Chips de IA: entenda como novo processador do Google acirra competição no setor e atinge Nvidia

• IA para trabalho: Google lança o Vids, gerador de vídeos com IA, e anuncia novos recursos no Meet e Gmail
• Herói na web: Saiba quem é engenheiro que evitou um possível ciberataque global

Na prática, o Axiom vai ajudar o Google a processar enormes quantidades de dados envolvidos no treinamento de modelos de inteligência artificial, em um momento de demanda aquecida por chips que trabalham com esse mesmo objetivo. Embora o Google já opere com processadores próprios desde 2015, essa é a primeira vez que a companhia aposta em chips específicos para data centers de IA.

• Por trás dos chatbots: Como as gigantes de tecnologia usam atalhos para coletar dados para a IA

O lançamento, feito durante o Google Cloud Next 24', escancara uma corrida paralela do Vale do Silício que envolve a inteligência artificial: a necessidade de obter infraestrutura crítica, com semicondutores e processadores, para rodar dados e grandes modelos de linguagem (LLMs) que alimentam essas ferramentas.

A busca por chips é um dos aspectos que explica a ascensão meteórica da fabricante Nvidia, avaliada em US$ 2 trilhões - e também motivo pelo qual o anúncio do Google pode acirrar a competição nesse campo.

Em entrevista coletiva durante o Next '24, o CEO do Google Cloud defendeu que o desenvolvimento de chips próprios de IA tem o objetivo de complementar a oferta de serviços da companhia e ser mais uma opção entre aquelas disponíveis no mercado. Ele também reforçou que a empresa continua avançando em lançamentos conjuntos com a Intel e Nvidia.

— Ao longo dos anos, percebemos que precisamos de muitos tipos diferentes de sistemas aceleradores — respondeu o CEO ao GLOBO. — O fato de trabalharmos com nossos próprios sistemas não significa estamos competindo. Na verdade, eles (Nvidia) são parceiros muito próximos.

O Axiom, por si só, não estará à venda. Os serviços que utilizam o chip, porém, serão disponibilizados aos clientes do Google Cloud até o fim deste ano. Principais concorrentes do Google no setor de cloud, Microsoft e Amazon já tinham seguido pelo mesmo caminho - as duas empresas usam, inclusive, a mesma arquitetura do Axiom, chamada de ARM.

• Musk: Modelos de IA serão 'mais inteligentes que qualquer humano' até o fim do ano que vem

O Google evita escancarar a concorrência que o lançamento pode trazer com parceiros como Intel e Nvidia . Em termos práticos, no entanto, o Axiom acirra a corrida pela IA no mercado de chips, avalia Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação:

— Indiretamente, o que acontece é que o Google vai acabar vendendo o chip na forma de serviço. — resume Igreja.

Além do Axiom, o Google anunciou no mesmo dia o lançamento geral do TPU v5p, processador de quinta geração que vai ajudar clientes "a treinar e implementar modelos de linguagem de ponta", indicou o CEO Sundar Pichai, na abertura do Google Cloud Next 24'. Ele acrescentou que os investimentos colocam a companhia "na vanguarda da mudança para plataformas de IA".

— Existe uma questão de ter uma vantagem competitiva e de garantir suprimento. A Apple é um exemplo disso. Ela era parceira da Intel até que começou a produzir os seus próprios chips. A corrida não é só de quem tem os melhores modelos e melhores aplicações, mas também de quem tem o melhor chip — acrescenta Arthur Igreja.

• Wall Street Journal alerta: Sistemas de IA enfrentam escassez de informações de qualidade para treinar seus robôs

O anúncio do Google aconteceu no mesmo dia em que a Intel apresentou também seu novo processador para IA, o Gaudi 3, competidor direto do H100, chip que foi um dos grandes responsáveis pela explosão de valor da Nvidia - as ações da empresa acumulam valorizam de mais de 200% nos últimos doze meses.

Com as duas notícias, as ações da Nvidia caíram mais de 2% nesta terça-feira, enquanto os papéis da Alphabet (controladora do Google) subiram 1,28% e os da Intel avançaram 0,92%.

*A jornalista viajou a convite do Google Cloud