Economia Energia

‘Tem gente dentro do governo que acha que vender a Petrobras tira voto’, diz Guedes

Uma primeira versão dessa reportagem, publicada às 11h41, informava que Guedes se referia à Eletrobras. Na verdade, o ministro citou a Petrobras.
Guedes defendeu que a privatização da Eletrobras seja feita no primeiro trimestre de 2022 Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Guedes defendeu que a privatização da Eletrobras seja feita no primeiro trimestre de 2022 Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

Correção: uma primeira versão dessa reportagem, publicada às 11h41, informava que Paulo Guedes se referia à Eletrobras. Na verdade, o ministro citou a Petrobras. O GLOBO identificou o erro e atualizou a reportagem.

BRASÍLIA — Ao comentar nesta quarta-feira, os processos de privatização do governo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que "gente dentro do governo" acredita que vender a Petrobras tira voto presidente Jair Bolsonaro nas próximas eleições, mas afirmou que discorda dessa tese.

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Em uma transmissão ao vivo feita pelo jornal Valor Econômico, o ministro chegou a dizer que a privatização daria votos ao presidente.

— Eu acho que a lógica da eleição mais do que nunca vai ser um aliança de centro-direita, conservadores e liberais, contra centro-esquerda ou contra esquerda. Eu acho que a lógica da eleição vai ser ligeiramente diferente. Tem gente dentro do governo que acha que vender a Petrobras tira voto. Eu acho que tem muita gente acha que isso dá voto, em vez de tirar voto — disse Guedes.

O ministro também comentou a privatização da Eletrobras, cujo projeto que permite a operação foi sancionado nesta terça-feira. Para ele, a população já entendeu que a estatal de geração de energia será privatizada e que o governo poderia até perder votos se não cumprir a promessa.

— Todo mundo já entendeu que a Eletrobras vai ser privatizada. Se não acontecer, os eleitores vão até cobrar por que que não aconteceu este ano. Tem que ser no primeiro trimestre do ano que vem. Se isso for desculpa para procrastinar, isso vai tirar voto em vez de dar voto — afirmou.

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No mesmo evento, o ministro afirmou que uma redução de arrecadação em R$ 30 bilhões coma reforma tributária ‘não tem problema’ do ponto de vista fiscal. Guedes disse ainda que a Argentina está seguindo o caminho da Venezuela , ao tentar impedir a modernização do Mercosul.

'Chuveirada de dinheiro'

Guedes renovou sua defesa da venda de estatais e imóveis da União que não estão sendo utilizados. Disse que esses recursos poderiam ir para um fundo de erradicação da miséria e promover uma “chuveirada” de dinheiro com o que ele chamou de "dividendos sociais" para os mais pobres a cada seis meses.

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— Que tal se o dinheiro da venda da Eletrobras, pelo menos 30%, fossem distribuídos para os cidadão mais frágeis brasileiros? Será que em vez de fazer redistribuição de renda, será que não aprendemos algo com o efeito riqueza? Que tal para alguém que ganha R$ 250 todo mês de Bolsa Família, de repente você dá R$ 3 mil pra ele? E isso foi fruto de uma desestatização. Será que a opinião pública não muda?.

Essa ideia já foi promovida por Guedes para possibilitar o aumento do Bolsa Família , em março deste ano, e para reforçar o “Renda Brasil” , programa que acabou não indo pra frente, em setembro do ano passado.

O ministro desenhou um cenário para as eleições do ano que vem entre o ex-presidente Lula e o atual presidente Jair Bolsonaro.

— Uma campanha onde o Lula fala assim: "estão querendo vender patrimônio do governo". E de repente você diz o seguinte: "não, em vez de roubar o patrimônio do povo, feito alguns governos faziam, nós queremos dar ao povo o que é do povo" — disse.