Moda
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O banho de mar e o flanar pelas areias não são mais os mesmos. A apropriação da praia e dessas atividades correlatas — integradas aos hábitos dos cariocas desde o início do século passado — fazem com que o beachwear seja um espelho d’água, no qual são refletidas mudanças de comportamento. Por meio dele, são retratadas tendências, estampados movimentos e levantadas bandeiras. No verão 2024, quando a temperatura promete subir mais do que nunca, a escolha do biquíni e do maiô é também política.

A nova geração de criadoras e influenciadoras do Rio — Lucia Hsu, da Cosmo Rio, Ligia Parreira, da Praiey, Mariana Queiroz, da Amara Praia, e Mari Lobo, do projeto Tô usando biquíni, todas clicadas neste ensaio — sabe bem disso. Elas definem em suas peças recortes baseados em questões contemporâneas. Estão lá temas como o corpo livre, exaltação de todos tamanhos e idades, o uso de tecidos biodegradáveis, a “africanização da praia” e a valorização da cultura de rua carioca.

A estilista da Praiey, Ligia Parreira — Foto: Catarina Ribeiro
A estilista da Praiey, Ligia Parreira — Foto: Catarina Ribeiro

A estilista Ligia Parreira, de 41 anos, à frente da marca Devassas.com e idealizadora do coletivo Pop Afro, sentiu necessidade de criar uma “moda de molhar”. “Sou suburbana, do Méier. A Praiey nasceu em Madureira. Eu e minha sócia, Ignez Teixeira, começamos na pandemia. O conceito é vestir corpos maiores e mais velhos”, explica.

As estampas, inspiradas em capulanas (tecido que é patrimônio cultural em Moçambique), enchem os olhos. “Quero ‘africanizar’ a praia”, diz. Ela utiliza malhas de alta compressão e vai até o tamanho G4. “É incrível pensar na ‘tia’ que nunca se sentiu representada”.

Lucia Hsu, da grife Cosmo Rio — Foto: Catarina Ribeiro
Lucia Hsu, da grife Cosmo Rio — Foto: Catarina Ribeiro

Essa mesma bandeira também é erguida pela designer Lucia Hsu, de 38 anos, que fundou, em 2017, a Cosmo Rio. A marca, que já caiu nas graças de cariocas famosas como Anitta, é voz potente das ondas locais. “A praia não era um lugar inclusivo, mas estamos transformando esse cenário em 2024. O beachwear carioca é autêntico, lembra o street style de outras capitais’”, reflete. “Fico feliz em ver pessoas gordas usando fio dental. Sempre que podemos, aumentamos nossa grade e utilizamos tecidos biodegradáveis”, afirma. Nessa temporada, ela vai diminuir ainda mais a distância entre avenidas e águas. “Trouxe a cultura de rua do Rio para as peças. Também estamos apostando em roupas, priorizando fibras que não amassem e sequem rápido. E temos dois lançamentos para o alto verão: peças sem gênero e a entrada de tecidos planos”, detalha a estilista.

Para a consultora de branding Renata Abranchs, além de modelagens confortáveis e tamanhos inclusivos, tecidos biodegradáveis e tecnologias inteligentes são essenciais sob o sol escaldante de 2024. “Para que as peças transpassem suas funções originais e circulem pela cidade”, observa.

Criadora de conteúdo digital com mais de 100 mil seguidores, Mari Lobo, 26, carioca de Campo Grande, formou-se em Serviço Social antes de circular diante das câmeras. “Passei a ver beleza no meu corpo ao começar a me fotografar, em 2020”. Ano passado, criou o perfil Tô usando biquíni, no Instagram, para incentivar outras mulheres a fazerem o mesmo. “Eu as convido e as fotografo. É um orgulho vê-las desfrutando da praia com liberdade.”

Mariana Queiroz, da marca Amara Praia — Foto: Catarina Ribeiro
Mariana Queiroz, da marca Amara Praia — Foto: Catarina Ribeiro

Mariana Queiroz, 31, da Amara Praia, compartilha dessa alegria desde sempre. De São João de Meriti, na Baixada Fluminense, fez faculdade de Design de Moda já sabendo o que queria: “Pegava três conduções para chegar ao mar. Nos melhores momentos da minha infância e adolescência, estou usando biquíni”. Formada, resolveu empreender depois de trabalhar com visual merchandising. “A Amara nasceu há quatro anos. É o nome da minha avó. A marca fala sobre afeto. Para o verão, minha aposta são linhas bicolores e modelagens pequenas”, revela. A estilista se engaja na missão. “Não abro mão de trabalhar com fio biodegradável e nossa cadeia produtiva é local, 100% feminina e periférica.”

Pode vir quente, verão, que elas estão fervendo.

Beleza: Fernanda Suzz. Assistência de beleza: Carolina Dutra, Débora Riete e Marcela Vieira. Assistência de fotografia: Flávia Paulo. Produção executiva: Kariny Grativol.

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