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Por — Rio de Janeiro

Muito antes das trends, das dancinhas virais no TikTok e das próprias redes sociais se tornarem autênticas plataformas de criação de conteúdo, um grupo de meninas, na segunda metade da década de 2000, já ensaiava em sites próprios o que viria a se tornar a famigerada influência digital. Era o início das blogueiras no universo da internet, precursoras de um mercado dinâmico e que se reinventa a cada nova ferramenta criada por magnatas da web.

Em 2007, a mineira Lu Ferreira, à época com 22, criou o Chata de Galocha, um dos primeiros blogs a ter notoriedade, com foco em dicas de moda, beleza, viagens e lifestyle. “Tudo era mato quando comecei”, brinca a influenciadora, hoje com 38 anos, e que ainda mantém o site ativo, apesar de se dedicar a produzir conteúdos para o YouTube e o Instagram, onde soma quase dois milhões de seguidores. “No início, só queria me conectar com outras pessoas e compartilhar minhas experiências. Fazer daquilo um trabalho era algo impensável naquele período. Os blogs só começaram a ser vistos como um negócio por volta de 2009.”

Foi quando as blogueiras se alçaram a formadoras de opinião, atraindo o interesse de marcas em comprar espaços de publicidade nas plataformas. Criadora do Fashionismo, um dos primeiros blogs de moda do Rio, Thereza Chammas lembra que, em 2009, seu site contabilizava cerca de 100 mil acessos por dia. “Isso era muita coisa. Vejo que o pulo do gato para influenciadores, principalmente aqueles que já estão há mais de 15 anos no mercado, é a capacidade de se reinventar. Do contrário, você é engolido”, avalia ela, que tem investido na produção de conteúdo em newsletters.

Carla Lemos e Thereza Chammas — Foto: Léo Martins/Agência O Globo
Carla Lemos e Thereza Chammas — Foto: Léo Martins/Agência O Globo

Galileu Nogueira, especialista em branding, concorda que a adequação às novas formas de produzir conteúdo na internet, aliada à fidelidade de um público conquistado ao longo dos anos, consolidou as blogueiras num mercado saturado. Segundo um estudo realizado pela Nielsen, em 2022, o Brasil tem cerca de 500 mil influenciadores digitais. O profissional ainda destaca que o número de seguidores perdeu um pouco da relevância no último triênio, porque nanoinfluenciadores passaram a apresentar maiores taxas de engajamento se comparados a macroinfluenciadores.“Os algoritmos não entregam como antes. Isso fez com que as blogueiras evoluíssem e passassem a atuar como empreendedoras.”

Primeira blogueira de moda do Brasil e criadora do Garotas Estúpidas (2006), Camila Coutinho, de 35 anos, diz que sempre se considerou uma empreendedora. “A partir do momento em que começo a ganhar dinheiro com um negócio e a pagar imposto por isso, já posso me definir como uma empresária. É engraçado, porque as pessoas só começaram a me enxergar assim quando lancei um produto físico, mas, na verdade, eu e toda a classe de blogueiras já empreendemos há muito tempo”, comenta a influenciadora, também à frente da marca de cosméticos GE Beauty e do projeto social GE Formando Líderes. “O blog é um superproduto e, quando comecei, com 18 anos, não havia em quem me espelhar. É preciso ter humildade para reconhecer os fenômenos que surgem na internet e cuidar da nossa comunidade.”

A carioca Carla Lemos fez o movimento inverso às blogueiras de sua geração. Começou a compartilhar dicas de moda nas redes sociais da época — o Orkut e o Fotolog —, antes de criar o Modices, em 2007. O site foi desativado em 2019, e ela passou a se dedicar ao Instagram, ao TikTok e à consultoria de marketing para marcas. “Se antes eu era a ‘sobrinha’ que entendia das coisas, hoje, com os tiktokers, me vejo como a tia que não consegue acompanhar a coreografia das dancinhas. Pegamos todas as mudanças na forma de produzir e consumir conteúdo”, diz.

Outro nome que ficou conhecido, principalmente por quem menosprezava a “blogosfera”, foi Priscilla Rezende, que recebeu a alcunha de Blogueira Shame. Em 2009, ela criou um blog para mostrar um lado controverso das blogueiras, denunciando publicidades veladas de “conselhos de amiga”. “Como sou farmacêutica e sei sobre a composição de alguns produtos, desmentia muitas coisas. Registrava 3 milhões de views por mês, e nunca ganhei um vintém com isso”, lembra Priscilla, que manteve o site ativo até 2012. Em 2020, ela criou um perfil no Instagram chamado Desinfluencer, mas a conta foi retirada do ar. “Criei um novo há quatro meses para continuar expondo sujeiras delas. Muito difícil o meu trabalho, sabe? Não é fácil ser eu.”

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