Esportes

Astro do judô mundial, Teddy Riner se reinventa em solo brasileiro para Paris-2024

Francês, que tem apartamento em Copacabana e diz ‘não ser super herói’, está de olho na técnica dos judocas do Brasil
Teddy Riner treina com judocas do Brasil no CT do Comitê Olímpico do Brasil Foto: Alexandre Cassiano
Teddy Riner treina com judocas do Brasil no CT do Comitê Olímpico do Brasil Foto: Alexandre Cassiano

Astro de Paris-2024, o judoca Teddy Riner, dono de dez títulos mundiais e três olímpicos, incluindo um ouro por equipe, iniciou temporada no Rio, cidade que lhe traz excelentes lembranças e onde comprou apartamento, em Copacabana, tamanha identificação. Mas não é só isso: o francês precisa se reinventar para a provável despedida dos tatames em seu país. No Brasil, Teddy pode investir na técnica de luta no solo.

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— As pessoas são legais, engraçadas, gostam de esporte. Há vários medalhistas e todos são solícitos. O Brasil é especial para mim. E quando falo isso, é mesmo. Comprei apartamento em Copacabana há um ano e hoje (ontem) vou checar se as coisas estão ok — diz Teddy, que fala, ainda em tom de dúvida, que pode se despedir em Paris.

Ouro em Londres-2012 e Rio-2016, Teddy foi bronze em Tóquio (pesados) e viu seu status de imbatível cair por terra quando perdeu a primeira luta em dez anos, na preparação para os Jogos.

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Foi ele quem procurou a Confederação Brasileira de Judô para treinamento. E terá imersão com atletas do peso pesado e também do jiu jitsu até o dia 19, no Centro de Treinamento do Time Brasil.

A última vez que ele esteve no Brasil foi em 2019, no Grand Slam de Brasília quando foi ouro. Em 2007, no Rio, ganhou seu primeiro título mundial, com 17 anos. Repetiu o feito em 2013. Em 2016, foi bicampeão olímpico.

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Tóquio-2020 marcou o início de uma nova era no judô: o francês não conseguiu o tricampeonato olímpico. Após ficar sem lutar entre novembro de 2017 e julho de 2019, Teddy chegou a Tóquio sem ser cabeça de chave e cruzou com Tamerlan Bashaev, líder do ranking mundial, nas quartas de final. O russo ganhou. No caminho para Tóquio, Teddy ainda perdeu uma luta em casa, para o japonês Kokoro Kageura, após dez anos de invencibilidade.

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— Sou humano, não um super herói. Claro que preferiria ganhar o ouro na minha categoria em Tóquio, mas esta experiência do ouro em equipes foi muito legal. Se eu perder em Paris, ok, ficarei bem. Continuo no judô porque amo, quero viver a sensação de Paris, com a minha família e amigos. Faltam só dois anos — comenta Teddy, que trava luta interna: — Sei da minha posição no judô. Mas, quando se tem boa educação, mantem-se o foco e valores. Respeito todos. Sou apenas um cara complicado que não gosta de perder. E não é só no judô, é na vida. Quando brinco com os filhos, amigos. É meu jeito.

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Durante o treino, ontem, João Cesarino, de 26 anos, que integra a seleção adulta pela primeira vez, chamou a atenção do francês. Eles fizeram bons combates e Teddy, em determinado momento, pediu para encarar o brasileiro, que saiu do tatame com o nariz sangrando e feliz:

— Se ficar trocando força toda hora, perde. É como se batesse em uma parede.

Rafael Silva, dono de duas medalhas olímpicas, afirma que Teddy está no Brasil para aperfeiçoar técnica de solo. Lembra que o atual campeão olímpico, o checo Lukas Krpalek, faz bem a transição da luta em pé com a do solo.

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— O Teddy, que não tem o hábito de vencer as lutas no solo, está procurando um diferencial para surpreender os rivais em Paris. O Brasil tem um chão muito bom e para nós é ótimo também poder treinar com ele — comentou Rafael, que em Tóquio caiu diante de Teddy com menos de um minuto de luta.— Ele ter perdido após dez anos e não ter conquistado o ouro em Tóquio dá uma encorajada em todo o restante da categoria. Ainda assim acho que não perdeu o status que tinha. Apenas abriu caminho. E vou trabalhar muito para tentar superá-lo.