Ela
PUBLICIDADE
Por

Um pouco de reflexão basta para mostrar que, afinal de contas, o mundo moderno é bem menos masculino e muito mais feminino do que parece. Embora atualíssima, a frase, assinada por Roberto Marinho, foi escrita há 60 anos, na capa do primeiro Caderno ELA. Publicado em 4 de janeiro, o suplemento de O GLOBO chegava inaugurando novos tempos no jornalismo voltado para mulheres. Era início do ano que abalou o Brasil: 1964.

Poucos meses após a primeira edição, os tempos sombrios da ditadura foram inaugurados com o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart. Porém, precisamos lembrar, 1964 foi também um ano marcado por um turbilhão cultural. No teatro, Nara Leão e Zé Keti estreavam “Opinião”, no Arena. Na literatura, Clarice Lispector publicava um de seus livros mais radicais, “A paixão segundo G.H.”. Na música, Roberto Carlos lançava “É proibido fumar”. E o turismo do Rio ganhava destaque nos jornais internacionais com o dolce far niente de Brigitte Bardot em Búzios.

Vanguarda do chamado jornalismo feminino — se é que o termo faz sentido —, ELA se dedica a estampar, em suas páginas, as principais potências da moda, da cultura, da gastronomia, do design e as transformações comportamentais e de pensamento. Foi neste espaço que as leitoras — e os leitores também! — conheceram talentos e marcas como Isabela Capeto, André Namitala, Alessa, Farm, Maria Bonita, Andrea Saleto, Lenny Niemeyer, Yes, Brazil, Blue Man, Salinas, The Paradise, entre tantos outros. “A moda estava sempre inserida em um contexto maior, como a cultura, a nossa forma de viver e o estilo de vida carioca. Tinha uma visão mais descontraída, e não por isso superficial”, lembra Patricia Veiga, coordenadora de moda da publicação entre 1988 e 2012 e autora do livro “Moda em Jornal” (Editora Senac Rio). “Promovíamos parcerias artísticas, retratando pessoas que não fossem só modelos, mas anônimos com história de vida ou de vanguarda, além de artistas, cantoras, escritores, cineastas.”

Façamos as contas. Por ano, são 52 edições semanais... desde 1964. Em seis décadas, são 3.120 publicações de ELA. Por essas páginas, passaram grandes nomes do Brasil e do mundo. De Betty Lago a Gisele Bündchen. De Léa Garcia a Fernanda Montenegro. De Alexander McQueen à stylist Isabella Blow. De Janja a Michelle Obama. De Pedro Almodóvar a Jane Birkin. Entre os colunistas, escritores e jornalistas como Edney Silvestre, Maria Carmen Barbosa, Euclydes Marinho, João Ximenes Braga, Danuza Leão, Mônica Waldvogel, Hildegard Angel e Reinaldo Moraes e até os atualíssimos Martha Medeiros, Luana Génot e Bruno Astuto, que editou a revista entre 2017 e 2018.

Também já teve logo feita pelo designer americano Milton Glaser, criador do I Love NY. Desde 2017, é assinada pela designer Dushka Tanaka, criadora do projeto gráfico com sua irmã e sócia Mayu Tanaka. “Em 2017, criamos o novo layout junto com as mudanças editoriais que buscavam sofisticação”, lembra Dushka. Marina Caruso, editora-chefe da Revista ELA desde 2019, ressalta que a publicação consegue ser quente e atenta pela velocidade da criação. “Em tempos que, de alguma maneira, todas as revistas femininas foram ficando iguais, conseguimos trazer os assuntos da semana e mudar a capa rapidamente se for preciso”, comenta Marina.

A marca ELA teve muitas mudanças, e três momentos traduzem as principais. O primeiro foi em 1989, quando passou a ser um caderno todo colorido. O segundo, em 2012, quando tornou-se uma plataforma digital, com o site e o perfil @elaoglobo no Instagram. E o terceiro, em 2017, quando foi transformada na Revista ELA, ampliando o espaço e os temas abordados semanalmente. “Com o site, a temática das matérias se ampliou e passamos a ter uma visão de cobertura diária das notícias e das novidades”, lembra Ana Cristina Reis, editora entre 2003 e 2016.

Muitos foram os editores. A primeira foi Nina Chaves. Depois dela, houve Sonia Biondo, Elda Priami, Toni Marques, Renata Izaal, Mara Caballero, entre outros. “Como uma jornalista que vinha da cobertura de cidade e comportamento, minha mãe trouxe uma visão de mundo que desencaretou o jornalismo feminino com uma linha de vanguarda”, conta o editor executivo do GLOBO Miguel Caballero, sobre o legado de Mara, editora entre o início dos anos de 1990 até 2003.

ELA, hoje, é cosmopolita e carioca, feminista e antirracista, cultural e fashionista. Nas capas, a beleza real dos diferentes corpos, gêneros e idades. O diálogo com o público se torna cada vez mais direto com plataformas de eventos como o ELA Inspira e o Elas por ELA. “O feminismo, a diversidade e a sororidade, de que tanto falamos na revista, saem do papel com cada vez mais frequência”, diz Marina.

E, contém spoiler: a Revista ELA celebra 60 anos de cara nova na semana que vem. Aguarde!

Mais recente Próxima Caso Graciele Lacerda: noiva de Zezé Di Camargo reacende polêmica sobre acusações e briga com família do cantor
Mais do Globo

Prefeito do Rio diz que presidente vai liderar reunião com a Caixa e ministério responsável pelo patrimônio da União nas próximas semanas

Estádio do Flamengo: Eduardo Paes revela bastidores de conversa com Lula sobre terreno

Pacientes internados em hospitais que realizaram a pesquisa tiveram 33% menos chance de serem acometidos pela infecção

Pneumonia: escovar os dentes 2 vezes ao dia pode ajudar a afastar doença, diz estudo da Harvard

Classificada para as quartas de final, Imane Khelif enfrentará a húngara Luca Anna Hamori

Boxeadora da Argélia alvo de polêmicas pode garantir medalha hoje, saiba horário da luta

Local possui sistema de empréstimo de veículos com estações distribuídas pela cidade

Aproveitando 'clima olímpico', Paris quer virar 'cidade das bicicletas'; entenda

Velejadora diz que despedida teve "gosto amargo" mas que terá lindas lembranças de Marselha, onde a competição da vela aconteceu

Após oitavo lugar em Paris-2024, Martine Grael diz que não disputará mais categorias olímpicas

Delegação francesa determinou que cada ouro nos Jogos Olímpicos renderia um montante de 80 mil euros

Sensação em Paris-2024, nadador francês ganhou R$ 2 milhões como prêmio por medalhas

Estreia do espaço, na Rua Maurício da Costa Faria, terá musical infantil e stand-up comedy

Recreio dos Bandeirantes ganha primeiro teatro de rua; oficina gratuita de interpretação tem inscrições abertas

Obra também será reeditada pela Companhia das Letras

Livro 'Cidade partida', de Zuenir Ventura, ganhará edição pensada pelos filhos do autor

O Tribunal de Contas do Estado destaca que o sobrepreço do edital passava dos R$ 26 milhões

TCE manda suspender licitação que previa gastar quase R$ 900 milhões com pavimentação em cidades do estado