Fundo 'secreto' de US$ 70 bi é a estratégia chinesa para financiar chips de última geração, entenda

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Os recursos serão administrados pelo National Integrated Circuit Industry Investment Fund, órgão estatal conhecido no país como “O Grande Fundo”, mas que opera de forma quase secreta - há poucas informações sobre os seus financiamentos e as empresas que apoia.

Criado em 2014, este órgão teve duas iniciativas anteriores e já liberou US$ 45 bilhões em recursos. O primeiro veículo de investimentos do Grande Fundo se tornou acionista de 74 empresas e startups, segundo levantamento da consultoria de dados corporativos Tianyancha. A segunda etapa do projeto, de 2019, levantou US$ 27 bilhões e detém participações em 48 empresas locais de chips.

A nova rodada de financiamento vai levantar recursos junto a um pool que reúne principalmente dinheiro de governos regionais e empresas estatais, com apenas uma pequena fração do valor vindo da administração central. E será diretamente supervisionada pelo Ministério de Tecnologia do país. Se bem sucedida, fará do Grande Fundo um órgão com mais de US$ 70 bilhões em financiamentos.

O objetivo é garantir o progresso chinês em tecnologias consideradas críticas, como inteligência artificial. Pequim busca reduzir a dependência de tecnologias estrangeiras, num momento em que os EUA começam a levantar barreiras à exportação para a China de itens tecnológicos de ponta. A Huawei, gigante chinesa de telecomunicações, e sua parceira local de chips SMIC ainda precisaram de componentes de origem americana para fabricar um novo processador mais potente no ano passado.

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O novo impulso de Pequim para a autossuficiência ocorre enquanto os EUA instam aliados, incluindo Holanda, Alemanha, Coreia do Sul e Japão, a restringir ainda mais o acesso da China à tecnologia de semicondutores e preencher lacunas nos controles atuais de exportação americana.

Assim, o “Grande Fundo” ganha dimensões estratégicas para a China, sobretudo após o presidente XI Jinping ter estabelecido sua política de uma “nação única” para o desenvolvimento da economia, visando a autossuficiência em recursos críticos.

Os governos de Xangai e outras cidades, o a firma de investimentos Chengtong e a empresa de geração de energia State Development estão entre os financiadores desta nova etapa do “Grande Fundo”, segundo fontes a par da iniciativa.

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O “Grande Fundo” é a principal fonte de suporte financeiro para produtores chineses de semicondutores. Ele já levantou US$ 45 bilhões em suas duas etapas iniciais e apoiou campeões nacionais de produção de chips, como a SMIC e Yangtze Memory Technologies.

A SMIC é a principal fabricante de chips da Huawei. Ela desenvolveu com sucesso um processador de 7 nanômetros para o Mate 60 Pro em 2023, uma façanha que os EUA pensavam estar além do alcance da China.

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Desde sua criação, em 2014, as operações do “Grande Fundo” são feitas sem muita transparência sobre que empresas ele apoia. Mas, ainda assim, as companhias que recebem seu suporte são consideradas como tendo o endosso formal de Pequim – o que ajuda a abrir as portas para outros potenciais investidores e angariar apoio político.

Os padrões de governança do “Grande Fundo” são opacos e, em 2022, uma investigação anticorrupção levou à queda de seu chefe anterior e de vários outros funcionários. O órgão então reduziu um pouco seu ímpeto até que, no ano passado, investiu US$ 1,39 bilhão na fabricante de chips Changxin Xinqiao Memory Technologies.