Copa do Mundo Feminina
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O título da Espanha na final da Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia foi a surpresa final em uma competição marcada por resultados inesperados desde o início. Na decisão, as espanholas não deixaram espaço para as inglesas, que chegaram como favoritas após o título da Euro Feminina no ano passado, e dominaram a partida durante os quase 100 minutos de jogo. Com gol da capitã Olga Carmona, a vitória por 1 a 0 sacramentou uma trajetória marcada por turbulências.

As vitórias por 3 a 0 sobre a Costa Rica e 5 a 0 em cima da Zâmbia, ainda na fase de grupos, evidenciaram o potencial das espanholas, que ainda esbarravam em chances desperdiçadas e oportunidades de placares ainda mais elásticos. No duelo contra o Japão, a derrota por 4 a 0 demonstrou que ter a posse de bola não seria suficiente para seguir avançando, a e Espanha precisou fazer ajustes nas fases seguintes.

No meio de campo, o trabalho de Teresa Abelleira, Mariona Caldentey e Aitana Bonmatí, eleita a melhor jogadora da Copa, foi fundamental para chegar à trajetória histórica que terminou com as redes balançando 18 vezes. O gol que garantiu a vaga da Espanha na final saiu, já aos 44 do segundo tempo, em um belo chute de fora da área de Olga Carmona, autora do gol do título, em cobrança de escanteio ensaiada de Abelleira. Bonmatí sai do Mundial com cinco participações em gols — marcou três vezes e deu duas assistências. Caldentey abriu o placar na vitória contra a Holanda, nas quartas de final, depois da goleada por 5 a 1 sobre a Suíça nas oitavas.

Foi no duelo das quartas que a estrela de Salma Paralluelo começou a brilhar. A jovem de 19 anos, que há apenas um ano se dedica integralmente ao futebol abdicando da carreira no atletismo, saiu do banco para decidir a partida e marcar um belo gol que levou a Espanha para a classificação para a semifinal. E lá ela brilhou novamente, abrindo o placar na vitória por 2 a 1 sobre a Suécia e ganhando a vaga na titularidade, começando a partida na decisão.

A presença de Paralluelo na área, aliada às jogadas construídas coletivamente por um meio de campo sólido, foi a receita da Espanha para neutralizar completamente a Inglaterra na decisão. As campeãs terminaram a partida com 47% de posse de bola contra 37% da Inglaterra (16% em disputa), mas em diversos momentos da partida o número foi ainda maior. Se não fosse o brilhante jogo de Mary Earps, que além de defender o pênalti cobrado por Jenni Hermoso, ainda salvou as Leoas mais duas vezes em chances de Caldentey e Redondo, o placar seria ainda maior.

Durante toda a partida, a Espanha não deixou a Inglaterra tomar gosto pelo jogo, com intensidade desde o início e marcação alta, o que prejudicou a evolução das jogadas das inglesas. Em erro de saída de Lucy Bronze na intermediária, as campeãs recuperaram a bola e não perderam tempo para encaixar a ofensiva. Abelleira inverteu a bola da direita para a esquerda, encontrando Caldentey, que adiantou para Carmona avançar e marcar o gol do título. Na comemoração, ela homenageou Merchi, a mãe de uma amiga que faleceu poucos dias antes do torneio.

A pressão era tanta que, nos 13 minutos de acréscimo da partida, a Espanha ainda tentava chegar ao segundo gol, enquanto a Inglaterra não viu oportunidades para empatar a partida. A melhor chance foi ainda no primeiro tempo, com bola na trave de Hemp, e Lauren James ainda teve uma boa oportunidade, defendida por Catalina Coll. Mas as inglesas não chegaram nem perto do resultado, e a Espanha sagrou-se a campeã improvável, ainda mais com os atritos internos que rondavam os vestiários.

As 3 das 15

Com Bonmatí e Caldentey com peças-chave da conquista da Espanha no título da Copa do Mundo, o resultado seria impensável há menos de um ano. Em setembro de 2022, 15 jogadoras da seleção enviaram um e-mail coletivo à Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) pedindo dispensa das futuras convocações. Elas alegavam que as questões internas, atribuídas a divergências com o treinador Jorge Vilda, estavam "afetando a saúde mental", e por isso pediram para não serem mais consideradas para a equipe.

Aitana Bonmatí foi eleita a melhor jogadora da Copa do Mundo — Foto: Saeed Khan/AFP
Aitana Bonmatí foi eleita a melhor jogadora da Copa do Mundo — Foto: Saeed Khan/AFP

Mas a RFEF bancou a decisão de manter Vilda no cargo, e, ao longo dos meses, algumas jogadoras pediram para serem reintegradas à seleção. A última delas foi Aitana, que junto com as companheiras de Barcelona, Putellas, Caldentey e Battle, representaram as últimas "das 15" que voltaram para a equipe. Mas grandes nomes como Sandra Paños, Mapi León e Patri Guijarro — autora de dois gols do Barcelona no título da Champions League sobre o Wolfsburg — ficaram de fora da conquista.

O mal estar entre treinador e jogadoras apareceu em diversos momentos da competição. Conforme a Espanha avançava, as atletas celebravam a trajetória entre si, e a festa não ultrapassava as quatro linhas. Na hora de erguer o troféu após o título, Vilda levantou a taça sozinho, enquanto as espanholas mais uma vez se fechavam na comemoração. Em mais uma cena constrangedora, o presidente da federação, Luis Rubiale, organizou um "montinho" para ser erguido pelas jogadoras, e em seguida foi a vez de Vilda. Foi Rubiale quem apoiou Vilda quando sua permanência no comando da equipe era incerto.

Durante a campanha, os poucos comentários feitos pela delegação indicavam que, embora o clima não estivesse bom, todos estavam dispostos a deixar as divergências de lado na busca pelo título. No final, o resultado foi positivo, e a expectativa é de que Vilda continue no cargo — ele tem contrato até 2025 —, mas quem serão as próximas comandadas por ele ainda são incertas. Após a partida, o treinador falou sobre a emoção da conquista, e afirmou estar "orgulhoso" da equipe.

— É difícil descrever. Uma imensa alegria, muito orgulhoso dessa equipe. Muito feliz por toda a torcida que está nos vendo. Demonstramos como a gente pode jogar, que a gente pode sofrer, mas agora nós somos campeões do mundo.

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