Assinando também a colaboração de roteiro do curta-metragem dirigido por André Hayato Saito e produzido pela MyMama Entertainment, Jacqueline Sato, que também é membro da Academia do Emmy Internacional, tem se dedicado a projetos que colocam em destaque a representatividade amarela, é o caso também do programa "Mulheres Asiáticas", produção pioneira ao trazer protagonismo para esta parcela da população na televisão brasileira, e que em breve fará parte da programação do canal E! Entertainment.
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"Ver a nossa história — nós, que tantas vezes não somos considerados brasileiros o suficiente — representando o Brasil em Cannes é de um poder e simbolismo revolucionários. É uma conquista que dá voz, visibilidade a tantos de nós que, por tanto tempo, nos sentimos não pertencentes e ocupando um não-lugar. Agora, neste cargo, meu objetivo é contar as histórias que sempre desejei ver sendo contadas. Algumas vezes, sim, eu posso fazer parte da obra enquanto atriz, mas outras, não. Percebi que só com pessoas pertencentes ao recorte nos papéis chaves essas histórias poderiam se tornar realidade com a profundidade e qualidade que merecem, como é o caso deste curta", diz em conversa com a Ela.
Enquanto atriz, Jacque relata que muitas vezes ouviu que eu não era brasileira o suficiente e, em outras, não era japonesa (ou asiática) o suficiente.
"As oportunidades de testes sempre foram poucas e em muitas delas os papéis não eram interessantes, ou eram rasos, ou eram estereotipados. Depois de anos, esperar pelos papéis e histórias que contemplassem com autenticidade essa parcela da população da qual eu pertenço passou a não ser mais um caminho. A inquietação e a urgência de ver a mudança acontecer foram ficando cada vez maiores e resolvi agir", afirma.
Estreia como produtora associada
Jacque colocou energia para criar, produzir e conectar pessoas no projeto para que as narrativas asiático-brasileiras ocupem cada vez mais espaços.
"Hoje com 'Amarela', meu primeiro filme como Produtora Associada, concorrendo em Cannes e dirigido por André Hayato Saito, cuja luta por mais representatividade foi o ponto inicial de conexão da nossa amizade, testemunhamos uma obra que conta a história de uma nipo-brasileira, realizada por uma equipe predominantemente amarela", conta a nipo-brasileira.
Jacque analisa a atual fase: "Este momento é o culminar de muitos sonhos e muitas curas sendo realizadas: de nós mesmos, dos nossos ancestrais, e é o pavimentar de uma nova realidade para as futuras gerações. Para que elas não sintam o que tantos de nós sentimos. Para que elas tenham referências, vejam que a voz delas importa, e que não se identifiquem num 'não-lugar' e, sim, pertencentes a muitos lugares que queiram ocupar, inclusive, a premiação de Cannes."