![Ademar no apartamento onde guarda coleção de obras — Foto: Leo Martins](https://s2-oglobo.glbimg.com/8e8Ms2PW0wcBx3B7rU7h2XmhiFE=/0x0:939x752/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/M/y/E7ilHDRaq9NBX4eKRB2g/100040222-el-rio-de-janeiro-rj-29-07-2022-perfil-do-colecionador-e-curador-ademar-britto.-foto-leo.jpg)
Sentada no chão de um apartamento na Avenida Beira Mar, no Centro do Rio, uma funcionária do Museu de Arte de São Paulo anotava todos os detalhes do livro “Racial democracy in Brazil: myth or reality?” (“Democracia Racial no Brasil: mito ou realidade?”), na manhã de uma sexta-feira. Poucos minutos depois, a publicação de Abdias do Nascimento foi devidamente embalada e seguiu para a capital, onde será exibida. “É um livro bem raro, em que Abdias denuncia a não participação de brasileiros no Festival Mundial de Artes Negras, em Dakar, no Senegal, em 1966”, conta o dono do exemplar, Ademar Britto.
O cardiologista nascido em Manaus, radicado no Rio desde 2014, mora em Copacabana, mas precisou alugar o imóvel para abrigar a coleção de obras de arte e publicações raras que não para de crescer. O acervo já reúne mais de 150 artistas, como Heitor dos Prazeres, Panmela Castro, Anna Bella Geiger e Laura Lima, e fez com que o médico, de apenas 32 anos, chamasse a atenção do mercado. Agora, acaba de ser anunciado como curador do programa SOLO, que leva individuais de diferentes artistas até a ArtRio. A feira vai de 14 a 18 de setembro, na Marina da Glória.
![Com tela de João Alves — Foto: Leo Martins](https://s2-oglobo.glbimg.com/yEaf29s-y7OkuIUuZ5yBDEDkHYo=/0x0:867x1300/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/A/M/pnJ8dtQZWeCPMEqH9JhA/100040236-el-rio-de-janeiro-rj-29-07-2022-perfil-do-colecionador-e-curador-ademar-britto.-foto-leo.jpg)
Entre os nomes escolhidos por Ademar para a mostra estão Elian Almeida, Jota, Wallace Pato e Luana Vitra, todos em franca ascensão. “Ele tem uma pesquisa muito concreta e se preocupa em ir até os lugares para conhecer a fundo os artistas”, afirma a presidente da ArtRio, Brenda Valansi. Ela acrescenta que, por ser também um festeiro de primeira, o curador já foi requisitado para tocar na abertura da exibição.
Filho de um médico e artista plástico com uma bancária, ele aprendeu a apreciar arte ainda na infância, quando sua casa em Manaus mais parecia uma galeria. Mas foi durante uma temporada de estudos na Sorbonne, em Paris, que se viu nas artes plásticas. Começou a andar com uma turma de Humanas, virou frequentador de museus por lá e, quando voltou ao Brasil, manteve o mesmo vínculo, enquanto circulava pelos ateliês dos amigos e comprava obras. “Não tinha grandes pretensões. Só vi que a coisa estava ficando séria quando chegou, na minha casa, uma laje de concreto, obra do Jonathas de Andrade”, narra.
![Festa de aniversário de Ademar já virou evento aguardado — Foto: Reprodução/Instagram](https://s2-oglobo.glbimg.com/RxdxXDyyAwru9FS6VKe27XYZGb0=/0x0:1080x1080/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/L/g/IAx6bsSxaYYta1jPsF1A/100042526-el-festa-de-aniversario-do-ademar-britto.jpg)
Com uma coleção universal, como classifica, o cardiologista reserva espaço para novos nomes, mas também gosta de resgatar gente do passado que anda negligenciada. Um deles é o baiano João Alves, morto em 1970 e amigo de Jorge Amado. Telas pintadas por ele ganharam lugar de destaque no apartamento do Centro. “Não compro arte num intuito de decoração, para pendurar na parede. Entendo como uma narrativa. Estou contando uma história.”