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Conheça Bia Haddad, a primeira brasileira da era aberta a chegar às semifinais do Australian Open

Bia, que começou cedo no esporte, superou caso de doping em 2019; ela joga ao lado da parceira cazaque Anna Danilina
Bia Haddad voltou a figurar entre as 100 melhores tenistas após caso de doping e despencar para a 1.342ª posição Foto: FREDERIC J. BROWN / AFP
Bia Haddad voltou a figurar entre as 100 melhores tenistas após caso de doping e despencar para a 1.342ª posição Foto: FREDERIC J. BROWN / AFP

A tenista Beatriz Haddad Maia, de 25 anos, está nas semifinais da chave de duplas do Australian Open. É a primeira brasileira a chegar às semifinais femininas na Austrália na era profissional do esporte, que começou em 1968.

Ela também obteve o melhor resultado do tênis feminino do Brasil no torneio desde a semifinal de Maria Esther Bueno em 1965. A lendária vencedora de 19 títulos de Grand Slam conquistou um troféu de duplas do Australian Open, em 1960.

Bia avançou às semifinais nesta terça-feira, ao lado da parceira cazaque Anna Danilina, de 26 anos. Elas venceram, de virada, a sueca Rebecca Peterson e a russa Anastasia Potapova por 2 sets a 1, com parciais de 4/6, 7/5 e 6/3.

Essa foi a quarta vitória de Bia e Danilina no Australian Open e a terceira de virada após revés no primeiro set.

Nas semifinais, ainda sem data definida, elas terão seu maior desafio até aqui, diante das japonesas Shuko Aoyama e Ena Shibahara. As cabeças de chave número 2 venceram a croata Petra Martic e a norte-americana Shelby Rogers nas quartas.

A canhota entrou no torneio como 150ª colocada do ranking de duplas — saltará pelo menos 80 posições com o resultado até aqui — e 83ª na lista de simples.

Ela fez uma ótima temporada de recuperação em 2021 e voltou ao top 100 após recomeçar praticamente do zero no circuito.

Em julho de 2019, a tenista foi suspensa por doping pela Federação Internacional de Tênis (ITF), após testar positivo para substâncias anabólicas proibidas pela Wada (Agência Mundial Antidoping).

A pena foi fixada em dez meses, após a defesa ter conseguido provar que as substâncias anabólicas encontradas no exame entraram em seu organismo por meio de suplementos alimentares contaminados (contaminação cruzada).

A suspensão poderia ser muito maior, até quatro anos.

Mesmo assim, a atleta perdeu a chance de se credenciar aos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 (Luisa e Laura Pigossi, de 27 anos, conquistaram a primeira medalha olímpica do país no esporte, com o bronze nos Jogos de Tóquio).

Bia estaria liberada para jogar em maio de 2020, mas o circuito só foi retomado em agosto daquele ano, por causa da pandemia.

Devido aos pontos perdidos nesse período, ela retomou a carreira a partir da 1.342ª posição, disputando uma série de torneios pequenos pelo mundo.

Diferentemente de Luisa Stefani, que se especializou como duplista nos últimos anos e atingiu o top 10 do ranking (atualmente é a 11ª e está lesionada), Bia sempre priorizou os torneios de simples. Ainda assim, ela já conquistou três títulos de duplas no principal nível do circuito.

Desde cedo

Bia carrega consigo uma vida dedica à prática do tênis. Aos 14 anos, quando ainda treinava no clube Pinheiros em São Paulo, optou por sair de sua cidade natal, deixando sua família e amigos, para poder se dedicar o máximo possível em seu desenvolvimento como tenista.

Em um prodigioso início de carreira, Bia alcançou a 15ª posição no ranking juvenil feminino.

Desde cedo, ela mostrou que seria uma atleta diferenciada. Em 2012, a paulistana chegou à final da chave juvenil de duplas do torneio de Roland Garros, juntando-se a Maria Esther Bueno e Cláudia Montenegro como únicas brasileiras a disputarem uma final de Grand Slam.

Foi no ano de 2017 que Bia se firmou no cenário profissional da WTA. Nele, ela conseguiu disputar as chaves de alguns dos principais torneios do mundo, incluindo Wimbledon, onde venceu sua primeira partida de Grand Slam. O triunfo encerrou a sequência de 28 anos sem vitórias de uma brasileira no Grand Slam britânico.

O resultado de Bia reforça um ótimo momento das tenistas do país. Em setembro de 2021, Luisa Stefani, de 24 anos, chegou às semifinais do US Open e quebrou uma marca de 53 anos sem que uma brasileira alcançasse essa fase na chave de duplas femininas de um Grand Slam.

Depois de sofrer com lesões em 2018, Bia voltou aos melhores momentos em 2019. Neste ano, ela tornou-se também a primeira a vencer uma partida do Australian Open desde 1965.

Depois, no WTA de Acapulco, ela bateu Sloane Stephens, então 4ª colocada do ranking mundial, e se tornou a primeira tenista do país em 50 anos a vencer um tenista com tal colocação (uma posição que as brasileiras não venciam já há 50 anos).