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Bastou o Tinder colocar a opção “não-monogamia ética” entre as classificações sobre como as pessoas pretendem se relacionar, para começar a grita no X (antigo Twitter). “É como os jovens chamam os chifres?”, ironizou uma usuária. “Do que se trata? As outras são antiéticas?”, questionou outra. “Aparentemente só é ético para uma pessoa, e o resto que se dane. Meu Deus, que ódio”, desabafou uma terceira.

O termo não é bem recebido nem mesmo entre o não-monogâmicos declarados. No máximo, reconhecem que a expressão pode ajudar a compreender melhor o comportamento. Afinal, não-monogamia, defendem, não é bagunça. “Acho uma adjetivação desnecessária”, afirma a doutoranda em Ciências Sociais Luana Homma, de 31 anos, que tem uma relação do tipo com o namorado de mais de uma década. “Mas pode ser um jeito mais amigável de apresentar o termo, num primeiro momento, para quem não está familiarizado. É ético por conta do diálogo que existe entre nós. Temos os nossos acordos estabelecidos. Um deles é jamais fazer mal ao outro.”

Autora do livro “Descolonizando afetos” (Editora Planeta), a psicóloga Geni Núñez explica que expressões como “não-monogamia ética” e “não-monogamia consensual” costumam ser traduções do inglês, já que diversos termos como estes têm surgido nos Estados Unidos nas últimas décadas. “A intenção dos pesquisadores costuma ser frisar o consentimento e a ciência de todos os envolvidos nestas relações, sobretudo para diferenciar estes casos daqueles em que haveria ‘traição’”, afirma.

E para quem acha que é papo de geração Z (jovens nascidos entre a segunda metade da década de 1990 e o ano de 2010), Geni tem um recado: “Já acompanhei diversas mulheres mais velhas que viram na conquista do divórcio de um casamento normativo uma grande emancipação”. Segundo ela, embora o assunto seja mais recorrente entre os mais novos, a revisão sobre os modelos de relacionamento tem interessado pessoas de todas as faixas etárias. “Muitas delas já tinham esses incômodos e faziam experimentações afetivo-sexuais em um tempo em que o tema era ainda mais encoberto.”

A psicóloga e escritora Geni Núñez — Foto: Marcelo Hallit
A psicóloga e escritora Geni Núñez — Foto: Marcelo Hallit

Os ecos desse comportamento estão no Google. Segundo a plataforma, as buscas por “não-monogamia” quase triplicaram (+180%) no Brasil na comparação dos últimos dois anos com o período anterior. Do mesmo jeito, “o que é não-monogamia ética?” é a pergunta com maior crescimento sobre o tema na plataforma.

Se você também busca essa resposta, a psicóloga Marcela Aroeira, dona do Instagram @amores_plurais, afirma que essa “ética” da expressão serve para reforçar o canal de comunicação, o respeito à autonomia do outro e o cuidado com os demais envolvidos. E, nesse debate, segundo ela, cabe até um recorte de gênero: “A monogamia foi construída para as mulheres, que foram inseridas num contexto de domesticação e aprisionamento do próprio desejo e querer. Então, percebo que o impacto desse movimento é muito maior para elas, já que os homens sempre foram ensinados e encorajados a serem autônomos”.

Para quem não tem interesse em surfar nessa onda, contudo, o oráculo do Google também emite mensagens importantes: o Brasil é o primeiro país do mundo com mais interesse de buscas por “monogamia” nos últimos 12 meses. Que o diga o músico Gabriel Leal, de 41 anos, um dos entusiastas do modelo, embora faça questão de frisar que não tem nada contra a não-monogamia. Depois de um casamento de dez anos, ele chegou a cogitar o relacionamento aberto, mas viu que não era para ele. “Amar, para mim, demanda um certo empreendimento, um esforço contínuo, de se colocar em posições de fragilidade e entender a outra pessoa”, define Gabriel, hoje em outro relacionamento. “Respeito quem consegue fazer isso com mais de uma pessoa. Tenho amigas que se deram superbem desse jeito. Mas comigo não rolou.”

O combinado, como se sabe, nunca sai caro.

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