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Por O Globo com AFP — Paris

Para tentar conter o avanço da extrema direita e impulsionar as chances da aliança governista, na reta final das eleições europeias, o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, e o presidente do país, Emmanuel Macron, multiplicaram entrevistas nos meios de comunicação. Mas a estratégia sofreu um revés depois que o premier apareceu de surpresa em uma entrevista da candidata aliada Valérie Hayer e, durante vários minutos, falou no lugar da cabeça da lista de candidatos da situação. O ato foi classificado como sexista por outros políticos da França.

Gabriel Attal foi acusado de "mansplaining" e "manterrupting" — anglicismos usados para descrever comportamentos sexistas —, bem como de "invisibilização" de uma mulher. Vários políticos, sobretudo da oposição, criticaram a ação inesperada do premier, que interrompeu um debate com a candidata organizado pela Franceinfo e, na prática, tirou dela tempo do uso da palavra.

'Mansplaining'

Manon Aubry, cabeça de lista do La France insoumise (LFI) nas eleições europeias, escreveu em sua conta na rede social X, antigo Twitter, que a conduta de Attal correspondeu à "definição" do neologismo, que consiste numa explicação dada por um homem a uma mulher que já conhece o assunto.

'Mansplaining' consiste no ato de um homem explicar algo a uma mulher "assumindo imediatamente que ele é o detentor do conhecimento e que ela é ignorante", explica a autora feminista americana Rebecca Solnit, na origem deste conceito, em 2018 ao jornal Le Monde.

'Manterrupting'

Foi assim que Raquel Garrido, deputada da LFI por Seine-Saint-Denis, descreveu à France 2 a atitude do primeiro-ministro. Este termo combina as palavras inglesas “man” e “interrupting” e é usado quando um homem interrompe uma mulher.

A expressão surgiu em 2015, cunhada pela jornalista Jessica Bennett, para qualificar a interrupção do rapper Kanye West de um discurso de agradecimento da cantora Taylor Swift em 2009.

A jornalista do New York Times também contou 40 interrupções de Donald Trump enquanto Hillary Clinton discursava, durante o primeiro debate presidencial em 2016, enquanto a democrata só tinha interrompido o seu adversário uma vez.

'Invisibilização'

"É pedir demais para parar de tornar as mulheres invisíveis nestas eleições?", perguntou a secretária nacional dos Ecologistas Marine Tondelier na plataforma X. Sua correligionária, Sandrine Rousseau disse ser "constrangedor" ver homens que interrompem, invisibilizam, falam no lugar da mulher que está no topo da lista (de candidatos)".

A "invisibilização" define o fato de "retirar do escrutínio social" no dicionário Robert, onde a palavra apareceu em 2020, ou "retirar da vista uma categoria da população, do espaço público, da vida profissional", para Larousse (2023).

Pelo X, Valérie Hayer rebateu as críticas ao colega premier.

"O verdadeiro sexismo é pensar no meu lugar. Só porque sou uma mulher, eu estou forçosamente invisibilizada pela presença de um homem?", questionou a candidata.

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