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Rússia quer proibir que soldados usem smartphones em serviço

Projeto de lei que segue para o Senado visa evitar o vazamento de informações militares estratégicas
Militar russo vestido com uniforme antigo tira um selfie antes de parada militar na Praça Vermelha Foto: Maxim Shemetov / REUTERS
Militar russo vestido com uniforme antigo tira um selfie antes de parada militar na Praça Vermelha Foto: Maxim Shemetov / REUTERS

MOSCOU — O efeito surpresa pode ser decisivo num campo de batalha, mas manter em segredo o posicionamento das tropas é cada vez mais difícil nesse mundo conectado. Selfies publicadas em redes sociais revelam a posição de soldados, aplicativos de corrida mostram a localização de bases militares. Pensando nisso, a câmara baixa do Parlamento russo aprovou nesta quarta-feira uma lei que proíbe o uso de smartphones por soldados em serviço e a concessão de entrevistas a jornalistas.

O projeto recebeu sinal verde de mais de 400 dos 450 dos parlamentares da Duma. O texto agora segue para o Soviete, o Senado da Federação russa, antes de ser sancionado pelo presidente, Vladimir Putin. A justificativa das autoridades é que a proibição é necessária para a proteção de informações militares de serviços de inteligência estrangeiros. De fato, sites de jornalismo como o Bellingcat expuseram movimentações militares secretas de forças russas usando apenas informações de soldados em redes sociais, algumas vezes em tempo real.

Pelo projeto, militares ficam proibidos de usar telefones que tirem fotos, gravem vídeos e acessem a internet. Os soldados também ficam proibidos de escrever sobre as atividades militares ou de conversar com jornalistas. Celulares básicos, que apenas fazem ligações e enviam mensagens, podem ser usados, mas tablets e notebooks também estão banidos, segundo a rede britânica BBC.

Nos últimos anos, jornalistas independentes revelaram a presença de militares russos em combate na Ucrânia e na Síria, contradizendo a versão oficial do governo russo, de que seus soldados não estariam envolvidos nos combates. Desde 2017, soldados são alertados para não publicarem informações na internet, incluindo selfies. Com a lei, isso será proibido.

A preocupação com informações pessoais dos soldados não se restringe à Rússia. Nos EUA, o sinal amarelo foi aceso quando jornalistas conseguiram identificar, em dados de um aplicativo de corridas, a localização de bases militares ao redor do mundo, inclusive na Síria e no Afeganistão. Os soldados americanos ainda podem usar redes sociais, mas devem seguir regras rígidas para evitar o vazamento de informações estratégicas.