Antonio Banderas não tem tempo a perder. É tarde da última terça-feira, e ele chega a uma sala do Copacabana Palace, no Rio, falando ao telefone. “Preciso desligar. Tem um jornalista aqui tomando nota de tudo”, brinca, antes de começar a entrevista e posar para as fotos. Ele está bem no meio de uma agenda cheia para divulgar os novos perfumes The Icon Attitude e The Icon Splendid. Depois de uma passagem pela Argentina, a visita ao Rio inclui encontros com jornalistas e influenciadores e um coquetel cheio de famosos numa mansão em Santa Teresa.
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Tarefas cumpridas com o fôlego de um homem que, aos 63 anos, corre 8 km, em 42 minutos, todas as manhãs. “Eu me sinto exatamente como era aos 30”, compara. Isso depois de ter sofrido um infarto, em 2017, que diz ter mudado a maneira como enxerga a própria existência. “A vida é muito frágil, você pode perdê-la em um segundo. Percebi isso e passei a sentir uma empolgação em viver de um jeito real.” Realidade que, conta o ator espanhol na entrevista a seguir, tem a ver com mais diálogos, projetos com os quais se identifica e um relacionamento apaixonado com a empresária Nicole Kimpel, sua namorada há oito anos.
O GLOBO - Num mundo tão conectado por telas, o olfato ganha ainda mais valor para a realidade?
ANTONIO BANDERAS - É tão importante quanto os outros sentidos. Preciso ver, ouvir, provar, tocar e cheirar. E quando penso num cheiro, gosto que seja bom. Egípcios, romanos e gregos pensavam a mesma coisa há milhares de anos. O aroma pode nos transportar para outros lugares. Lugares melhores.
E por falar em telas, como vê os impactos dessas tecnologias no cinema?
São bons e ruins, mas não diz respeito só à indústria cinematográfica. É mais perigoso para a vida em si. As pessoas têm um cérebro no bolso (sobre o celular), e tudo o que você precisa está lá. Construíram uma máquina que, aparentemente, nos dá todas as respostas. Mas nem todas. Por isso, adoro fazer teatro em vez de filmes atualmente. O público está presente, assim como eu. Após um evento importante em minha vida, decidi voltar à primeira paixão pela atuação. Não me tornei ator porque vi filmes e pensei: “Quero estar lá”. Foi pelo teatro. Fiz uma limpeza em minha vida e vi quais eram as coisas importantes. Entre elas, além da minha filha, dos meus amigos e da minha família, estava o teatro.
O evento é o infarto, certo?
Sim. Todos sabemos que vamos morrer, mas sempre temos a ideia de que a morte está distante. A vida é muito frágil, e você pode perdê-la em um segundo. E eu me tornei mais sensível ao que realmente amava.
Seu relacionamento com Nicole Kimpel segue firme e forte. Qual o segredo?
Não impomos nenhum tipo de regra em nosso relacionamento. Além disso, somos completamente diferentes. Ela é muito boa em matemática, e eu sou muito ruim com os números. Ela é muito calma, e eu estou sempre empolgado, agitado.
Chegou aos 63 anos como imaginava?
Não. Quando tinha 20 anos, pensava que estaria usando uma bengala aos 63 (risos). E eu me sinto exatamente como me sentia aos 30. É muito surpreendente.
E como está a relação com Hollywood?
Não está completamente desligada, mas não moro lá. Eles têm muito dinheiro e desenvolvem uma indústria enorme. Mas, filmes feitos na Europa ou na América do Sul, por exemplo, são diferentes, mais artísticos. O dinheiro não é tão importante, mas sim a contribuição, a ideologia daquela obra.
“Mães paralelas”, último longa de Almodóvar, um amigo seu, é explicitamente político. como vê o aumento do conservadorismo?
Estou preocupado, mas estou preocupado com a extrema direita e a extrema esquerda. Adoraria ter um mundo mais consensual entre as diferentes partes. Não acho que extremos sejam bons.
Acha que os artistas podem ajudar nisso?
Não sei se ajudo outras pessoas, mas posso responder como público. Não entenderia a vida sem música. Assim como preciso de comida, preciso de pinturas, literatura, teatro e filmes. Isso me faz compreender melhor o mundo.