Esportes

Paris-2024: Acredite, você pode correr uma prova durante a próxima Olimpíada; saiba como

Comitê Organizador distribuirá vagas para a maratona a amadores em todo o mundo; faltam 1.000 dias para os Jogos Olímpicos
Corredores na Champs-Elysees durante a última maratona de Paris Foto: ALAIN JOCARD / AFP
Corredores na Champs-Elysees durante a última maratona de Paris Foto: ALAIN JOCARD / AFP

RIO — Faltam exatos 1.000 dias para Paris-2024 e para celebrar o marco da contagem regressiva, a organização dos próximos Jogos Olímpicos realizará seletiva popular para a maratona olímpica. Pela primeira vez na história moderna, a Olimpíada terá evento para atletas não profissionais em suas instalações no mesmo período da competição multiesportiva. Depois da "bolha" de Tóquio, Paris quer realizar uma Olimpíada aberta, com participação popular e nos locais mais icônicos da cidade, uma das mais visitadas do mundo. A ideia é, segundo o comitê organizador, "levar o esporte dos estádios para o coração da cidade" e convidar os espectadores "a descer das arquibancadas para fazer parte da experiência dos Jogos como um atleta".

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Um evento de "classificação", entre tantos que serão realizados, será neste domingo, na Champs-Elysées, uma das mais lindas avenidas da cidade, e na Place de la Concorde, que será o cenário para os esportes urbanos em 2024.

Dois mil corredores disputarão corrida contra o queniano Eliud Kipchoge, bicampeão olímpico e dono do recorde mundial da prova. Os amadores largarão em diferentes blocos dependendo do desempenho que esperam atingir ao longo de 5km. Kipchoge vai sair por último, após algum tempo, e as pessoas que cruzarem a linha de chegada antes dele ganharão sua inscrição para a maratona olímpica em 2024.

— Este evento é uma excelente ilustração do que significa correr: algo acessível e aberto a todos — disse Kipchoge, que tem 2h01min39 como recorde.

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Não serão apenas estes os sortudos que irão aos Jogos de Paris. Membros do Clube Paris 2024 (basta inscrição no site https://club.paris2024.org/home) podem disputar as seletivas e também acumular pontos fazendo atividade física. O clube tem atualmente mais de 235 mil membros.

Outras provas classificatórias serão realizadas assim como sorteios. As primeiras seletivas já aconteceram na França, no Dia Olímpico de 2019, e 46 pessoas foram premiadas.

Corridas em 2019 "classificaram" os primeiros atletas amadores para Paris-2024 Foto: Paris-2024
Corridas em 2019 "classificaram" os primeiros atletas amadores para Paris-2024 Foto: Paris-2024

Para garantir atletas do mundo inteiro em 2024, vagas serão distribuídas aos comitês olímpicos nacionais.

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) afirmou que ainda não sabe quantas vagas serão destinadas ao país e como escolherá os atletas. Possivelmente, em parceria com a Confederação Brasileira de Atletismo.

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Paris-2024 informou que haverá uma prova 10K para os que não estiverem preparados para 42 quilômetros e que ainda estuda a abertura ao público para prova de estrada de ciclismo.

A organização ainda não divulgou quantos amadores participarão destas provas mas informou que a meta é que seja "o maior número de pessoas possível".

Integração

Áreas turísticas conhecidas de Paris receberão os Jogos: caso do Campo de Marte (gramado em torno da Torre Eiffel) com o vôlei de praia; a região do Palácio dos Inválidos, com o tiro com arco; a Praça da Concórdia, com os "esportes urbanos" — ciclismo BMX, skate, breaking —; e o jardim do Palácio de Versalhes, com o hipismo. Cerca de 85% dos locais de competição estarão situados em um raio de 10 km.

O comitê organizador prevê o uso de 95% de instalações já existentes ou temporárias e estratégia de redução de emissões de gás para entregar pegada de carbono 55% menor em comparação, por exemplo, aos Jogos de Londres, em 2012.

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A Vila Olímpica, o Centro Aquático e a Arena Porte de La Chapelle, no norte de Paris, para badminton e ginástica ritmica, serão edifícios novos permanentes.

De acordo com Paris-2014, as obras na Vila Olímpica estão dentro do prazo. O local está situado nos limites entre Saint-Denis, Saint-Ouen-sur-Seine e Île-Saint-Denis, em área que será revitalizada.

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Acomodará 14.250 atletas, técnicos e equipe de apoio. No ano seguinte, um novo distrito urbano será construído, com 2.500 novas casas, uma residência estudantil, um hotel, duas escolas e três grandes extensões de espaço verde.

As locações fora do centro da cidade acontecerão em estruturas já existentes e próximas de trens. Os estádios Jean Bouin, Parque dos Príncipes e Pierre-de-Coubertin receberão o rúgbi, o futebol e o basquete feminino, respectivamente. Estão fora de Paris competições como a vela, em Marselha, o handebol, em Lille e o surfe, no Taiti, maior ilha da Polinésia Francesa.

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Essa será a terceira Olimpíada na cidade, exatamente 100 anos depois da última edição. Terá 32 esportes, abrangendo 306 eventos, entre eles a estreia do breaking.

Seguindo o conceito de interação, a cerimônia de abertura marcada para 26 de julho de 2024 acontecerá "em embarcações no Sena, aproveitando também as duas margens e tudo o que o Sena oferece como cenário urbano", segundo declaração do presidente francês Emmanuel Macron ao jornal L'Equipe.

Preparação do Brasil

As 21 medalhas conquistadas em Tóquio (sete de ouro, seis de prata e oito de bronze) foram um recorde para o esporte brasileiro e, segundo Jorge Bichara, diretor de esportes do Comitê Olímpico do Brasil (COB), a meta para Paris-2024 é manter-se neste patamar ou melhorar a performance:

— Não falo em número mas em conceito. Mesmo sendo cedo para falar de metas, o que queremos é ter desempenho igual ou melhor do que em Tóquio. — diz Bichara, que também estima delegação similar à do Japão, cerca de 300 atletas. — O Brasil obteve resultados muito significativos em Tóquio, o nível da competição em Paris vai ser mais alto, as dificuldades serão enormes, porém temos potencial. O olhar é positivo.

Em recente viagem a França, ele visitou locações para a vela, em Marselha, e para o vôlei e vôlei de praia, em Paris. Afirmou que possivelmente, o Time Brasil terá apenas uma base de suporte em Paris, perto da Vila Olímpica, durante os Jogos. Em Tóquio, por causa da aclimatação e pandemia, foram oito.

Bichara conta que entre os desafios está o ciclo curto e os custos em euro. Explicou que o orçamento para Paris ainda não está fechado e que em breve serão divulgados os valores destinados às confederações esportivas dos repasses da Lei Agnelo Piva.