BRASÍLIA — O governo busca uma solução interna para substituir Rubem Novaes na presidência do Banco do Brasil (BB). Ele pediu demissão na sexta-feira, surpreendendo o mercado.
Segundo auxiliares do ministro da Economia Paulo Guedes, o executivo teria alegado cansaço e desejo de voltar ao Rio. A ideia da equipe econômica é evitar descontinuidade e fechar portas para indicação política.
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Um dos nomes mais cotados é Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, atual vice-presidente de Gestão Financeira e Relação com Investidores do BB. Com 55 anos, foi diretor de Política Econômica do Banco Central entre 2010 e 2015, nos governos Lula e Dilma.
Foi um dos primeiros a integrar a equipe de Novaes no BB, ainda na transição de governo. Seria uma solução de continuidade para a instituição. É considerado pelos funcionários como o nome mais forte junto ao governo na atual administração do banco.
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O nome de Hélio Magalhães, presidente do Conselho de Administração do BB, também vem ganhando força na bolsa de apostas. Ele é próximo ao secretário de Desestatização, Salim Mattar , e tem acompanhado de perto as medidas de desinvestimento do banco, além de ser muito atuante na atual função.
Entre os três mais cotados, é o nome com maior experiência de mercado, já tendo presidido o Citi Brasil entre 2012 e 2017.
Segundo técnicos da equipe econômica, Mauro Ribeiro Neto, atual vice-presidente Corporativo do banco, também tem boa chance de assumir a presidência do BB. Ele é o braço direito de Novaes e responsável por todas as desestatizações do mandato.
Tem experiência no serviço público e é considerado preparado por técnicos do banco. Tem pouco mais de 30 anos, sendo mais antenado às mudanças digitais.
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O nome do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, também chegou a ser mencionado por interlocutores, mas a assessoria do executivo negou a possibilidade.
A escolha final será do presidente Jair Bolsonaro. Por isso, interlocutores não descartam que a indicação seja de um nome fora da bolsa de apostas.
Em mensagem de despedida, enviada a amigos, Novaes falou de "ambiente poluído em Brasília e compadrios":
"O ambiente poluído de Brasília não é para mim. Privilégios, compadrios, corrupção e muitos chantagistas profissionais criando dificuldades para vender facilidades. Além disso, é chegada a hora de passar o bastão para alguém mais jovem, neste mundo de tantas inovações tecnológicas", escreveu.
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Ao participar de uma recente videoconferência, realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Novaes também criticou a política de Brasília:
“É muito difícil para a equipe de Paulo Guedes, o grupo de liberais, trabalhar no ambiente político de Brasília”, disse Novaes, acrescentando que sente como se fosse “um vírus do bem tentando entrar em um organismo doente”.
O pedido de demissão foi informado ao mercado no início da noite da sexta-feira, por meio de fato relevante da instituição junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM, que regula o mercado de capitais brasileiro). No comunicado, o BB informou que a substituição ocorrerá em agosto.
Novaes deixa o cargo sem conseguir privatizar o banco, seu principal desejo. E também em meio a uma cobrança de Bolsonaro por uma atuação mais incisiva do Banco do Brasil, especialmente na redução de juros.
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O presidente tem comparado a situação do BB com a Caixa, que efetuou uma série de cortes de juros nos últimos meses e tem servido de vitrine para ações do governo federal.
Em sua defesa, Novaes lembrava que o BB é uma empresa de capital aberto, com ações negociadas em Bolsa. Ele deve ser nomeado assessor especial de Guedes, mas passará a despachar do Rio.
Conheça os nomes que estão no páreo
Carlos Hamilton Vasconcelos Araujo
![Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, atual vice-presidente de Gestão Financeira e Relação com Investidores do BB, um dos nomes mais cotados Foto: Divulgação](https://ogimg.infoglobo.com.br/in/24552034-19d-959/FT1086A/Carlos-Hamilton.jpg)
Ocupa atualmente a vice-presidência de Gestão Financeira e de Relações com Investidores do Banco do Brasil. Tem 55 anos e é graduado em Engenharia Civil, com mestrado e doutorado em Economia (EPGE/FGV). Foi diretor de Política Econômica do Banco Central entre 2010 e 2015, nos governos Lula e Dilma. Hamilton foi um dos primeiros a integrar a equipe de Novaes no BB, ainda na transição de governo, e seria uma solução de continuidade para a instituição. É considerado pelos funcionários como o nome mais forte junto ao governo na atual administração do banco.
Hélio Lima Magalhães
![O nome de Hélio Magalhães, presidente do Conselho de Administração do BB, também vem ganhando força na bolsa de apostas Foto: Divulgação](https://ogimg.infoglobo.com.br/in/24552036-ffd-5e6/FT1086A/Helio-Lima.jpg)
Ocupa atualmente a presidência do Conselho de Administração do BB, como representante independente indicado pelo Ministério da Economia desde junho de 2019. Entre os três mais cotados, é o nome com maior experiência de mercado, já tendo presidido o Citi Brasil entre 2012 e 2017. É próximo ao secretário de Desestatização, Salim Mattar, e tem acompanhado de perto as medidas de desinvestimento do BB, além de ser muito atuante na atual função de presidente do conselho. É bacharel em engenharia Elétrica pela George Washington University, nos Estados Unidos.
Mauro Ribeiro Neto
![Mauro Ribeiro Neto, atual vice-presidente Corporativo do banco,é o braço direito de Rubem Novaes e responsável por todas as desestatizações do mandato Foto: Divulgação](https://ogimg.infoglobo.com.br/in/24552037-5db-966/FT1086A/Mauro-Ribeior-Neto.jpg)
Com apenas 32 anos, é o mais jovem dos três cotados para o comando do banco. Atual vice-presidente Corporativo do BB, é o braço direito de Novaes e responsável por todas as desestatizações do mandato. Tem experiência no serviço público e é considerado preparado por técnicos do banco. Formado em Direito, foi diretor do Departamento de Governança e Avaliação de Estatais do extinto Ministério do Planejamento. É Procurador licenciado da Fazenda Nacional da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e professor.