implantação do 5G SA.

Como a inteligência artificial (IA) ajudará a expandir o 5G e a desenvolver novos serviços para consumidores e empresas?

Grande parte do trabalho inicial em IA se concentrou no uso da tecnologia para melhorar o atendimento ao cliente e apoiar as atividades de vendas. Também pode suportar interações mais personalizadas. Ao usar a IA para otimizar e automatizar redes, as operadoras móveis também podem fornecer melhores serviços e permitir que mais pessoas se conectem. Embora haja um claro potencial para colher benefícios com a aplicação da IA generativa, as preocupações éticas em torno da tecnologia ainda precisam ser abordadas. A indústria móvel está comprometida com o uso ético da IA em suas operações e interações com os clientes.

Como o 5G, a IA e, futuramente, o 6G vão mudar a oferta de conteúdo em games, entretenimento e esportes?

A tecnologia continua a inspirar todos os aspectos do esporte e do entretenimento, criando experiências aprimoradas em eventos ao vivo e em casa. De acordo com a Ericsson, os locais esportivos estão vendo um crescimento de 67% no uso de dados ano após ano. Esse aumento apresenta uma oportunidade de mercado substancial para o ecossistema móvel introduzir maneiras inovadoras de aumentar a experiência de visualização e incentivar o envolvimento dos torcedores. Realidade estendida imersiva, jogos de realidade aumentada que permitem que os espectadores testemunhem a ação de vários ângulos e estatísticas em tempo real estão entre os casos de uso nos estádios.

No entretenimento, as soluções 5G estão sendo usadas para remover restrições de localização e fornecer apresentações de teatro imersivas e de alta definição via streaming e realizar transmissão externa a custos muito mais baixos. Os jogos on-line são outra grande tendência em ascensão no mundo, criando experiência de jogo perfeita e sem atrasos com a baixa latência (tempo de resposta) da rede.

* O repórter viajou a convite da Intel

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