Tecnologia
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Por Bloomberg

Os funcionários que retornam aos escritórios tem procurado novos espaços silenciosos para fazer chamadas ou pelo menos obter um pouco de tranquilidade - no estilo das antigas cabines telefônicas, com soluções antirruído. Agora, uma fabricante dessas cabines está testando sensores que podem rastrear os níveis de estresse dos trabalhadores para ajudar as empresas a detectar a angústia dos funcionários.

Com clientes como Nvidia, Microsoft e Unilever, a Framery Oy da Finlândia é uma das maiores vendedoras mundiais de cabines de privacidade - uma peça fundamental nos escritórios pós-pandemia e um dos segmentos de crescimento mais rápido do mercado de móveis para escritórios.

Monitoramento da frequência cardíaca e respiratória

Os engenheiros da Framery encontraram uma maneira de incorporar sensores nos assentos das cabines que monitoram os sinais vitais - frequência cardíaca e respiratória - daqueles que se sentam dentro, para detectar se, por exemplo, os vendedores estão ficando estressados.

Fabricante vende cabines de privacidade para escritórios — Foto: Divulgação/Framery Oy
Fabricante vende cabines de privacidade para escritórios — Foto: Divulgação/Framery Oy

O serviço ainda não está pronto para ser oferecido aos clientes, mas com o esgotamento sendo comum nas organizações, o CEO da Framery, Samu Hällfors, está convencido de que está no caminho certo.

"A ideia de ter um sinal de alerta precoce sobre o sentimento de uma organização é bastante interessante", disse Hällfors, que co-fundou a Framery em 2010. "As organizações realizam pesquisas de engajamento dos funcionários apenas duas vezes por ano. E se pudéssemos lhe dar um aviso antecipado?", questiona.

Risco ético

Mas a tecnologia levanta questões sobre a coleta de informações médicas dos funcionários, potencialmente sem o consentimento deles e sem uma conexão clara com seu papel. Hällfors disse estar ciente dessas preocupações e garante que os dados são anonimizados e não serão identificados individualmente.

No entanto, especialistas em privacidade e ética afirmam que não há garantia de que os clientes da Framery não tentarão fazer isso. Qualquer rastreamento desse tipo pode entrar em conflito com leis de privacidade da saúde, algumas delas recentemente aprovadas ou fortalecidas à medida que os estados lidam com as consequências da decisão da Suprema Corte dos EUA em 2022 de revogar a decisão Roe v. Wade, que havia garantido o direito ao aborto às mulheres.

"Uma coisa é compartilhar sua frequência cardíaca com seu médico, outra é que essa informação seja conhecida pelo seu local de trabalho", disse Kirsten Martin, professora de ética da tecnologia na Universidade de Notre Dame. "Não vejo como isso não acabará chegando ao nível individual."

Ann Skeet, diretora sênior de ética de liderança no Markkula Center for Applied Ethics da Universidade de Santa Clara, concordou: "Eu desconfio muito de qualquer promessa de que podem proteger dados. Quem garante que não haverá um ator mal-intencionado? O objetivo pode parecer razoável, mas há consequências não intencionais."

A Framery nem mesmo tem certeza se pode superar tais obstáculos. "Ainda não decidimos se oferecemos isso aos nossos clientes", disse Hällfors, devido à "questão da privacidade. Há muito que não entendemos."

O projeto da Framery surge à medida que estados como Illinois e Washington promulgaram leis de privacidade da saúde mais abrangentes, buscando fechar brechas que permitem a organizações não relacionadas à saúde (ou hackers) coletar ou vender informações individuais.

Mais legislação semelhante está a caminho, segundo Steven Stransky, sócio e copresidente do grupo de prática de privacidade e cibersegurança do escritório de advocacia Thompson Hine. Isso pode dificultar a venda dos monitores da Framery, se eles escolherem fazê-lo.

Para Hällfors, o objetivo era encontrar uma maneira de as organizações detectarem o aumento do estresse entre seus funcionários antes que isso se manifestasse em esgotamento ou renúncia. Funcionários insatisfeitos custaram às empresas americanas cerca de US$ 1,9 trilhão em produtividade perdida no ano passado, segundo a Gallup, e nos últimos anos os empregadores tem buscado novos serviços que prometem uma visão do bem-estar dos trabalhadores.

A Culture Amp, cujo software ajuda empresas como Salesforce e McDonald's a rastrear o sentimento dos funcionários, foi avaliada em mais de US$ 1 bilhão, enquanto empresas semelhantes como Glint e Peakon foram adquiridas nos últimos anos pela unidade LinkedIn da Microsoft e pela Workday, respectivamente.

Entenda como funcionam os sensores

A Framery Labs, um laboratório interno da empresa que idealiza novos projetos, primeiro pensou em rastrear quanto os funcionários riem durante reuniões, mas depois decidiu ir além e inserir folhas sensíveis ao toque no assento da cabine. As folhas de pressão funcionam como uma camada sensível a pressão em dispositivos táteis.

Sensores na folha capturam o sangue bombeando pelos vasos sanguíneos nas nádegas quando as pessoas se sentam nas cabines, e a Framery construiu um algoritmo para converter e analisar essas leituras de pulso para descobrir variações que poderiam indicar se as pessoas estão ficando mais ou menos agitadas.

A Framery testou os sensores entre alguns de seus próprios funcionários no ano passado, colocando grandes adesivos nas cabines para alertar os funcionários, e descobriu que os níveis de estresse em sua equipe financeira aumentaram no final do trimestre, depois voltaram ao normal após o fechamento do trimestre.

Tomi Nokelainen, chefe da Framery Labs, disse que não ouviu "um sussurro" sobre preocupações com privacidade dos funcionários durante o teste: "Eles estavam bastante interessados em ver os resultados", afirma.

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