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Puma Camillê tinha 7 anos quando foi advertida pela irmã, ao dançar axé. “Eu era a bixa que dava close e, certa vez, ela disse: ‘Está rebolando demais’”, recorda-se. Naquele dia, entendeu que seu corpo era um problema para os demais e, na mesma época, entrou para a capoeira. “Foi quando descobri outros poderes. Enquanto meninos jogavam futebol e meninas pulavam corda, naquela roda não existia ele e ela”, recorda-se, sobre a experiência vivenciada em Campinas, São Paulo, onde nasceu.

Cada vez mais imersa na capoeira, ela percebeu o quanto a prática havia sofrido influências da branquitude que deturparam suas bases. “Deram uma cara de competição às rodas, que deveriam servir como uma terapia corporal que nos conecta com a espiritualidade. Era para ser um ambiente acolhedor a todos, como pessoas com deficiência e corpos gordos”, elenca Puma, uma mulher trans, de 30 anos.

Puma também entrou no radar de estudiosos com seu projeto Capoeira para Todes — Foto: Caio Oviedo
Puma também entrou no radar de estudiosos com seu projeto Capoeira para Todes — Foto: Caio Oviedo

Mais tarde, teve um clique ao se deparar com uma batalha de vogue (danças e poses inspiradas em revistas de moda, surgidas na década de 1960, em Nova York). “Gente, isso é capoeira!”, pensou. Dali em diante, viu a mistura se dar de um jeito quase orgânico, no Parque do Alto, em Campinas. Puma dava aulas de capoeira para pessoas LGBTQIAP+ por lá, e a galera da cena ballroom, que também ensaiava no local, foi se aproximando até a mágica acontecer.

Criou, então, o projeto Capoeira para Todes que une as duas culturas e acolhe todos os corpos. “Quando agimos na roda, colocando pessoas trans para tocar berimbau e cantar músicas em pajubá (linguagem criada por travestis), reescrevemos a história. Falamos da ancestralidade e da transcestralidade”, define.

Professora investiga os reais propósitos da capoeira que foram apagados com o tempo — Foto: Caio Oviedo
Professora investiga os reais propósitos da capoeira que foram apagados com o tempo — Foto: Caio Oviedo

O projeto teve tanta adesão que já rendeu convites a Puma para ministrar aulas e workshops em mais de 40 países. Só este ano, ela viaja para França, Estados Unidos, Portugal, Gana, Tunísia e México. “A capoeira e o ballroom existem no mundo inteiro. Quando interseccionamosos dois, alcançamos ainda mais gente”, afirma.

A mistura também deu liga o suficiente para chamar a atenção de pesquisadores. Mestra de capoeira e professora do Departamento de Estudos de Gênero e Feminismosda Universidade Federal da Bahia, Janja Araujo é uma das estudiosas que acompanham Puma. “Ela integra o universo da capoeiragem a mudanças pertinentes na ‘grande roda’”, diz, em referência à sociedade como um todo. “E hoje, ao olharmos para a capoeira, reivindicamos o seu reconhecimento como movimento social, político e histórico.”

No que depender de Puma, essa roda jamais vai parar de girar.

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