Em Madri, André Lamoglia fala dos encantos da cidade e aponta a necessidade da criminalização de atos xenófobos e racistas

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Segundo André, a transição para uma carreira internacional não foi só uma oportunidade que bateu à sua porta, mas sim um processo cuidadosamente considerado.

"Quando esse teste chegou através do meu empresário, eu fiquei super animado. Já conhecia a produção, que era um grande sucesso não apenas na Espanha, mas em várias partes do mundo, incluindo no Brasil. Além disso, o personagem era brasileiro, mas o papel exigia fluência em espanhol, o que me fez acreditar que poderia ser mais um diferencial, já que tinha feito trabalho anterior na língua, no caso, quando fui morar na Argentina para gravar 'Bia', da Disney. Depois de passar por algumas etapas do processo seletivo, recebi a boa notícia de que fui escolhido! Minha ideia é continuar explorando boas oportunidades em vários países, seja onde for!", afirma.

Apesar da recepção calorosa que recebeu na Europa, seja nos bastidores, nas ruas, ou em eventos internacionais como a Semana de Moda de Milão e Paris, André não hesita em concordar que a realidade da xenofobia e até do racismo, algo que ele não sente na pele mas julga a luta antirracista urgente por parte de todos, por vezes se mostra presente, e seguem profundamente enraizados.

"No meu ambiente de trabalho, nunca fui alvo de xenofobia. Só tenho coisas maravilhosas a dizer das pessoas com quem pude conviver aqui no país. Ao mesmo tempo, é só ir a um estádio de futebol que você vê que não é bem assim quando escala para algo maior", ressalta.

André, no entanto, reflete sobre a perpetuação desses problemas em ambientes como estádios de futebol, onde o amigo, o jogador da seleção e do Real Madrid, Vini Jr., tem frequentemente sido alvo de discriminação.

"Tive o desprazer de ver isso acontecer com um amigo, recentemente. O estádio é só uma extensão do que algumas pessoas — embora sejam minoria — acham aceitável fazer fora dele, e isso tem que mudar. Importa, com certeza, se dizer que é a minoria, porque a maior parte da população não concorda com isso, mas não basta não concordar, é imprescindível todo mundo reforçar que não cabe mais isso, nunca coube. Pedir leis punitivas e severidade na aplicação, seja para xenofobia ou qualquer tipo de preconceito, como o racismo. Não dá para ser permissivo com conduta que deveria ser encarada como criminosa. É aquela frase que precisa ser repetida: 'não basta não ser racista, é preciso ser antirracista'. E não ser firme em expressar isso é 'passar pano' e ser permissivo com conduta inaceitável. Não dá", desabafa.

Com o fim de "Elite" se aproximando, André já vem se aventurando em novos projetos. Seu trabalho em "Blood & Water", a série de maior audiência da Netflix na África, marcou sua incursão em um terceiro idioma: o inglês. Cheio de sede artística, o ator compartilha:

"Além desse crossover com 'Elite', eu tenho também um projeto autoral que quero muito tirar do papel, embora ainda não possa compartilhar detalhes. Além disso, estou envolvido como um dos produtores em um segundo projeto, no qual também pretendo atuar. É um roteiro que me cativou desde a primeira leitura e estamos trabalhando para torná-lo realidade, mas só poderei compartilhar mais informações quando tudo estiver concretizado!."

Embora sua carreira internacional esteja em ascensão e André esteja em terras madrilenhas, o artista não descarta a possibilidade de retornar às telas brasileiras.

"Fazer mais projetos no Brasil é uma possibilidade. Inclusive, já recebi algumas propostas, mas estou esperando ainda o momento certo. O formato não é o principal, e sim a história e o personagem serem bons, se é um projeto que me motiva e me instiga. Em qual país e se é pra TV, cinema ou streaming, muitas vezes não é o determinante", destaca.