Primeiro hotel de luxo de Búzios, com diárias entre R$ 2 mil a R$ 6 mil, faz 50 anos

Há meio século, das traineiras que deslizavam pelas águas, pescadores locais avistavam lá no alto do Morro do Humaitá um conjunto de casas arcadas e brancas. Eram elas que serviam como ponto de referência de navegação na Armação dos Búzios. Chamavam de Casas Brancas, e eram a residência do casal Amalia de la Maria, argentina, e Affonso Carlos Bebbiano Montenegro, carioca, que compraram o terreno naqueles idos. Quando decidiram transformar a casa em pousada para turistas aventureiros, em um momento em que a ponte que conecta o Rio a Niterói ainda seria finalizada, o nome foi adotado. Afinal, nasceu no mar. Tem berço melhor? Ao longo desse meio século, muita águas rolaram por ali.

De quatro cômodos passou para 34, todos com tamanhos e décor diferentes (com diárias entre R$ 2 mil e R$ 6 mil); de casa residencial, para o mais icônico, disputado e premiado hotel de Búzios. Está na Gold List da Traveller, no World Travel Awards... Só elogios. Esse ano mesmo já deu tempo do espaço faturar o Prêmio Condé Nast Johansens de Excelência como o melhor café da manhã em hotel da América Latina.

Ravióli de queijo de cabra com pistaches — Foto: Thomás Rangel

Em 2015, com a morte de Amália, seus dois filhos, Luisa, a Luli, e Santiago, o Santi, assumiram o comando. E bem. Nascidos e criados ali, acompanharam de perto as muitas evoluções e transformações do Casas Brancas, que atualmente passa por um bom momento, com chef novo a postos, o Filipe dos Santos, que cuida de todo o serviço do hotel e das cozinhas do 74 Restaurant (de cara para o mar) e do 74 Osteria, o novo italiano instalado no térreo há cerca de seis meses. Os dois aceitam clientes não hóspedes, mas no 74 de cima, só com reservas, enquanto no Osteria, diante da facilidade do acesso pela Orla Bardot, é um agito só, com fila na porta quase todas as noites.

Filipe dos Santos, paulista que já andou pelo D.O.M, em São Paulo, e pelo Posi, no Rio, toca o barco com uma equipe afiada, que acaba de ganhar os reforços da confeiteira chilena Jenifer Ortega (ex-Fairmont) e do mixologista gaúcho Luis Fernando Bueno.

O novo menu do 74 Restaurant, todo elaborado por Filipe, entra em cartaz nesta quinta-feira, dia 22. “Procuro usar o máximo de produtos que dispomos ao redor e dar sempre um toque ‘alegre’, especialmente nas receitas mais clássicas”, resume o chef. Entre os destaques do cardápio, coxinha de pato com aioli de laranja-bahia, tuna tonnato à moda 74 (uma brincadeira com o vitello) e risoni cremoso com endro e lagosta. “É uma cozinha brasileira”, resume.

Língua de boi, ovo pochê, pak choi e purê de batatas — Foto: Thomás Rangel

Jenifer Ortega chegou ao Rio há cinco anos e a Búzios há dois meses. “Achava os doces muito doces”, lembra. “Gosto de trabalhar com as frutas”, pontua. Para o Casas Brancas, criou picolé de café com caramelo salgado, bolo de coco gelado e musse de baunilha com gelato de goiabada.

Nas taças, o mixologista Luis Fernando entra na onda, com versões frescas de drinques clássicos. Para brindar aos 50 anos da casa, criou quatro coquetéis, entre eles o La Divina, uma marguerita em homenagem à fundadora Amalia, e o Dona Helena. “Dona Helena foi cozinheira da casa nos anos 1970 e 1980, e fazia uma geleia de laranja que até hoje é servida no café da manhã do hotel. Essa geleia é usada como finalização do coquetel, feito à base de cachaça com avelã, caju, cacau e limão”, conta.

Além dos restaurantes, da piscina com uma das vistas mais deslumbrante de Búzios, ainda tem o spa com quatro salas de massagem e hidro com vista para o mar. É daqueles que a gente perde a noção de tudo: tempo, dia, hora. E quem quiser se lançar ao mar, recomendo embarcar numa traineira (o hotel agenda) com cestinha de piquenique a bordo, com finas iguarias preparadas pelo chef Filipe, e avistar lá do meio do mar, tal e qual os pescadores locais, a bonita construção fincada no alto do Morro do Humaitá.