SpaceX lança a nave Starship: o que deu certo e errado no voo do foguete mais poderoso de todos os tempos

• ‘Chuva’ de concreto e plataforma arrasada: veja rastro de destruição no primeiro lançamento do Starship, da SpaceX
• Leia também: Entenda por que o foguete da SpaceX de Elon Musk é o mais poderoso já construído

O sucesso apontado pela empresa leva em conta a perda de contato com a espaçonave no final do voo. Isso porque o veículo que decolou da plataforma de lançamento em Boca Chica, Texas, Estados Unidos era um protótipo não projetado para reentrar na Terra. Entenda o que deu certo e o que deu errado no terceiro voo do Starship:

O cronograma e perfil de voo divulgados pela empresa para o terceiro teste eram mais ousados do que os dois primeiros testes. A empresa queria repetir a queima bem-sucedida de ascensão de ambos os estágios, fazer a abertura e fechamento da porta de carga da Starship, uma demonstração de transferência de propelente durante a fase de cruzeiro do estágio superior e o primeiro religamento de um motor Raptor no espaço e uma reentrada controlada da Starship.

A subida foi concluída com sucesso, com os 33 motores raptor do Super Heavy (propulsor) ligados sem nenhuma falha registrada. Os dois estágios se separaram cerca de 2 minutos e 45 segundos após a decolagem, impulsionando o estágio superior, com 50 metros de altura, para o espaço enquanto o Super Heavy começava os preparativos para uma queima de retorno para redirecionar sua trajetória.

O Starship continuou voando após a separação, alcançou velocidade orbital, mas não tentou entrar em uma órbita completa. O veículo entrou em uma fase de voo suborbital enquanto sobrevoava a Terra, momento em que a SpaceX demonstrou com sucesso dois dos sistemas de voo para a qualificação do veículo: a transferência de combustível criogênico entre tanques — algo nunca feito antes com um veículo desse tamanho — e a abertura e fechamento da porta do porão de cargas.

Após religar os motores para retornar ao Golfo do México, o Super Heavy enfrentou instabilidade nas superfícies aerodinâmicas ao tentar direcionar sua rota para o local onde o propulsor cairia. Essa queima pós-separação reverteu a velocidade do Super Heavy e pretendia ser seguida minutos depois por uma queima de pouso acima do Golfo do México. No entanto, os motores não foram religados conforme o planejado, levando à perda do propulsor.

Já no segundo estágio, a SpaceX havia planejado religar um motor Raptor no espaço para demostrar uma reentrada controlada do Starship. A tecnologia é essencial para a segurança de voo e de quem está na Terra, já que os motores precisam funcionar para reduzir a velocidade do veículo que vai fazer a reentrada na atmosfera.

Foi por conta desse teste que o veículo voou em uma nova trajetória, com o Starship mirando o pouso no Oceano Índico. Mas, por alguma razão não divulgada, a empresa desistiu de fazer esse teste.

Ao iniciar a reentrada, o veículo resistiu parcialmente ao calor e plasma gerado pelo atrito da espaçonave com a atmosfera. A empresa conseguiu transmitir boa parte do processo — cenas nunca vistas antes — mas na fase final de aproximação com o oceano, a SpaceX perdeu contato com a nave, indicando que ela não sobreviveu ao calor da reentrada.

A nave é a aposta da SpaceX, com um veículo totalmente reutilizável, enorme capacidade de carga e que deverá pousar astronautas na Lua, através do programa Artemis, da Nasa, e futuramente em Marte. O contrato com a agência espacial americana prevê uma versão do veículo capaz de alunissar ainda em meados desta década.

Para a empresa, o primeiro teste foi considerado um sucesso por não ter destruído completamente a área de lançamento. Mas, o foguete não conseguiu ultrapassar a fase de separação dos dois estágios após apresentar diversas falhas.

Seis dos 33 motores Raptor do booster Super Heavy falharam antes e durante a decolagem, além de vazamentos de combustível que provocaram incêndios no compartimento dos motores. O veículo perdeu o controle pouco mais de dois minutos após o início do voo, em uma altitude de cerca de 39 quilômetros.

Após o acionamento do Sistema de Terminação de Voo, o foguete se desintegrou em uma bola de fogo. Os destroços caíram sobre o Golfo do México, enquanto uma nuvem de poeira flutuava sobre um pequeno povoado a vários quilômetros de distância.