O cantor americano Ye, conhecido como Kanye West, está sendo acusado de criar um ambiente de trabalho hostil, segregar pessoas pela etnia e negligenciar o pagamento de vários funcionários da empresa Yeezy, durante o desenvolvimento do seu próprio aplicativo de streaming, o YZYVSN. A ação judicial foi apresentada neste sábado, em um tribunal da Califórnia, nos Estados Unidos.
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Oito funcionários — entre estes, um menor de idade — de diversos países alegaram que não foram remunerados, mesmo após longas horas de trabalho e foram intimidados pelo artista e o ex-chefe de pessoal da Yeezy, Milo Yiannopoulos. Eles também afirmaram que membros da equipe foram chamados de "escravos" e que um grupo no aplicativo Discord para novos funcionários ganhou o nome de "novos escravos" ("new slaves", em inglês).
O nome — também o título de uma música de Ye do álbum "Yeezus" — foi alterado depois que Shemar DaCosta, um membro negro da equipe, pediu mudança, disse o processo obtido por canais de mídia americanos.
Segregação entre membros de etnias diferentes
De acordo com o processo, os problemas começaram quando West quis desenvolver o próprio aplicativo de streaming, a fim de promover seu próximo álbum, "Vultures 2", em parceria com o rapper Ty Dolla $ign.
Para isso, a Yeezy incorporou o YZYVSN, aplicativo desenvolvido por pessoas que queriam trabalhar com o artista. Esta equipe era composta por membros de todo o mundo, incluindo até menores com 14 anos de idade.
Durante o desenvolvimento do aplicativo, os ex-funcionários explicam que a comunicação — feita principalmente no Discord — começou a ser hostil. O ambiente virtual passou a dar espaço para o bullying e preconceitos, e membros começaram a sofrer intolerância racial, de gênero, em relação à orientação sexual, idade e nacionalidade, aponta o processo.
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Insultos raciais foram usados contra os membros negros da equipe. Além disso, eles afirmam que somente aos funcionários brancos foram prometidos empregos como desenvolvedor na Yeezy.
"Funcionários negros e africanos foram segregados e receberam tarefas menos agradáveis, e foram feitos grupos de trabalho separados 'somente para brancos'", declarou a Thigpen Legal em um comunicado à NBC neste domingo.
Além disso, os trabalhadores também teriam sido forçados a trabalhar além do horário de trabalho normal sem remuneração ou descanso. Caso não concordassem com as longas horas de trabalho, a empresa teria ameaçado reter os salários dos funcionários, afirmam os autores da ação.
Depois da equipe terminar um dos aplicativos no começo de maio, o processo alega que os membros não teriam sido pagos. Os ex-funcionários demandam o pagamento do que a empresa os deve e dos honorários dos advogados, assim como a reparação financeira por conta de danos emocionais.
Pornografia no ambiente de trabalho
Outra grave acusação descrita na ação judicial é de que a esposa de Ye, Bianca Censori, teria enviado um link para um vídeo pornográfico para membros da equipe. O vídeo poderia ser acessado, inclusive, por funcionários menores de idade da Yeezy.
Segundo o processo, Censori supostamente enviou o link a um dos funcionários após West anunciar no final de abril o lançamento da Yezzy Porn, sua produtora de filmes adultos.
"Não foram colocadas medidas protetivas para evitar que os funcionários menores de idade da YZYVSN trabalhassem na Yeezy Porn, ou para impedir que eles fossem expostos e forçados a ver pornografia para realizar seu trabalho", aponta o processo.
Apesar das alegações, Censori não foi citada na ação movida na Califórnia.
Yiannopoulos — que deixou a Yeezy após o anúncio da Yezzy Porn — foi ao X, antigo Twitter, responder às alegações dos funcionários. Ele chamou o processo de "piada" e afirmou que a ação está sendo liderada "por um desenvolvedor negro insatisfeito e comicamente incapaz", o qual estaria "furioso por não ter sido escolhido para um trabalho em tempo integral na Yeezy".