Ela

Aos 16 anos, o pernambucano Pedro Vinicio fecha 2021 com mais de 200 mil seguidores no Instagram e conquista famosos com seus desenhos

'Sou apaixonada por esse menino, fã absoluta. Ele é muito jovem para retratar as nossas dores com tanto humor', declara Fafá de Belém
Pedro Vinicio, artista de 16 anos Foto: Divulgação
Pedro Vinicio, artista de 16 anos Foto: Divulgação

Os desenhos de Pedro Vinicio Ferreira Araújo, expostos no perfil do Instagram @pedrovinicio80, são uma das melhores traduções dos sentimentos aflorados e represados em tempos pandêmicos. Frases de humor ácido e sinceridade desconcertante — “Tô bem mas se eu pensar muito eu choro”, “Quem não está confuso não está bem informado”, “Queria te dar um presente mas ainda não sei como embrulhar uma sessão de terapia” são algumas delas — vêm coordenadas a “desenhos infantis”, como define o próprio artista. Pedro, de 16 anos, encerra 2021 com mais de 200 mil seguidores, entre eles nomes famosos como Fafá de Belém, Andréia Horta, Mônica Iozzi, Thalita Rebouças, Mariana Ximenes e Ana Paula Araújo que, volta e meia, compartilham seus posts. “Sou apaixonada por esse menino, fã absoluta. Ele é muito jovem para retratar as nossas dores com tanto humor. Pedro traz verdades e é de uma inteligência rara. Quero muito conhecê-lo”, elogia Fafá.

O sucesso não o abala. “Acho engraçado os artistas me seguirem. Antes, era eu quem os via na TV e na internet. Agora, eles estão acompanhando a minha arte. De dez posts, a Fafá de Belém comenta em nove. Nos falamos algumas vezes e ela elogiou o meu trabalho, disse que se identifica”, conta, feliz.

Desenho de Pedro Vinicio Foto: Reprodução/Instagram
Desenho de Pedro Vinicio Foto: Reprodução/Instagram

Filho da dona de casa Neide e do motorista Mário, ele mora em Garanhuns, Pernambuco, e acaba de passar para o 9º ano do ensino fundamental. “Repeti duas vezes por só querer desenhar”, admite. A arte brotou na sua vida ainda criança. “Nunca fiz curso algum e tenho até medo. Não quero perder o meu traço que vem de dentro da alma. Desenho desde os 4 anos, mas, a partir de 2018, não parei mais”, conta Pedro por meio de uma chamada de vídeo. As ilustrações, ele faz no notebook e no celular, utilizando um aplicativo, quando quer ser mais rápido. “Mas também crio com nanquim, tinta a óleo e guache, saio misturando tudo. O que as pessoas veem no Instagram é dez por cento do que realizo. Só ontem fiz 46 desenhos”, frisa.

A paralisação do Brasil e do mundo diante da crise sanitária provocada pelo coronavírus acelerou a sua produção. “Sou filho da pandemia. Fiquei em casa e, como não tinha nada para fazer, busquei equilíbrio desenhando muito”, resume.

Saúde mental, tema que ganhou destaque nos últimos meses, é um dos preferidos do adolescente, cujas ilustrações retratam, muitas vezes por meio de rabiscos nervosos, expectativas não cumpridas, ansiedades, tristezas e decepções com altas doses de ironia. “O post que teve mais repercussão é o que tem a frase ‘Pelo bem da sua saúde mental, se faça de doida de vez em quando’. Virou camiseta, bandeira, canga”, enumera Pedro, que fez collab com uma marca de t-shirts. Ele também já recebeu dois convites para lançar um livro. “Um deles não foi para a frente, o outro, acredito que sairá no ano que vem, pela editora Planeta”, conta. “O humor ácido do Pedro é um oásis no deserto de inspiração e criatividade que tomou conta das redes sociais”, aplaude a escritora Thalita Rebouças. “Ele me faz rir todos os dias, vivo repostando.”

Desenho de Pedro Vinicio Foto: Reprodução/Instagram
Desenho de Pedro Vinicio Foto: Reprodução/Instagram

A inspiração para as frases que despertam identificação imediata entre os seguidores vem de uma escuta atenta. “Às vezes, já surge pronta. Em outras, ouço nos stories ou até no consultório médico”, explica o jovem, que está sempre de antenas ligadas, colocando em prática seu afiado poder de síntese.

Em plena adolescência, Pedro se considera “meio tímido”. Gosta de ouvir Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ramones, música clássica e admira a obra de poetas como Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e Manoel de Barros. “Comprei uma vitrola e um monte de discos num sebo”, comenta ele, que, no momento, está em lua de mel com Tom Jobim.

Os planos para o futuro são muitos: pretende cursar Artes Plásticas ou, quem sabe, Arquitetura, e se mudar para o Rio ou São Paulo, cidades que ainda não teve a oportunidade de conhecer. “Para ficar perto do centro da arte”, justifica. Em 2022, vai iniciar uma série de pinturas em telas. “Quero fazer uma produção pesada”, avisa Pedro, que aceita encomendas dos desenhos que conquistaram o Instagram.