Carlos Eduardo Mansur
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GERADO EM: 24/07/2024 - 13:18

Botafogo 2024: Versatilidade e Intensidade no Brasileirão.

O Botafogo de 2024, apesar de ter menos pontos do que no ano anterior, é mais sólido. O time mostra versatilidade, com um desempenho consistente e melhor pressão defensiva. O Flamengo enfrenta desafios sem a posse de bola. A venda de mandos de campo afeta o equilíbrio técnico. A intensidade é crucial para o sucesso, diferenciando equipes como Botafogo, Palmeiras e Flamengo na disputa pelo título.

É provável que o torcedor do Botafogo não suporte mais as referências a 2023, mas a tentação é insuperável num momento em que o alvinegro lidera outra vez o Brasileiro. Quem comparar os números, em especial o torcedor mais escaldado com a frustração vivida meses atrás, pode encontrar motivos para ficar desconfiado. O desempenho do time, no entanto, é estimulante.

A esta altura do Brasileirão do ano passado, o Botafogo tinha 44 pontos ganhos e 13 de vantagem para os cinco times que o perseguiam. Hoje, tem 39, apenas três a mais do que o vice-líder Palmeiras. Como convencer um alvinegro de que, desta vez, o risco de ver a liderança escapar é menor?

O argumento mais óbvio é que o contraste entre turno e returno de 2023 é irrepetível, ambos são campanhas fora da curva. O outro, é que o elenco atual tem mais recursos do que aquele e, por consequência, o time atual é mais versátil. É claro que o mundo ideal seria ter a pontuação de 2023 com o time de 2024, uma receita quase infalível para o título. Mas o Botafogo atual, mesmo com cinco pontos a menos do que o time do ano passado, é muito sólido.

Quando terminou o primeiro turno com aproveitamento recorde em 2023, o Botafogo era o melhor time daquele Brasileiro, um justo líder. Mas a pontuação era superior ao desempenho. Não era natural sustentá-la por 38 rodadas. O desafio era como o time lidaria com a oscilação. Por uma soma complexa de motivos, foi aí que tudo ruiu.

Hoje, a pontuação alvinegra parece um mundo mais real, o retrato fiel do rendimento de um time muito estruturado. Se a equipe montada por Luís Castro era fortíssima ao retomar a bola e atacar em velocidade, a virada do turno mostrou um time que se complicou quando adversários passaram a oferecer menos espaços. O time que defendia perto de sua área teve problemas quando Bruno Lage, por exemplo, tentou adaptá-lo a pressionar mais na frente, jogar com a linha defensiva mais avançada.

Pois o Botafogo de hoje continua sendo muito forte em transições, porque tem atacantes muito bons neste tipo de jogo. Mas neste Brasileiro já resolveu jogos em que precisou ter mais a posse de bola, atacar defesas fechadas, construir espaços. No sábado, bateu o Inter com 48% da posse e trocando apenas 370 passes. Contra o Palmeiras, teve números ainda mais baixos: 43% de posse e 263 passes num jogo de muitas idas e voltas e poucas trocas de passes longas. Esta ainda é a melhor característica do time.

No entanto, teve 55% de posse e deu 530 passes no jogo em que dominou o Bahia no segundo tempo e poderia ter vencido. Na Libertadores, bateu o Universitario com 71% de posse e 626 passes. Nas últimas semanas, o Botafogo até pareceu mais dependente dos espaços para acelerar. Será importante recuperar características do início da caminhada, o repertório será vital.

A forma de pressionar também se mostra em números. Em 2023, permitiu em média que os rivais trocassem 11,87 passes, em média, entre cada ação defensiva executada pelo time. Era o quarto pior time neste aspecto. Neste ano, permite só 10,3 passes entre cada ação defensiva, sexta melhor marca no campeonato. É um time que pressiona mais, se vê menos tempo pressionado defendendo a área.

E, no fim, é um Botafogo com mais jogadores de bom nível, homogêneo entre titulares e reservas, talvez a exceção da defesa. No meio-campo, Marlon Freitas, Gregore, Danilo Barbosa, Tche Tche e o recém-chegado Allan podem alternar sem que o time sinta tanto. Nas quatro posições de ataque, a Luiz Henrique, Tiquinho, Júnior Santos, Savarino, Eduardo, Igor Jesus e Romero vai se juntar Almada. Há fartura.

É impossível cravar quem será o campeão de um Brasileirão de bom nível e muito disputado. Mas, hoje, a surpresa seria não ver o Botafogo disputando o título até o fim.

Fluminense

Além de fazer o suficiente para bater o Cuiabá, ficou claro o impacto de Thiago Silva e da volta de Arias ao Fluminense. Há qualidade técnica para tirar o time da zona de rebaixamento. No entanto, a montanha a escalar é íngreme e, por boa parte do jogo, a atuação foi ofensivamente frágil. Para um time que precisará de um aproveitamento alto de pontos de agora em diante, é preciso melhorar.

Gramados

As vendas de mando de campo são um duro golpe no equilíbrio técnico de um campeonato. No fim de semana, Flamengo e Juventude jogaram em Brasília, símbolo de outro problema terrível da rodada: a qualidade dos gramados. Atlético-MG, Cuiabá, Grêmio, Bahia e Fortaleza também exibiram campos que depõem contra a qualidade do jogo e a imagem do Brasileiro como produto.

Flamengo

A maior dificuldade do Flamengo para bater o Criciúma foram seus problemas sem bola, especialmente para pressionar no ataque e sustentar um volume de jogo. No segundo tempo, mesmo menos lúcido na criação, o time cresceu ao retomar a posse mais rapidamente. Está intensidade é, hoje, o que mais claramente separa o rubro-negro de Botafogo e Palmeiras, rivais diretos pelo título.

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