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Por — Rio de Janeiro

Quando um cria da base estoura no profissional, a torcida se enche de orgulho do clube por reconhecer talentos, investir neles e ter paciência para lançá-los. A série A base vem forte — parte do projeto Tem Que Ler, que traz reportagens exclusivas para assinantes do GLOBO — mostra dois deles por semana: um sub-15 e um sub-17, promessas em que o torcedor das principais equipes da Série A já tem que ficar de olho. Conheça Jampa e Sidney, joias do Bahia.

JAMPA, 15 anos, sub-15 do Bahia

Arthur Jampa — Foto: Letícia Martins/Divulgação
Arthur Jampa — Foto: Letícia Martins/Divulgação

O time com nome de estado, o jogador com apelido de cidade, mas a travessia de um lugar para o outro marcam a história de Arthur. Nome completo: Arthur do Nascimento, que saiu da Paraíba e há dois anos se juntou a base do Bahia onde se tornou uma de suas maiores joias. Em Salvador, mudou de sobrenome, adotou o Jampa, referência a João Pessoa, sua cidade natal. Aos 15 anos, o goleiro já coleciona títulos pelo clube soteropolitano e também pela seleção brasileira sub-15, a qual vem sendo convocado com frequência — são quatro listas com o seu nome até o momento.

O adolescente começou no futebol, como ele mesmo diz, como qualquer outro menino, que gostava de “correr e chutar no gol”. Porém, quando entendeu que o futebol poderia ser coisa séria, ele olhou para dentro de casa e escolheu a sua posição. Seu pai chegou a jogar como goleiro e tentou seguir carreira. Acabou ajudando o filho nos seus primeiros passos.

— Um cara que sempre me inspirou muito foi o meu pai. Ele durante muito tempo me treinou. Ele trabalhava e quando tinha tempo conseguia me treinar, mesmo cansado. Mesmo com dificuldades ele sempre estava comigo me apoiando, fazendo tudo do bom e do melhor para eu desfrutar do meu sonho — disse.

Arthur Jampa — Foto: Letícia Martins/Divulgação
Arthur Jampa — Foto: Letícia Martins/Divulgação

Jampa chegou ao Bahia após ser observado em um torneio quadrangular, em 2022. Ele agarrou pelo Estrela de Março, uma equipe de Salvador. Após seu bom desempenho em todas as partidas, foi convidado a se juntar ao sub-13 do Esquadrão de Aço e desde então vem subindo de categoria. Apesar de ser oficialmente do sub-15, ele já vem atuando também em partidas do sub-17.

— No futebol eu já conquistei, graças a Deus, com pouca idade, várias coisas. Eu já consegui ser convocado para a seleção brasileira, já consegui jogar com a categoria mais velha, mas acho que o mais importante é ter conseguido dar alegria para minha família que sempre está comigo, sempre me apoiando — contou.

Pela equipe do Bahia, as principais conquistas de Jampa são Campeonato Baiano e o Metropolitano. Pela seleção, foi campeão de um quadrangular realizado no Paraguai, em outubro, que contou com Chile, Paraguai e Colômbia, e onde o gol do Brasil não foi vazada. Esse título, inclusive, ao mesmo tempo em que faz vislumbrar um futuro promissor, e sonhar com uma carreira vitoriosa, já entra na memória do goleiro como uma passagem que jamais será esquecida. Ao mesmo tempo em que sonha, Jampa já coleciona glórias que gosta de viver.

— Tenho dois momentos mais marcantes no futebol. Com certeza a minha primeira convocação para a seleção brasileira é algo que fica marcado, não tem como, é um sonho de infância, é um sonho de todo moleque que joga bola. E o segundo foi quando fomos campeões no Paraguai, foi o meu primeiro título pela seleção. Com certeza vai ficar sempre guardado comigo — afirmou.

Jampa terá a oportunidade de ampliar o seu leque de títulos. Ele está na expectativa de ser convocado pelo técnico Dudu Patetuci para o Sul-Americano, na Bolívia, neste ano. E recentemente ele iniciou o Brasileiro Sub-15 pelo Bahia.

Arthur Jampa — Foto: Letícia Martins/Divulgação
Arthur Jampa — Foto: Letícia Martins/Divulgação

Tanto no Bahia quanto na seleção, Jampa considera que, mesmo muito jovem, um dos seus meus maiores talentos, além da entender que é bom tecnicamente, é ser um bom líder:

— Eu acho que eu tenho uma cabeça boa, consigo liderar bem um grupo e consigo me entender bem com todas as pessoas.

