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Por — São Paulo

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 27/07/2024 - 17:34

Plano federal prevê supercomputador de IA em Petrópolis para impulsionar pesquisa e inovação no Brasil.

Plano federal de IA prevê supercomputador em parceria com empresas em Petrópolis. Objetivo é suprir demanda de pesquisa no Brasil e incentivar inovação. Valor do investimento ainda não foi anunciado. Projeto faz parte de plano para a área que também busca formar recursos humanos e conter fuga de cérebros no setor.

O novo plano nacional do Brasil para estimular a pesquisa em inteligência artificial, a ser anunciado pelo presidente Lula na próxima terça-feira, prevê a montagem de um supercomputador para atender a demanda de pesquisa na área.

A informação foi confirmada ao GLOBO pelo físico Sergio Rezende, secretário-geral da Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), evento que o governo criou para formular políticas para o setor e levantar projetos para os próximos anos. Ele foi ministro de Ciência e Tecnologia entre 2005 e 2010.

— Algumas aplicações da inteligência artificial precisam de uma capacidade de processamento que o Brasil não tem — diz o cientista. — Precisamos de um supercomputador moderno.

Rezende afirma que a nova máquina deverá funcionar no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis, e operar em um modelo aberto a parcerias similar ao do Sirius, acelerador de partículas que é o laboratório mais moderno (e mais caro) do país, em Campinas. Usado para pesquisa de materiais e análise molecular de amostras biológicas, o Sirius também acomoda demanda de pesquisas do setor privado.

— A ideia é que esse supercomputador seja usado não apenas pelos centros de pesquisas, mas também por empresas — explica Rezende. — Isso deve incentivar empresários inovadores a entrarem nessa área, que precisa do Estado e do sistema empresarial.

Reter pesquisadores

O novo plano de IA do país foi liderado pelo secretário executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luis Fernandes, e responde a uma demanda da Academia Brasileira de Ciências (ABC), que produziu relatório este ano apontando o atraso do Brasil em pesquisas na área. Um dos autores, Virgilio Almeida, contribuiu para a formulação do plano do governo.

Segundo ele, uma das contribuições do documento é trazer um planejamento de longo prazo para aumentar a quantidade de cientistas em inteligência artificial (IA).

— Precisamos treinar recursos humanos porque não temos pesquisadores suficientes para essa área — diz Almeida. — E também temos que criar condições de manter essas pessoas aqui, porque perdemos muitos pesquisadores para o exterior, seja por causa dos altos salários, seja por causa das oportunidades de pesquisa lá fora, com uma infraestrutura que não existe aqui.

A questão da infraestrutura hoje é o maior gargalo de pesquisa em IA no mundo, porque o treinamento dos grandes modelos de linguagem, como ChatGPT, Gemini e Llama, consome quantidades astronômicas de bits processados e de energia elétrica. Não é à toa que os projetos de sucesso hoje têm alguns dos maiores investidores do mundo por trás, além das big techs.

Diferentemente de EUA, China e outros atores de peso em inteligência artificial, o Brasil não tem polos de pesquisa de ponta em TI nem uma cultura forte de inovação empresarial. Ao colocar um supercomputador para pesquisa de IA em parcerias público-privadas, o governo espera sanar parte do problema. Nas parcerias com empresas, o projeto pode fomentar inovação em uma área crítica para a economia, diz Rezende.

O LNCC já possui hoje um supercomputador de alta capacidade, o SDumont. Mas ele é de 2010 e não tem configuração adequada para treinar modelos de IA, mesmo que ainda esteja entre os 50 melhores do mundo em poder de processamento.

Almeida explica que, além de prever estratégias para as áreas de infraestrutura e recursos humanos, o plano do governo vai abordar ainda desenvolvimento de tecnologia e software, além de legislação e governança.

Orçamento de R$ 12 bi

Segundo Rezende, que atua como conselheiro de Lula para a área, o Brasil tem a capacidade de investimento necessária para bancar o projeto. O cientista não falou sobre quanto custará a máquina, mas deixou claro que deve ser um dos projetos mais ambiciosos do governo federal na área.

Prédio dedicado a Santos Dumont no Laboratório Nacional de Computação Científica, em Petrópolis — Foto: Divulgação
Prédio dedicado a Santos Dumont no Laboratório Nacional de Computação Científica, em Petrópolis — Foto: Divulgação

O Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) deve ser a principal fonte de recursos para o novo projeto.

— Em 2021, a receita dos fundos setoriais que são a fonte do FNDCT foi superior a R$ 5 bilhões, mas o governo só liberou R$ 600 milhões. No começo do ano passado, o presidente Lula mandou para o Congresso uma lei que acaba com esse contingenciamento — explica Rezende.

Segundo ele, em 2023 o FNDCT teve R$ 10 bilhões. O orçamento deste ano prevê R$ 12 bilhões, com promessa de não haver corte.

No segundo mandato de Lula, o Sirius, que custou cerca de R$ 1,8 bilhão, foi a grande bandeira política do governo na área da ciência. O novo supercomputador deve assumir esse papel agora.

Almeida diz que não há uma esperança de, a curto e médio prazo, o Brasil se equiparar aos grandes centros de desenvolvimento da IA:

— Se o Brasil quer se inserir nessa economia mundial baseada em IA, precisa fazer um planejamento cuidadoso de longo prazo e ter uma estabilidade de investimento em pesquisa e desenvolvimento.

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