Coleção de móveis e itens acumulados em 18 mudanças: conheça o apê da designer de interiores Camila Niskier

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De volta ao Brasil, a designer mergulhou em uma grande obra para deixar o lugar, de 170 metros quadrados, exatamente como queria. Chamou para o projeto as arquitetos Ana Figueiredo, Nanda Negri e Livia Esteves, do escritório Noa, e, juntas, redesenharam o layout inteiro, derrubando todas as paredes. Os filhos já adolescentes desejavam quartos separados e Camila, que adora cozinhar e receber, pensou em uma cozinha aberta e viva. “Nossa casa é vegetariana, um pedido feito pelos meninos em Bali, quando estudavam na Green School, talvez a escola mais sustentável do mundo”, conta ela.

Para misturar a variedade de móveis e acessórios acumulados durante as viagens, o projeto segue uma arquitetura limpa, sem excessos. A base branca com concreto aparente ganha cor em uma das paredes da sala (Verde Noite, da Coral) e também na cozinha. Ali, o revestimento escuro é resultado de um curso que a designer fez sobre bioconstrução, quando caiu de amores pela técnica marroquina chamada Tadelakt, à base de cal, com acabamento lustroso e suave. Em destaque, a bicicleta pendurada revela a atividade preferida do marido. “É uma casa cheia de personalidade”, elogia Ana Figueiredo. “Seguimos juntas o tempo todo nos complementando com parâmetros técnicos, noções espaciais e percepção estética. Mas o molho final é exclusivamente dela.”

A maioria dos móveis que recheia o apê veio de Moçambique e Bali: mesa de jantar, carrinho de bar, pufes, luminárias, caixas, cachepots... Na entrada do hall, os sinos são tradicionais campainhas balinesas. A estante baixa de ferro branco da sala de jantar, anterior às viagens, ganhou um tampo de mármore que deu cara nova a uma peça já bem gasta. As cadeiras de jantar, Thonet, os pais de Camila receberam de presente de noivado.”Reúno muitas histórias aqui. O chifre em cima da porta veio no colo da minha avó de uma viagem da Finlândia”, conta.

Há também os móveis desenhados para a Bauh, nova marca de Camila (veja box), que ela não resistiu e levou para casa, como as mesas de centro e lateral, além de abajures e bandejas. Para arrematar, algumas peças garimpadas em leilões. "Esse é um vício perigoso!”, ri: "Os itens menores, decorativos, têm várias origens. Além das cidades onde eu vivi, vieram da Turquia, Amazônia, Swazilandia, África do Sul, Namíbia”.

Nas paredes, todos os quadros fazem parte da coleção acumulada ao longo dos quase 20 anos de relacionamento do casal. E misturam-se a pratos, esculturas, tecidos e objetos. Até um cinto de Arapiuns, no Pará, e o ketuba, contrato de casamento da religião judaica, acabaram pendurados.

Ela lembra que o quarto de casal foi a parte mais difícil. Decidiram montar um home office, necessidade criada com a pandemia que acabou virando hábito. Abriram mão de muitos livros, doados para bibliotecas públicas, privilegiando apenas os preferidos e não lidos ainda. “Não consegui seguir por uma linha completamente clean. Tinha acabado de trabalhar no Studio Jencquel, com suas linhas simples e uma elegância discreta, mas acabei me rendendo a quem eu sou… Fiz uma mistura de estampas coloridas, que funcionaram bem juntas”, pontua.

Trouxeram as duas mesas de cabeceira e a cama, bem baixinha, da casa de Moçambique ("Um acesso super fácil quando meus filhos eram menores, mas até hoje eles vivem por lá”). Já as luminárias são de Bali e o quadro em cima da cama, na verdade é um caminho de mesa comprado de um artesão na Namíbia. "Minha casa é uma extensão de mim e das histórias que eu vivi”, reflete: "Um espaço fervilhante, sem frescuras, e um convite para quem chega tirar os sapatos, deitar na rede enquanto espera alguma coisa sair das panelas".