Com o futebol do Bahia agora fazendo parte do Grupo City, é normal esperar sonhos distantes para os jogadores da base do tricolor. Mas questionado sobre o que quer estar fazendo daqui dez ela, o jovem goleiro foi categórico:

— Só Deus vai saber onde eu vou estar, mas espero estar jogando aqui no Bahia.

SIDNEY, 17 anos, sub-17 do Bahia

Sidney — Foto: Tiago Caldas/Divulgação
Sidney — Foto: Tiago Caldas/Divulgação

Sidney Carvalho é volante, tem 17 anos, e os torcedores mais atentos do Bahia já acompanham o seu trabalho. Além de ser uma das joias mais promissoras do tricolor, ele carrega consigo uma marca extremamente significa para si mesmo e para o clube: ter jogado uma Copa do Mundo sendo jogador do Bahia. O jogador esteve no Mundial sub-17 disputado no ano passado, na Indonésia.

— Foi um momento único de muita felicidade e emoção. Um sonho de todo pivete que joga futebol. Momento que ficará marcado para sempre em minha vida, poder representar meu país foi uma honra. Ainda mais que eu era o único pivete de aço lá. Foi muito legal — recordou.

Com Sidney como titular nos cinco jogos do Brasil na competição, a seleção caiu nas quartas de final para a Argentina. O jovem do Bahia deu uma assistência, na goleada de 9 a 0 contra a Nova Caledônia, ainda na primeira fase.

Até chegar a vestir a camisa da seleção, Sidney passou por um longo caminho que já lhe renderam outras conquistas pessoais significantes. Apesar de ser do plantel do sub-17, ele já disputou partidas pelo sub-20, inclusive jogando a Copa São Paulo de Juniores. Aos 16 anos, fez o que poucos imaginam. Estreou no time principal durante o Campeonato Baiano do ano passado. E não só, chegou a ser capitão da equipe.

— Consegui jogar profissionalmente no estadual, fui convocado para a seleção brasileira duas vezes, sendo uma delas para Copa do Mundo Sub-17 e fui o capitão mais novo na história do Esporte Clube Bahia. Só tenho o que agradecer ao futebol — disse.

Sidney — Foto: Tiago Caldas/Divulgação
Sidney — Foto: Tiago Caldas/Divulgação

Sua história com o esporte começou cedo, aos sete anos, na escolinha coordenada por seu pai. O volante é nascido na comunidade quilombola de Ilha da Maré, na Bahia de Todos os Santos, distante 20 minutos de barco do continente. Dali, ele se transferiu para outro time, o Estrela de Março, de Salvador, e depois foi convidado para se juntar ao Bahia, em 2019.

— A escolinha de meu pai fez um amistoso com a equipe do Estrela de Março. Fui destaque e chamado para passar um período de testes no clube. Fui aprovado e fiquei alojado no Estrela de Março. Teve um amistoso contra a equipe do Bahia e chamei atenção no jogo. Os captadores do Bahia me viram, falaram comigo. Me selecionaram para fazer um período de testes, fui aprovado e estou no clube até hoje — recordou.

Sidney, que já chegou a atuar como lateral-direito, gosta de jogar no meio-campo, é onde se sente à vontade. Se descreve como um jogador dinâmico, técnico, que ocupa bem os espaços e que distribui a bola dando poucos toques.

— Minhas características combinam mais com o meio de campo. Minhas maiores habilidades são os passes longo e curto. Acho que me destaco bem por ser um jogador com bom passe — cravou

Sidney — Foto: Tiago Caldas/Divulgação
Sidney — Foto: Tiago Caldas/Divulgação

Durante sua trajetória o mais complicado foi conciliar os treinos com os estudos, que foram concluídos no final do ano passado. Para conseguir terminar o ensino médio ele precisou estudar a noite para não atrapalhar os treinos que aconteciam pela manhã.

— O sistema de estudo no Brasil não favorece aos atletas — opinou.

O volante está bem-conceituado entre os profissionais do Bahia. No início do ano ele foi relacionado por Rogério Ceni para viajar até Manchester para a pré-temporada do clube.

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