"É um presente imenso", vibra a atriz e apresentadora Cissa Guimarães, de 66 anos, do outro lado da tela, numa chamada de vídeo. "Estou superfeliz em apresentar o 'Sem censura', que volta ao ar nesta segunda-feira, na TV Brasil. É a realização de um sonho. Receber um convite deste prestígio quando se está no topo da montanha é bom demais. É um programa que faz parte do cotidiano de todo brasileiro e da comunicação pública. E eu sou povão mesmo."
Cissa, que ficou na TV Globo por 46 anos, está totalmente dedicada à nova empreitada. "Na bancada terão nomes como a atriz e humorista Dadá Coelho, o diretor de teatro Rodrigo França e a jornalista Fabiane Pereira, entre outros debatedores. De segunda a sexta, serão sempre três convidados e um debatedor, além de mim, é claro. A Dadá, por exemplo, é uma ativista, antenada. A gente estreia nesta segunda com Miguel Falabella, Claudia Raia e Xande de Pilares", revela, animada. "A equipe do programa é maravilhosa e já virou família. A redação é uma festa. Participo de tudo, saio convidando todo mundo (risos)."
Aos 66 anos, Cissa Guimarães se considera uma feminista. "Sou pela minha vida. Nasci numa família tradicional e saí de casa aos 17 anos, fui contra tudo e todos, resolvi fazer teatro, me juntei com Pereio (Paulo César Pereio, ator), depois com o Raul (Mascarenhas, músico). Nunca quis casar no papel, criei meus três filhos sozinha, fiz dois abortos e sou independente financeiramente", enumera. "A caretice, infelizmente, anda voltando. Ao longo da vida, em vez de falar, agi como feminista."
Sobre a nova geração de feministas, ela aplaude: "É muito importante! Somos ainda bastante massacrada na sociedade patriarcal. Há um índice absurdo de violência doméstica e não temos igualdade de salários. O caminho ainda é longo", analisa.
A passagem do tempo é encarada de frente. "Não é um processo fácil, principalmente para nós, mulheres. A menopausa é bem difícil. Mas minha profissão me privilegia, posso fazer uma tataravó, por exemplo. Como apresentadora, também. Mas é claro que percebo o etarismo, grande parte das apresentadoras é mais jovem do que eu. O chamado do 'Sem censura' bateu nesse lugar. Trago uma bagagem de muitos anos e isso, às vezes, as pessoas desprezam, e dão valor ao número de seguidores do Instagram. Só poderia assumir o 'Sem censura' nesse momento da vida. Agora sinto ter autoridade para estar na bancada do programa", conclui.
Solteira no momento, a apresentadora diz estar "in love" com o "Sem censura": "Não estou nem com tempo. Mas adoro namorar e beijar na boca. Estou na ativa e sem censura (risos)".