Famosa nos anos 2000 entre brasileiros ansiosos para fazer compras de eletrônicos, roupas e enxovais de bebê por preços mais baixos, quando a cotação do dólar para o real ainda era amigável, Miami e seus arredores têm batalhado para se transformar também em um novo destino do luxo e das artes. E Bal Harbour Village, pequena cidade de pouco mais de três mil habitantes, ao sul da Flórida, é parte importante dessa transformação.
Com praias limpas, quase sempre vazias e paradisíacas, ruas tranquilas e bem arborizadas, Bal Harbour abriga quatro hotéis, sendo dois considerados de luxo, e um shopping com marcas importantes como Bulgari, Lanvin e Chanel. Os brasileiros, ao lado dos argentinos e dos próprios americanos, são a maioria dos turistas. “A comunidade é pequena e todos nós nos sentimos seguros, temos nossa própria polícia. O dinheiro arrecadado com os impostos também fica aqui, para investirmos em Bal Harbour”, destaca o prefeito, Jorge Gonzalez.
Gonzalez, há dez anos à frente da cidade, foi um dos responsáveis por levar à Miami, pela primeira vez, em 2002, a maior feira de arte do mundo, a Art Basel. E ele promete entregar, ainda este ano, o Bal Harbour Jetty, novo píer com vista para o mar, ciclovia e áreas de convivência, com orçamento previsto de US$ 15 milhões. Veja, a seguir, por que a cidade se tornou um dos destinos queridinhos da vez.
ARTES E LAZER
Para se firmar como um destino apoiador das artes, Bal Harbour presenteia moradores e hóspedes com o cartão do programa Unscripted Bal Harbour Art Access. Criado há 15 anos, ele dá direito, para duas pessoas, a ter acesso vitalício e gratuito a maioria dos museus de Miami, como o Rubell Museum e o The Bass, de arte contemporânea, e o Phillip and Patricia Frost Museum of Science. No Pérez Art Museum (PAMM), um dos mais famosos, estão em cartaz, até abril, a instalação da artista japonesa Yayoi Kusama, “Love is calling”, e a exposição “Public enemy”, de Gary Simmons, que faz uma crítica ferrenha ao racismo nas artes visuais norte-americanas. Também tem brasileira no PAMM! A artista Marcela Cantuária abriu sua primeira individual nos Estados Unidos com “The South American dream”, e pode ser vista até 28 de julho. “O sentimento é de sonho realizado.
Foi muito mágico pensar essa exposição desde o início e ver tudo que foi imaginado se tornar realidade”, fala a carioca. Já consolidada no calendário artístico de Miami, a Art Basel acontece em Miami Beach, próximo a Bal Harbour, no fim do ano, de 6 a 8 de dezembro. Além das artes, quem gosta de atividades ao ar livre vai adorar o recém-inaugurado Waterfront Park. O espaço tem parque, áreas para futebol e meditação, playground e um centro de eventos com três andares, projetado pelo arquiteto Bernard Zyscovich.
HOTÉIS
Representante de luxo na categoria, o St. Regis impressiona já na entrada, com paredes espelhadas que lembram diamantes, pedra preciosa muito usada por Caroline Astor, mãe de seu fundador, John Jacob Astor IV. Todos os 215 quartos, com diárias a partir de US$ 1.354, têm vista para o mar. A suíte presidencial, maior de todas, com um total de 260 m², tem cozinha gourmet, elevador privado e varanda de frente para Miami Beach.
Quer viver uma experiência luxuosa, pé na areia e com o barulhinho relaxante das ondas? A novidade é o Dinner Under the Stars (Jantar sob as estrelas). Custa US$ 400 por pessoa, com direito a uma garrafa de vinho, bebidas não alcoólicas e menu especial, de quatro tempos, assinado pelo chef Adrian Colameco, especializado na culinária mediterrânea.
Mais à frente, ainda na Collins Avenue, o Ritz-Carlton, de frente para a costa de Bal Harbour, oferece praia de águas clarinhas, quase vazia, aos hóspedes. Com 102 quartos — são apenas dois por andar, com diárias que começam em US$ 1.043 —, abriga uma coleção de arte com 400 obras, avaliadas em US$ 3,5 milhões, e uma loja da The House of Kriegler. A perfumaria, criada em 1904, consagrou-se ao encantar famosos como Grace Kelly e o ex-presidente John F. Kennedy. Já quem quer só paz e sossego, pode relaxar nas beach villas, com piscina e jacuzzi.
GASTRONOMIA
Pense em seu prato favorito e dificilmente você não vai encontrá-lo pelos restaurantes de Bal Harbour, local com gastronomia diversa de quase todos os cantos do mundo. Casa famosa pelo mix de sabores, o Hillstone tem, entre os hits, costela cozida ao molho barbecue de mostarda, coleslaw e batatas fritas cortadas à mão que valem cada garfada. Não deixe de provar também o atum servido com vinagrete de amêndoas, mix de verduras, manga e abacate.
Quer ver e ser visto? Corra para o oriental Makoto. Sempre lotado (atente-se para não esquecer da reserva!), oferece opções que também podem ser encontradas na unidade de São Paulo, como o tuna crispy rice e o carpaccio de wagyu. Com décor vintage, o francês Le Zoo é outra pedida para uma comida aconchegante, daquelas que abraçam. Prato indispensável, a pizza com trufas negras, ovo e queijo fontina pode e deve ser compartilhada.
COMPRAS
O Bal Harbour Shops, inaugurado em 1960, é um oásis de luxo em meio aos tradicionais outlets e lojas de departamento espalhadas por Miami. Seus três andares e arquitetura a céu aberto com jardins tropicais, que inspiraram a criação do Cidade Jardim, têm ares de resort e não é difícil ouvir português pelos corredores.
Famílias com crianças, casais e mulheres descoladas circulam e observam as vitrines. Além de grifes internacionais, há também dois representantes da moda brasileira: Alexandre Birman e Ara Vartanian. O arquiteto Bernard Zyscovich — o mesmo do Waterfront Park — comanda a expansão, avaliada em 550 milhões de dólares e que deve ficar pronta em 2025.