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Distância da filha pesa e Bernardinho pede demissão da seleção francesa de vôlei

Treinador brasileiro havia assumido a equipe após os Jogos de Tóquio-2020, no ano passado
Bernardinho assumiu a seleção francesa após os Jogos de Tóquio Foto: MICHAL CIZEK / AFP
Bernardinho assumiu a seleção francesa após os Jogos de Tóquio Foto: MICHAL CIZEK / AFP

Acabou antes do previsto a trajetória do técnico brasileiro Bernardinho, de 62 anos, na seleção francesa de vôlei. A federação anunciou nesta terça-feira o pedido de desligamento do técnico brasileiro da equipe, que alegou problemas pessoais.

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— É uma das decisões mais difíceis e dolorosas de toda a minha carreira. Estou muito triste porque amo esta seleção da França, o grupo, os jogadores, a equipe que construímos. Sou muito grato pela confiança que a federação depositou em mim ao longo do ano. Agradeço novamente ao presidente e ao diretor técnico pelo apoio e compreensão. Tive uma recepção incrível de todo o vôlei francês e estou muito triste e frustrado por não concluir o projeto que começamos a colocar em prática. Mas eu tenho que fazer essa escolha, não há outras escolhas possíveis para minha família, que continua sendo uma prioridade. Disse ao presidente que estarei sempre disponível para ajudar a federação, os jogadores ou o meu sucessor. Desejo o maior sucesso a este grupo e ao vôlei francês — diz o técnico, no comunicado.

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O GLOBO apurou que pesou na decisão de Bernardinho a distância da filha caçula, Vitória, de 12 anos, fruto do casamento com Fernanda Venturini. Há ainda a convivência com os pais dele, que têm idade avançada.

Ele também é pai de Júlia e Bruninho (ele é filho do casamento com Vera Mossa).

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— Não nos falamos mas imagino que além das minhas filhas pesou também a vontade de estar com os pais, em idade já avançada. Chega uma fase da vida que a família é mais importante do que mais desafios profissionais. Acho que ele ponderou isso. Minhas filhas ficaram felizes — comentou Fernanda Venturini, que é amiga de Bernardinho, com quem viveu por cerca de 25 anos.

O técnico comandaria a equipe nos Jogos de Paris-2024. Ele foi o primeiro estrangeiro a treinar a equipe de vôlei da França desde o russo Vladimir Kondra, em 1995.

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"Tínhamos o melhor treinador para cumprir os nossos objetivos até aos Jogos de Paris-2024 e só posso lamentar esta situação. Mas obviamente compreendo as razões que levaram o Bernardinho a tomar esta difícil decisão e o agradeço por se fazer disponível para preparar as coisas. Vamos passar por esta provação e encontrar a melhor solução para auxiliar o projeto da seleção masculina francesa. Os anúncios serão feitos em alguns dias", diz Eric Tanguy, presidente da Federação Francesa de Voleibol.

Bernardinho aceitou convite e foi anunciado em abril de 2021 como futuro técnico da equipe. Ele substituiu Laurent Tillie, que naquele mesmo ano levou os franceses à primeira medalha de ouro de sua história.

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A notícia de sua saída está nas páginas dos principais jornais franceses desta terça-feira. De acordo com informações do jornal Le Parisien, um retorno de Laurent Tillie, que esteve à frente da seleção entre 2012 e 2021, e que agora treina o Panasonic Panthers, no Japão, "não está fora de cogitação".

Entre as conquistas acumuladas por Bernardinho com a seleção masculina do Brasil, estão dois ouros olímpicos (2004 e 2016), duas pratas (2008 e 2012) e três títulos mundiais (2002, 2006 e 2010), além de oito Ligas Mundiais. Antes, com a seleção feminina, ele havia conquistado dois bronzes olímpicos: nos Jogos de Atlanta, em 1996, e de Sydney, em 2000.