“Sabe aquelas crianças que gostam de jogar bola na rua? Não fui uma delas. Sempre gostei mesmo de desenhar e escrever”, diz o goiano Hector Angelo, logo no começo da conversa. Aos 18 anos, o estudante de Animação pode ser considerado um prodígio das artes plásticas e da literatura. Antes de chegar à maioridade, já havia publicado cinco livros e participado de uma mostra no Museu do Louvre, em Paris — à qual ele se refere como “a experiência mais incrível” de sua vida. “Quando recebi o convite para estar nesse projeto de novos talentos, em 2017, pensei que fosse pegadinha. Quem iria acreditar? Depois de conversar com o curador, enviei um dos quadros da coletânea que fiz sobre preconceito. Detalhe: durante minha estadia na França, almocei com o presidente Emmanuel Macron, no Palais de l’Élysée.”
Filho de publicitários, Hector conta que, no início, encarava tudo como uma grande brincadeira. “Mas fui percebendo que conseguia me expressar por meio das palavras e da pintura.” Aos 7, ele convenceu a mãe a organizar o lançamento do seu primeiro livro, “A girafa que foi ao espaço”. “A obra vendeu bem e acabei partindo para outros desafios literários. No último, ‘Depois do final feliz’, discorro sobre nossos altos e baixos, desconstruindo o mito da felicidade eterna dos contos de fadas. Hoje, no entanto, estou totalmente voltado para meu trabalho nas artes plásticas.”
Os personagens fantásticos que ocupavam seu imaginário no passado agora dividem espaço com rostos conhecidos da cultura pop. Amy Winehouse, Pabllo Vittar, IZA, Anitta e Ludmilla foram traçadas por Hector. As cantoras americanas Nicki Minaj e Miley Cyrus, inclusive, compartilharam nas redes sociais os desenhos que “ganharam” do goiano. “As pessoas me pediam esses retratos pelo Instagram, e eu simplesmente as atendi. Não imaginava que teria essa repercussão. Foi um susto”, comenta. “Nicki é minha diva-mor. Num universo dominado por homens, a rapper conseguiu triunfar ao abordar o empoderamento feminino.”
Hector, que planeja uma exposição e um desfile de sua marca de roupa homônima (moda é outro interesse) para 2021, costuma afirmar que arte é libertação, mas também é resistência. “Desde os primórdios, abracei as diferenças. Gosto de mostrar todas as cores e formas nas minhas telas. O mundo de uma nota só não me interessa.”