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A instalação “Colapsada, em pé” mostra como Iole de Freitas tem uma trajetória, que em 2023 completa 50 anos, marcada pelo retorno a experiências pretéritas, com novas investigações poéticas. Neste trabalho monumental, Iole reorganizou elementos constitutivos das suas instalações dos últimos 20 anos, feitas de tubos metálicos e placas de policarbonato, e ergueu, a partir do chão, “num forte movimento ascencional, como um tsunami”, uma arquitetura que, em suas palavras, “provoca uma coreografia no visitante”. “Quando faço essas grandes instalações, é o que eu gosto de causar. Proponho que as pessoas parem para pensar seu prumo ao caminhar. Como andam, com que velocidade?”, indaga a artista, de 78 anos. “Qual é o equilíbrio que elas têm, porque vão enfrentando a presença de chapas translúcidas, transparentes, enormes tubos, linhas que vão se enroscando com essas pessoas’’.

Além de aspectos recorrentes, construtivos e ligados à corporeidade, a obra retoma a dança — algo presente na vida de Iole dos 6 aos 23 anos, e igualmente habitual em suas criações — por meio de duas videoinstalacões que complementam a mostra, com curadoria de Paulo Miyada. “Tenho a impressão de que um artista passa a vida inteira insistindo em investigar uma ou duas coisas, porque são as questões que o estimulam a buscar o que ele não conhece. Não vou gastar tempo e recursos para repetir algo que conheço”, afirma. “Ao mesmo tempo, tem que ser algo que ainda não aconteceu. Não pode ser o repeteco, a arrumaçãozinha, o embelezamento de uma invenção do passado.”

A instalação fica em cartaz até este domingo, dia 17, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Em paralelo, até dia 24, o IMS Paulista abriga a exposição “Iole de Freitas: Anos 1970/ Imagem como presença”. A mostra recupera a produção fotográfica e em Super 8 da artista naquela década, com seis trabalhos inéditos, sob curadoria de Sônia Salsztein.

A instalação 'Colapsada, em pé', em outro ângulo, no Tomie Ohtake — Foto: Maria Isabel Oliveira
A instalação 'Colapsada, em pé', em outro ângulo, no Tomie Ohtake — Foto: Maria Isabel Oliveira

Nesta semana, Iole — que ainda se recupera de uma queda sofrida durante a gravação de uma performance, na véspera da inauguração no IMS —, abriu “Escada-Palafita”, na Silvia Cintra+Box4, galeria que a representa há 20 anos no Rio. Em São Paulo, desde 1978, a artista é representada por Raquel Arnaud. Além de uma videoinstalação, o espaço expositivo carioca, na Gávea, também vai abrigar nove esculturas que partem das experiências da artista com areia impregnada, em uma camada homogênea, sobre formas de aço e papel.

Nascida em 1945, em Belo Horizonte (MG), Iole se mudou com a família para o Rio aos 6 anos. Seu pai, Aldir Antunes de Freitas, trabalhava no Banco do Brasil e havia sido transferido. Aldir e sua mãe, Maria Solange, eram amigos de infância do artista Heitor Coutinho, e no apartamento em que moravam em Ipanema, circulavam nomes como Ivan Serpa — com quem Iole teve aulas de pintura — e Antonio Bandeira.

Depois de estudar na Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi), Iole se mudou, em 1970, para Milão, acompanhando o marido, o também artista Antonio Dias (1944-2018). Lá ficaram até 1978. Com o casamento, ela abriu mão da dança. Na cidade italiana, trabalhou na Olivetti. Veio, então, o primeiro ponto de inflexão em sua trajetória profissional. “Quando nasceu minha filha, Rara, comecei a trabalhar mais em casa com desenho industrial, ainda para a Olivetti, e busquei uma linguagem em que houvesse a convergência de meus saberes na áreas de dança e design”, conta Iole, cuja carreira se iniciou em 1973, com uma exposição na galeria milanesa Diagramma. “Consegui fundir o processo de investigação e de criação em artes visuais com esta consciência do corpo, de seu deslocamento no espaço, que a dança dava.”

Obra sem título de Iole de Freitas, de 1993 — Foto: Paulinho Muniz
Obra sem título de Iole de Freitas, de 1993 — Foto: Paulinho Muniz

A presença institucional da artista é sólida, com obras presentes em acervos nacionais, como os do MAM carioca e da Pinacoteca de São Paulo, e também internacionais. Os valores de suas criações variam hoje de R$ 70 mil a R$ 300 mil, a depender das dimensões. Paulo Venancio Filho, organizador do livro “Corpo/espaço” (Cobogó, 2018), ressalta que Iole teve uma presença importante junto às vanguardas europeias da Europa, nos anos 1970, e depois, no Brasil, “atraiu a atenção de críticos importantes, como Rodrigo Naves, Lorenzo Mammì e Ronaldo Brito, em catálogos e livros”.

Sônia Salzstein lembra que a mostra do IMS chega em dezembro ao Paço Imperial, no Rio, mas sua configuração pode ser distinta. “O trabalho da Iole sempre tem uma relação muito forte com o espaço. Então, a gente só vai saber o resultado, no Rio, na hora em que ela tiver um embate ali, com a arquitetura do lugar”, afirma. “É um ano bastante animado, não posso reclamar da falta de velocidade das coisas. Mas a gente chega a um ponto em que o trabalho mostra que você, depois de 50 anos, sabe muito pouco”, pondera Iole. “Por isso, não nego quando é um convite para investigar novas fronteiras do trabalho. Eu vou em frente.”

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