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Em rara entrevista, Rita Lee fala sobre libido aos 73 anos: 'Tenho mais prazer na alma'

Cantora está tratando câncer de pulmão: 'Quantas vezes não disse que teria de pagar algum pedágio da vida?', indaga ela, que 'finalmente' parou de fumar
Rita Lee Foto: Guilherme Samora
Rita Lee Foto: Guilherme Samora

Na primeira entrevista desde que recebeu, em maio, o diagnóstico de câncer de pulmão, Rita Lee esbanja energia e bom humor, mesmo sob tratamento quimioterápico.

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Na última sexta-feira, inaugurou megaexposição sobre os seus 50 anos de carreira no Museu da Imagem e do Som de São Paulo; amanhã, soltará nas plataformas digitais música inédita  “Change”; e, em dois meses, lançará novo infantil pela GloboLivros, abordando a morte de um jeito lúdico. A cantora falou também conversas que anda tendo com  “seres de luz”.

Tesão na alma

“Tudo muda o tempo todo. Aos 73 anos, por exemplo, tenho meus cabelos brancos. Já fui loira, já fui ruiva — que era um sol na cabeça — e agora tenho a lua comigo. Sinto também um vetor da vida que transforma o desejo. Já transei para caramba e, agora, tenho mais ‘tesão na alma’. Um prazer que é despertado por um bom livro, meditação, quando tento me comunicar telepaticamente com irmãos das estrelas, com meus rituais espirituais... Então, mude! Já que não tem jeito mesmo, abrace a mudança. Com essa música, gostaria de dar um upgrade no lado legal, quero viver no arco-íris, na coisa bacana, na pureza, na coragem, na liberdade... apesar desse momento tão escuro que o Brasil enfrenta.”

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Seres de luz

“Fiz um pacto com o universo, com o Criador, com os ‘seres de luz’, de que ia segurar a barra de ter um câncer no pulmão. Fiz a radioterapia e agora faço quimioterapia. Os exames estão ótimos. Mas fácil não é. Vi minha mãe passar por isso: quimio, radio... e, há 45 anos, a medicina era muito diferente. Tinha trauma do jeito que ela ficou. Então, quando o médico falou que precisava fazer o tratamento, a primeira coisa que pensei foi: ‘Eu sabia!’. Sabe por quê? Por causa dos sinais que recebi. Sabia que iria acontecer algo. Quantas vezes não disse que teria de pagar algum pedágio da vida? Era um sopro atrás do outro: ‘Pare de fumar. Você fuma desde os 22 anos, pare agora’. Era como uma luz que acendia no fundo da mente. Fora as coisas que me eram esfregadas na cara. Ia ler jornal, e estava lá uma personalidade dizendo que havia parado de fumar. Estava na estrada, parava atrás de um caminhão e estava escrito: ‘Pare de fumar’. Com a pandemia, aquele baixo-astral no mundo, não tem como não ser afetado: passei a fumar o triplo de antes. Tenho essa coisa de católico, de culpa, e continuei a me desrespeitar. E quando o médico falou: ‘Você está com câncer no pulmão’, fechei os olhos e pensei: ‘Danadinhos, sarcásticos’. "