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Por — São Paulo

A advogada Vanessa Medeiros, 39 anos, aprendeu, após uma tragédia pessoal, como o dinheiro pode ser um catalisador não só de sonhos, mas também da liberdade. Aos 22, antes de se formar em Direito, trabalhava como coordenadora em um projeto social da prefeitura de São Paulo, quando conheceu o ex-marido, também advogado, e viveu uma paixão avassaladora. “Ele me ofereceu um emprego de secretária e me incentivou a entrar na faculdade”, relembra.

Como pagamento, Adriano (nome fictício) quitava a mensalidade do curso. Quatro anos depois, já casados, ele bancava Vanessa e todas as despesas da casa. “Tudo o que quisesse comprar, tinha que pedir a ele, dar satisfação. Sempre fui muito mimada, ele não deixava faltar nada... E assim as coisas seguiram.”

Porém, a história de Vanessa sofreu um revés quando Adriano se envolveu com a melhor amiga dela. “Após a traição, quis terminar. Ele começou a me tratar mal e não me dava mais nada”, conta a advogada. Sem chegar a um acordo de divórcio, Vanessa viveu no limite. Saiu de casa, contraiu dívidas e não tinha dinheiro nem para o supermercado. “O desespero foi tão grande que pensei em suicídio”, conta, emocionada.

A advogada Vanessa Medeiros — Foto: Arquivo pessoal
A advogada Vanessa Medeiros — Foto: Arquivo pessoal

Graças a ajuda dos pais, conseguiu, aos poucos, se reerguer. Hoje, bem-sucedida e casada novamente, orgulha-se ao dizer que é independente. “Tenho meu dinheiro e meu marido, o dele. Antes, não era organizada, gastava mais do que ganhava. Entendi a importância de ter conhecimento sobre finanças.”

O caso de Vanessa ilustra o quanto a falta de educação financeira pode nos levar a situações de violência psicológica, patrimonial, ou, simplesmente, a viver apagando incêndios, sem planos para o futuro. Pesquisa feita no ano passado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais mostrou que cerca de 64% das mulheres não guarda dinheiro de jeito nenhum. Entre parte da população que investe, elas estão ainda em menor número: apenas 28%.

A economista e colunista de O GLOBO, Zeina Latif, afirma que o brasileiro, no geral, não tem o hábito de poupar, e as mulheres têm menos autonomia ao investir. “Muitas vezes, elas têm o seu próprio dinheiro, mas na hora de tomarem uma decisão, pedem ajuda ao marido.”

A educadora financeira e influenciadora Nathália Rodrigues, a Nath Finanças — Foto: Divulgação
A educadora financeira e influenciadora Nathália Rodrigues, a Nath Finanças — Foto: Divulgação

Para a educadora financeira e influenciadora Nathália Rodrigues, a Nath Finanças, o preconceito é um dos agravantes para a falta de interesse das mulheres no assunto. “Quando fiz Administração, nas aulas de matemática, éramos subestimadas. Não nos levavam a sério ao falar de economia e finanças”, ressalta. A administradora pela FGV Júlia Abi-Sâmara, criadora da plataforma @as.investidoras, concorda. “Falta referência, estímulo. Tenho seguidoras que, ao contar para o pai, irmão ou namorado que está aprendendo sobre o assunto, são menosprezadas.”

Outro problema, relembra Nath, está na memória e nos livros de história. “O brasileiro tem trauma da hiperinflação da era Collor. Muitos perderam o dinheiro de uma vida inteira. Hoje, 70% da população está endividada e a cultura é guardar apenas quando está sobrando. Não há planejamento.” Esse pensamento, diz, atinge mulheres que são mães solo ou chefiam o lar. As maiores dores, explica a influenciadora, são as dívidas no cartão de crédito e a dificuldade de organização. “O primeiro passo para mudar isso é o autoconhecimento. Depois, separar gastos e receitas, quitar dívidas e, em um segundo momento, projetar metas realizáveis.”

A estrategista digital Camila Rosa — Foto: Arquivo pessoal
A estrategista digital Camila Rosa — Foto: Arquivo pessoal

Ao tentar “curar” a mesma dor, a estrategista digital Camila Rosa, de 27 anos, viu no trauma de um empréstimo com juros a perder de vista e o sonho do carro próprio cada vez mais distante o impulso para mudar a relação com o dinheiro. “Na minha família, nunca houve educação nesse sentido. Com a ajuda de um curso on-line, aprendi a rever minhas necessidades e a gastar com o que realmente importa”, assume.

Para Júlia Abi-Sâmara, é importante que as mulheres pensem sobre o significado do cuidado com o dinheiro. “Educação financeira não é para ficar milionária, mas sim, ter qualidade de vida, poder de escolha, estar em lugares confortáveis e seguros, e sair de relações de abuso”, afirma. Porque se dinheiro na mão é vendaval, também pode ser bonança.

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