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Por — São Paulo

Gisele Bündchen está ao volante, entre um compromisso e outro em Miami, onde mora, enquanto fala com a reportagem de ELA por chamada de vídeo. Mesmo com a câmera fechada, é perceptível sua euforia ao dar detalhes do novo livro “Nutrir: receitas simples para corpo e alma”, que chega às livrarias brasileiras esta semana pela editora Best Seller. A obra é um resgate às origens da übermodel gaúcha de 43 anos, passando pelos sabores da infância em Horizontina, no Rio Grande do Sul, ao lado das cinco irmãs, e pelos ensinamentos da mãe, Vânia Nonnenmacher, morta aos 75 anos, no final de janeiro, em decorrência de um câncer.

De maneira afetiva, Gisele também mostra as possibilidades da alimentação saudável, com receitas simples, em meio a rotinas atribuladas como a dela, sem cair na tentação da junkie food. “Organização é essencial. Se você não tem um plano para a semana, acaba comendo porcaria. Minha mãe tinha uma lista na geladeira e fazia tudo no final de semana, congelava feijão, lasanha. Nada era desperdiçado”, conta, durante o papo de meia hora. Há também pratos em homenagem à matriarca (“Caldo de galinha da minha mãe”) e aos filhos, Benjamin, de 14 anos (“Salada do Benny”), e Vivian Lake, de 11 (“Rolinhos de pepino com abacate da Vivi”), da relação de 13 anos com o jogador de futebol americano Tom Brady. “Benny é adolescente, come muito, quer sempre o dobro de tudo. Então, há um adendo com ‘combinações fartas’, incrementando cada receita”, diz.

Gisele conta como ressignificou sua relação com a comida após período em que vivia de junkie food — Foto: Kevin O'Briend
Gisele conta como ressignificou sua relação com a comida após período em que vivia de junkie food — Foto: Kevin O'Briend

A mãe de Gisele era, segundo a própria, um “anjo na Terra”. No último ano, durante seu tratamento, a modelo vinha ao Brasil uma vez por mês. Apesar de ter como mantra a vida feliz, positiva e de gratidão, tem se permitido viver o luto e acolher a tristeza. “Não tem outra forma. Quando a gente reprime um sentimento, ele se transforma em doença. Perder a mãe é uma das piores coisas do mundo”, lamenta.“Ela me ensinou a ser forte e independente. Meus filhos, às vezes, reclamam de lavar louça, colocar ou tirar a mesa e ajudar na cozinha. Mas digo a eles: ‘Essa foi uma das maiores bênçãos que minha mãe me deu’. Aos 14 anos, morando no Japão, sozinha, já era emancipada. Devo tudo aos meus pais”, pontua, referindo-se também ao empresário e sociólogo Valdir Bündchen.

Mais do que saúde, a boa alimentação trouxe autoconhecimento a Gisele. Aos 22 anos, sua dieta era baseada no combo fast food, cigarro e vinho, atrelada à prioridade máxima daquele momento, o trabalho. Não demorou para o corpo emitir o alerta, e as crises de pânico, ansiedade e depressão tornarem-se constantes. “Não fazia a correlação com meu estilo de vida. Fui a um médico e ele apontou as escolhas erradas que eu fazia. Eu não dormia, comia a qualquer hora, estava na ‘rodinha do hamster’. Parei tudo no mesmo dia”, lembra. Após ser vegana por alguns anos, voltou a comer proteína animal para melhorar os índices de ferro no organismo.

Era o início dos anos 2000 e a ascensão da estética heroin chic priorizava a magreza extrema e o ar melancólico das modelos. “Na época, o Bill Clinton, presidente dos Estados Unidos, fez um apelo para que a imprensa parasse de exaltar essa tendência, e que houvesse uma transformação. Foi quando Anna Wintour (editora de moda da Vogue America) viu Gisele no desfile do Alexander McQueen e disse: ‘É ela!’”, conta a empresária e consultora de moda Costanza Pascolato.

A übermodel fala sobre a relação com os filhos e de que forma transmitiu a eles os ensinamentos da mãe, morta em janeiro deste ano — Foto: Kevin O'Brien
A übermodel fala sobre a relação com os filhos e de que forma transmitiu a eles os ensinamentos da mãe, morta em janeiro deste ano — Foto: Kevin O'Brien

Nascia, com a gaúcha, a era das tops que simbolizavam saúde e bem-estar. “Gisele se tornou ‘natureba’ anos antes mesmo de o tema se popularizar”. O que o público via nas passarelas era mesmo reflexo da realidade.“Ela nunca foi aventureira ou usou drogas. A pegada natural é real. Para não ficar só na superfície, dedica-se a projetos e causas importantes”, complementa Costanza, para quem não parece exagero dizer que a moda salvou Gisele. E Gisele salvou as modelos.

