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Esportes

André Kfouri: Esporte tem que dar exemplo sobre o coronavírus

Não parece haver sentido em proibir os apertos de mãos e manter o jogo de contato físico
Josip Ilicic, da Atalanta, contra o Valencia Foto: - / AFP
Josip Ilicic, da Atalanta, contra o Valencia Foto: - / AFP

O sucesso no combate ao coronavírus onde a epidemia atingiu níveis alarmantes, como a China, indica que a restrição de interações entre pessoas é um método eficaz para controlar o contágio. Obviamente é necessário considerar as distâncias entre o toque de recolher que um regime autoritário como o chinês impôs à população em Wuhan e o apelo à consciência dos habitantes da região da Lombardia – e, mais tarde, de toda a Itália – em sociedades democráticas, mas o isolamento diminui a transmissão da doença e ajuda a evitar o colapso de hospitais.

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Neste contexto, o esporte precisa dar um passo ao lado e oferecer um exemplo de seriedade e solidariedade diante de um problema de saúde pública que não pode ser subestimado. Não parece haver sentido, por exemplo, em proibir os apertos de mãos entre jogadores antes e depois de partidas de futebol, como decidiu a Premier League inglesa, quando se trata de um jogo em que o contato é frequente. Quando o assunto é a vida, o preço a pagar por fazer pouco, ou nada, é muito mais alto do que errar por excesso.

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Não há qualquer sentido, sob qualquer ângulo, na realização de eventos esportivos com a presença do público onde especialistas recomendem o contrário. E em se tratando das modalidades mais populares, como o futebol, é preciso ter a coragem de cancelar jogos e competições, pois o fechamento de portões os torna fúteis. A razão de ser do futebol é a reunião de pessoas em torno de um jogo cuja importância impõe a escolha por estar ali. Mas não a qualquer custo. Certamente não ao custo da derrota para um vírus que pode ser vencido se ficarmos em casa.