Economia

Unilever entra na onda da diversidade e retira o termo 'normal' de produtos para pele e cabelo

Prazo para adequação do portfólio vai até 2022. Pesquisa mostra que 56% das pessoas se sentem excluídas quando a palavra é usada para descrever produtos de cuidados pessoais
Ilustração do folheto de 2021 mostra os produtos de beleza da Unilever sem a palavra 'normal' na embalagem do produto Foto: UNILEVER / via REUTERS
Ilustração do folheto de 2021 mostra os produtos de beleza da Unilever sem a palavra 'normal' na embalagem do produto Foto: UNILEVER / via REUTERS

RIO — Em um contexto no qual as empresas são cada vez mais cobradas pelos seus posicionamentos e formas de atuar no mercado, principalmente em questões ligadas à diversidade, a multinacional Unilever anunciou que vai abandonar o uso do termo “normal” para seus produtos de beleza e cuidados pessoais.

A decisão faz parte da campanha “Beleza Positiva”, que estabelece compromissos e ações para as marcas do grupo, como Dove e Seda.

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Segundo o comunicado da empresa, a campanha defende uma “nova era da beleza inclusiva, imparcial e sustentável”. A previsão é que nenhum dos produtos do portfólio de beleza e cuidados pessoas utilize a palavra “normal”, seja nos frascos e embalagens, ou até mesmo, na publicidade até 2022. Trata-se de um compromisso global, segundo a Unilever.

Com a iniciativa, a Unilever se junta a ações de outras empresas que também mexeram em suas marcas ou anúncios para valorizar a diversidade. A Suvinil, do grupo Basf, alterou o nome de oito cores de seu portfólio de tintas de paredes, que faziam referência a características étnicas. A cor pele de pêssego, por exemplo, virou rosa laranja.

A Bombril, por sua vez, retirou uma marca de esponja de aço inox, após se acusada de racismo pelos consumidores porque o nome do produto era Krespinha. No setor de cosméticos, a L’Oréal decidiu retirar expressões como “clareamento” e “branqueador” de seus produtos.

Pesquisa aponta exclusão

A mudança na Unilever faz parte do plano estratégico de sustentabilidade da companha, que também inclui ações nas áreas do meio ambiente, saúde e bem-estar.

“Faremos isso ajudando a acabar com a discriminação no âmbito da beleza, defendendo a inclusão, desafiando ideais limitados de beleza e desenvolvendo um portfólio de produtos inclusivos que atendam a uma maior diversidade de beleza”, afirma a Unilever.

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Uma pesquisa realizada pela empresa com 10 mil pessoas em nove países (Brasil, China, Índia, Indonésia, Nigéria, Arábia Saudita, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos) mostrou que o uso do termo “normal”  para descrever tipo de cabelo ou de pele faz com que 56% das pessoas se sintam excluídas.

Sete em cada dez pessoas disseram que a utilização da palavra nas embalagens e produtos de limpeza tem um efeito negativo sobre elas.  Essa também é a proporção dos que afirmam que a indústria deve ampliar sua definição de beleza, criticando o ideal único que muitas vezes é projetado em produtos e publicidades.

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No Brasil, 58% dos entrevistados acreditam que a indústria reforça ideais restritivos em torno do que poderia ser considerado o padrão de beleza, e 64% das pessoas se sentem pressionadas a ter uma determinada aparência para se adequar ao que é considerado como belo pela sociedade em que vivem.

A expectativa é que as embalagens ressaltem outras características dos produtos, como seus benefícios. Também existe a preocupação em aumentar o número de anúncios que retratam pessoas de grupos diversificados e sub-representados, outro esforço que ganha força no mercado.

Saúde e meio ambiente

O plano defende que as marcas do portfólio sejam instrumentos para melhorar a saúde e o bem-estar, promovendo a equidade e a inclusão para um bilhão de pessoas por ano até 2030.

Entre as medidas prioritárias, estão a tentativa em acabar com a discriminação na beleza, a oferta de produtos mais inclusivos, o fortalecimento da equidade de gênero, o fim dos famosos estereótipos na publicidade e a melhora da saúde e bem-estar por meio de iniciativas educacionais.

Na área ambiental, a Unilever compromete-se a colaborar com a proteção e regeneração de 1,5 milhão de hecatres de terras, florestas e oceanos, também até o ano de 2030. Além disso, demonstra apoio à proibição global de testes em animais até 2023.