A übermodel é solícita ao falar de sua família, a relação com Benjamin e Vivi e a sólida trajetória, de aspirante a modelo a um dos principais nomes da indústria da moda, além de empresária bem-sucedida. Mas é difícil saber mais do que isso. Poucos jornalistas conseguem vencer a barreira imposta por Gisele. Ao receber pedidos de entrevista, sua equipe se antecipa e avisa: ela não fala da vida pessoal. Na semana passada, no entanto, abriu uma brecha ao The New York Times, jornal mais importante dos Estados Unidos. Além de afirmar que as mulheres que têm coragem de deixar para trás uma relação não-saudável levam a culpa e a pecha de “infiéis”, assumiu, quase um ano e meio após a separação de Tom Brady, estar vivendo um novo amor. “Esta é a primeira vez que saio com alguém que era meu amigo. É muito diferente. É muito honesto e transparente”, declarou, mesmo sem confirmar a identidade dele — rumores apontam o professor de jiu-jítsu brasileiro Joaquim Valente, de 35 anos.

Gisele afirma estar vivendo uma nova fase, mais madura e cheia de criatividade — Foto: Kevin O'Brien
Gisele afirma estar vivendo uma nova fase, mais madura e cheia de criatividade — Foto: Kevin O'Brien

Será que Gisele se sente mais à vontade para se abrir com a imprensa internacional do que com a brasileira? “Não, não tem diferença. Eu não falo da minha vida pessoal, mas na hora em que a jornalista estava me entrevistando, estavam acontecendo muitas coisas ao mesmo tempo. E ela fez as perguntas baseadas nisso”, explica, sem querer dar mais detalhes. Resguardar a intimidade é uma maneira também de não dar margem a especulações. “Não quero que minha vida vire um tabloide. Hoje em dia, podem escrever qualquer coisa, ninguém checa, e isso gera audiência, é um business Minha vida privada vai continuar privada”, decreta. Ao ser questionada sobre o novo namoro, preferiu falar de aprendizados. “Acho que estou em uma nova fase, um novo ciclo da minha vida. Em breve, faço 44 anos e, com isso, vem a maturidade.”

Por reconhecer sua importância, a gaúcha entende a curiosidade e o assédio dos fãs, principalmente na internet. Porém, prefere gastar pouquíssimo tempo em frente às telas. “Faz parte de uma profissão como a minha. Mas tenho muito para viver, e escolho conscientemente não passar a vida nas redes sociais. Fico, talvez, uma hora por semana”. Ciente do lado tóxico de tablets e celulares, já “brigou” com a filha, que insiste em ter uma conta no aplicativo Snapchat, assim como os amigos da escola.

“Eu disse: ‘Esqueça, você não tem capacidade de lidar com as coisas negativas que vêm com isso. Pode brincar com joguinho, falar com as amigas pelo FaceTime, mas rede social, não!’. Claro que temos uma ótima relação, mas meu trabalho não é ser a melhor amiga da minha filha. É, antes de tudo, ser mãe dela.” Por volta de 20h, todos param de usar dispositivos eletrônicos, que são carregados no banheiro, longe da cama. “Não é uma punição, mas é um momento de estar mais calmo, caminhar com o cachorro, tomar banho, ler.”

Gisele Bündchen: 'Meu desejo é continuar criando até o dia em que eu morrer' — Foto: Kevin O'Brien
Gisele Bündchen: 'Meu desejo é continuar criando até o dia em que eu morrer' — Foto: Kevin O'Brien

Tanta disciplina, consciência e autoproteção talvez expliquem porque Gisele completará 30 anos de carreira, no ano que vem, com a imagem ilibada. Para Paulo Borges, fundador da São Paulo Fashion Week, palco em que a gaúcha deu seus primeiros pivôs, em 1997, estar no lugar e na hora certos e entender cedo a importância de tomar as rédeas do próprio trabalho a transformaram em um fenômeno. “Ela nunca deixou uma agência determinar sua carreira, sempre decidia todos os passos e tinha a palavra final. Era um destino traçado, Gisele veio ao mundo com uma missão. E o que criou para si não pode ser replicado”, entende o empresário.

A top causou comoção ao se despedir das passarelas onde começou, na mesma SPFW, em 2015. No ano seguinte, deu suas famosas passadas ao som de “Garota de Ipanema”, na cerimônia de abertura das Olimpíadas do Rio. Mas aquele não era o fim. Seguiu surpreendendo quem pensava em sua aposentadoria, ao surgir em campanhas recentes de grifes como Arezzo, Colcci, IWC, Alaïa e Balmain. “Trabalhar com Gisele é sempre uma emoção e nossa história tem mais de 12 anos. Sem dúvida, seu profissionalismo e parceria são os principais atributos de todo esse tempo”, garante Daniel Mafra, head de marketing da Colcci. E o que pensa a übermodel sobre tudo isso? “Nunca disse que iria me aposentar, apenas que não iria mais desfilar. Nunca vou parar de trabalhar. Meu desejo é continuar criando até o dia em que eu morrer. Adoro a criatividade que existe dentro de mim, quero aprender coisas novas. E a vida vai mostrar quais serão as próximas, você vai ver.” No que depender de seu rigor, o sucesso já é garantido.

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