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Quando assumiu o comando do Universal Music Publishing Group (UMPG) — a editora da maior gravadora do mundo, com mais de cem mil obras no Brasil —, Jody Gerson não fazia ideia de que “grande parte de sua atuação” seria garantir remuneração justa pelo uso e veiculação de música em plataformas digitais, tema hoje debatido globalmente por produtores de conteúdo de diversas áreas.

Em maio, a companhia fechou acordo com o TikTok, após três meses com seus artistas (de Taylor Swift a Jão) fora da rede social. Os novos termos melhoraram a remuneração dos nomes da UMPG e incluíram proteção sobre o uso de inteligência artificial generativa. “Pouquíssimas dessas plataformas de tecnologia querem pagar por música. Então, temos de brigar por isso”, diz.

Aos 63 anos e na capital carioca pela primeira vez para participar do Rio2C, evento do setor criativo que começa hoje e no qual ela fala amanhã, Jody frisa a importância de haver lideranças femininas: impulsionar outras mulheres.

O que vem puxando a expansão de receita da UMPG?

Quando cheguei, era uma companhia muito bem-sucedida, mas num ranking de editoras de música era quarta ou quinta. O melhor da companhia era sua gestão global, que não era necessariamente focada em artistas, talentos ou mesmo na música. O meu trabalho foi botar a música de volta à porta da frente, e os investimentos em grandes talentos.

Esses grandes talentos que temos em todo o mundo estão puxando a nossa receita. Música é nosso motor. Assinamos muitos contratos, trouxemos artistas de volta. Mas a editora é um negócio de centavos. Então essa gestão global tem de se assegurar de estar recebendo cada centavo a que tem direito em todo o mundo.

Estamos expandindo nosso negócio com uma combinação de ótima música, investimento e desenvolvimento de grandes talentos, além de ter os melhores acordos digitais e garantir que música é valor.

Foi difícil fechar um acordo com a rede social TikTok?

O desafio é garantir que a música tenha um valor. O desafio é que certas plataformas como o TikTok são vistas pelos artistas como veículos promocionais. Promoção é algo perigoso, porque só promoção significa que é grátis. Não acho que seja assim.

Toda plataforma construída com base na obra de compositores e artistas precisa pagar pelo valor que aquela música lhe dá. E, na medida em que essas plataformas vão construindo suas receitas e base de assinantes, os acordos que fecham com os grupos de música e os compositores devem ser aprimorados.

Nenhuma ou pouquíssimas dessas plataformas de tecnologia querem pagar por música. Então, temos de brigar por isso.

Acordos da Universal puxam o resto da indústria?

Quando eu comecei na UMPG, não tinha ideia de que grande parte da minha atuação seria defender a remuneração justa. E é disso que se trata. Quanto maior a participação de mercado, mais força temos. Temos de conseguir negociar os melhores acordos. E, todo acordo que fechamos, espero que funcione para melhorar acordos para outras companhias.

Com o TikTok, fizemos a coisa certa ao brigar por um valor justo. Conseguimos um bom acordo, proteger e ter melhores termos em relação à inteligência artificial, o que foi importante. Conseguimos jogar luz sobre esses temas e proteger nossos compositores da melhor forma possível. Ao olharmos, por exemplo, para o Spotify, o pagamento por música é muito, muito pequeno.

Então, a forma como gosto de ver isso é que, quando comprávamos o produto físico, disco, CD, fita cassete, pagávamos uma boa quantia de dinheiro, como US$ 10. Não importava quantas vezes você ouvisse aquele álbum, o valor seria sempre US$ 10. O positivo sobre o Spotify, Apple ou outro é que a cada vez que se ouve a música ela é paga. Existe oportunidade. E tento ser otimista.

A indústria de publicidade está se recuperando?

Sim, as marcas estão gastando dinheiro novamente. Onde vejo um grande aumento é realmente no negócio de filmes e TV. Eles se tornaram negócios de volume. Mas acho que os anunciantes continuam querendo se conectar. Um ponto são os grandes direitos autorais, de canções conhecidas em todo o mundo. As marcas estão interessadas em se conectarem com essas canções. E a música puxa a cultura, por isso, acho que é uma oportunidade.

A IA mudou o jogo?

É o problema mais importante que enfrentamos hoje. A IA como ferramenta para impulsionar a produção de música é uma coisa boa. Está aí. Não acredito que vai substituir a emoção que uma pessoa recebe do trabalho de um artista.

E quando o trabalho de compositor ou artista está sendo usado para treinar IA? É muito complicado. Mas acredito que vamos chegar ao ponto em que os compositores e artistas serão compensados de alguma forma. Porém, é o próximo grande problema com o qual lidaremos.

Há negociações com empresas de IA generativa, como a OpenAI?

É uma negociação em curso em todo o mundo. E é importante, não é fácil. Mas é algo da máxima importância para nós, está na frente de toda conversa com toda plataforma com a qual estamos negociando. Segurança fez parte das nossas negociações com o TikTok. Nosso lado da negociação é baseado em música. Mas conseguimos equacionar os problemas de segurança.

É difícil ser uma mulher no comando da companhia?

Venho para mostrar apoio a Adriana (Ramos, à frente da UMPG Brasil desde o fim de março), que acho que é muito importante. Também há uma mulher, Alexandra Lioutikoff, como head para América Latina. Os valores femininos que eu trago para liderar uma companhia tornam a empresa melhor. Para mim, a resposta é que mulheres apoiem mulheres. O que posso fazer é dar o exemplo.

Quando assumi esse cargo, fiz isso como mãe de três. Toda minha vida, trabalhei para homens que tinham mulheres que cuidavam de suas casas. Eu não tinha uma mulher. Era divorciada quando assumi o cargo, mãe solteira de três crianças. E era também o que eu queria trazer para a companhia.

Minhas crianças me interrompiam no trabalho enquanto estavam crescendo. E o que foi importante para a empresa? Cada pai e mãe trabalhando lá tem o mesmo benefício que eu tive, de ver um jogo ou a apresentação de dança de suas crianças.

A falta de apoio tira mulheres da força de trabalho...

Isso é muito sério. É importante para as mulheres contarmos nossas histórias umas às outras. A minha é sobre achar que lealdade e fazer um bom trabalho iriam me render um tapinha nas costas acompanhado da frase: “Sua vez de comandar a empresa.”

Não é assim que funciona, mas foi como fomos criadas. Teremos de empurrar umas as outras para novas posições, dizer que podemos fazer isso e contar com o suporte que os homens deram uns aos outros. É uma boa lição para nós.

Outra é que é transacional. Não temos de ser amigas de outras mulheres para ajudá-las. Temos de criar um círculo de mulheres de todas as indústrias em que possamos confiar, a quem pedir favores, conselhos.

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