Ela

Efeito Brad Pitt e Jennifer Aniston: como retomar relações mal resolvidas do passado

Conheça as histórias de três casais que ficaram separados até mais de 20 anos, nunca se esqueceram e voltaram a viver juntos
Brad e Jennifer: climão Foto: Emma McIntyre / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP
Brad e Jennifer: climão Foto: Emma McIntyre / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP

No mês passado, os hollywoodianos Brad Pitt e Jennifer Aniston arrancaram suspiros ao trocarem olhares na cerimônia dos prêmios concedidos pelo Sindicato dos Atores, o SAG Awards. Rolou aquele climão. Depois de a foto em que eles aparecem se olhando e sorrindo e a em que Brad está agarrando a mão de Jennifer, como se disesse “não, não vai embora”, viralizarem na internet, os rumores de que o casal estaria novamente junto se intensificaram, assim como a torcida a favor (e contra). Eles foram casados de 2000 a 2005; três meses depois da separação, o ator assumiu publicamente seu romance com a atriz Angelina Jolie, partindo o coração de Jennifer e de uma legião de fãs.

Enquanto a volta da dupla segue sendo uma incógnita, com boatos de que o ator George Clooney estaria dando um empurrão amigo para a reconciliação, por aqui no Brasil, alguns casais decidiram seguir à risca os versos de Kleiton e Kledir, que dizem: “Não quero ficar na sua vida/ Como uma paixão mal resolvida”. Removeram mágoas, encurtaram distâncias e arriscaram-se para deixar de lado a sensação de amor inacabado, aquele que dá margem a todo tipo de fantasia e se faz presente, muitas vezes, por décadas. As histórias, à altura do romance happy-ending que atiça os fãs de Brad e Jennifer, tiveram finais felizes.

A bailarina Jill Tiebohl de Moraes, de 47 anos, e o funcionário público Henrique Perini, de 49, faziam parte da mesma turma de bairro na adolescência numa ainda acolhedora Ipanema, nos anos 1980. “Ele foi o meu primeiro namorado”, diz Jill. “Ficamos juntos por um ano. Nós iámos à praia, ao cinema, ele surfava, éramos o casal verão. Quando entrei para a faculdade de Educação Física, aos 17, a gente se separou. Eu quis viver outras experiências”, lembra Jill.

Jill e Henrique: 24 anos sem se ver Foto: Arquivo pessoal
Jill e Henrique: 24 anos sem se ver Foto: Arquivo pessoal

O tempo passou. No começo da década de 1990, ela se tornou bailarina profissional e namorou outros até se casar e ter dois filhos. Em 2003, depois de o primogênito completar 1 ano, transferiu-se com a família para Curitiba. Henrique, por sua vez, casou-se, teve duas filhas e, no final dos anos 2000, mudou-se para os Estados Unidos. “A gente se distanciou totalmente, mas sempre cultivei um carinho muito especial por ele ter sido meu primeiro namorado”, diz Jill. Henrique admite nunca  tê-la esquecido: “Eu sabia que um dia a gente ficaria junto”.

Depois de morarem em Curitiba, Jill, o marido e os filhos foram viver em Florianópolis. À medida que ela se apaixonava pela cidade solar, a relação a dois enfraquecia. O casamento de dez anos se desfez e Jill seguiu em frente. “Numa dessas noites solitárias, eu entrei no Facebook e decidi reencontrar o Henrique, que, por coincidência, também estava recém-separado e morando novamente no Rio. Mandei uma mensagem e ele quase teve um colapso nervoso. Passamos a nos falar diariamente”, conta ela.

Num belo dia, ao chegar em casa, o telefone da bailarina tocou. “Era o Henrique dizendo: ‘Jill, estou em Floripa, vou passar aí agora’”. Eu me vi sem ação, tremi dos pés à cabeça, não o via há 24 anos”, diz ela. “Fiquei nervosa por não saber o que encontrar, mas tivemos uma noite maravilhosa e retomamos o namoro que havia sido interrompido no passado.” Em 2012, Henrique se mudou de mala e cuia para Florianópolis, onde o casal vive até hoje, numa casa com os dois filhos de Jill, três cachorros e uma trilha que dá para a Praia do Campeche. “Ele mudou a vida inteira por minha causa”, reconhece Jill.

Se Jill e Henrique ficaram 24 anos sem se ver, o destino cansou de mandar sinais para a publicitária Diva Maia, de 44, e o fotógrafo Marcio Schmidt, de 49. Os dois namoraram por quatro meses na juventude, nos anos 1990, depois de se conhecerem numa irresistível troca de olhares no ônibus, a caminho da faculdade. Porém, devido a uma apresentação de axé, brigaram e se afastaram. “Eu era jovem, namorador e estava envolvido. Ela fez questão de ir a um show do Netinho; eu fui contra, era metaleiro, mas ela não me ouviu e bateu o telefone na minha cara. Pela primeira vez, não me senti no controle da situação e fugi. Nós terminamos e perdemos o contato”, diz Marcio.

Marcio e Diva: separados por causa de um show do Netinho Foto: Arquivo pessoal
Marcio e Diva: separados por causa de um show do Netinho Foto: Arquivo pessoal

No começo dos anos 2000, Diva foi morar com o novo namorado e trocou Copacabana pela Tijuca. “Um dia, eu estava na minha varanda e me deparei com o Marcio saindo de carro de uma garagem vizinha. Qual não foi a minha surpresa ao constatar que, da minha sacada, era possível avistar o prédio dele”, conta. “Toda vez que eu o via, ficava desconcertada e trocava de calçada. Não conseguia chegar perto. A sensação de ser uma relação mal resolvida sempre foi uma constante”, emenda ela. A essa altura, Marcio estava casado e já era pai. Logo depois, Diva se separou, foi morar no Bairro Peixoto (na mesma rua da mãe de Marcio, diga-se de passagem), casou-se novamente e teve dois filhos.

Em 2010, os dois se reencontraram. “Meu filho mais velho virou o melhor amigo do sobrinho do melhor amigo do Marcio. A gente se esbarrou numa festa de aniversário, rolou aquele clima, trocamos algumas palavras, um sorriso amarelo. E passamos a nos ver uma vez por ano”, comenta Diva.

No começo de 2013, depois de oito anos de casamento, Diva se separou. O de Marcio havia terminado no ano anterior. A publicitária, nessa época, trabalhava num condomínio empresarial na Barra. O destino se encarregou, mais uma vez, de dar uma mãozinha ao casal. “Era um condomínio imenso, formado por vários blocos. O Marcio, que, na época, trabalhava com tecnologia, foi transferido para o mesmo local e se instalou num escritório perto do meu. Passei a vê-lo frequentemente”, conta. Até que um dia, ele se encheu de coragem e convidou Diva para almoçar. “Naquela ocasião, consegui falar tudo que tinha guardado por décadas. Disse a ela que nunca a esquecera e que me arrependia da imaturidade do passado. Quando ela confessou que também pensava em mim, a minha esperança foi lá para o céu. Começamos a namorar”, revela o fotógrafo. Em abril daquele ano, eles viajaram para Las Vegas para assistir a um show especial. “O Bon Jovi sempre permeou a nossa vida, deixei de ouvir suas músicas por me lembrar dela”, relata Marcio. “Ele me pediu em casamento e nos casamos lá”, derrete-se Diva. Em 2015, o casal se casou novamente no Rio, na presença da família e dos amigos. “O tempo todo a vida tentou nos unir”, conclui Diva.

A editora de vídeo e escritora Marcela Sperandio, de 33, e o tatuador e artista plástico Tarso Galvão, de 36, também namoraram na adolescência, no início dos anos 2000. “A gente frequentava os mesmos shows de rock. Quando eu tinha 16 anos e ele, 19, começamos a ficar. Eu era adepta do relacionamento aberto; ele queria namorar. Resistimos por oito meses nesse impasse”, diz Marcela. “Quando eu percebi que ela não mudaria, dei tchau”, conta Tarso. Na sequência, Marcela teve diversas relações. “Algumas maravilhosas, outras abusivas”, confessa. “Emendei um namorado no outro, mas, volta e meia, lembrava do Tarso e em como a gente tinha a ver”, diz. “Toda vez que me pegava sozinho, era na Marcela que eu pensava”, confessa ele.

Marcela, Tarso e Tom: namorados na adolescência Foto: Arquivo pessoal
Marcela, Tarso e Tom: namorados na adolescência Foto: Arquivo pessoal

Uma década se passou. Depois de morar quatro anos nos Estados Unidos, Tarso voltou para o Rio. Marcela formou-se em Filosofia, estudou Cinema em Nova York amadureceu. Até que um dia, graças ao auxílio das redes sociais, reagiu a uma foto. “Abri o Face e dei de cara com uma imagem em que ele aparecia segurando um bebê. Imediatamente, mandei uma mensagem perguntando se ele tinha tido um filho. Ele respondeu que não. Não perdi mais tempo e o convidei para sair”, relata.

Os dois noivaram em 2014, casaram-se em 2017 e há um ano e um mês tornaram-se pais de Tom. “Sempre sonhei em ter um companheiro com a minha ética. Tarso se encaixou comigo desde o início, mas precisava ficar pronta. Foi um processo”, analisa Marcela, que acredita na força do amor. “Para quem tem uma relação mal resolvida, um eterno ex, meu conselho é o seguinte: siga a direção que está no fundo do coração.”

Falou e disse.