Futebol 2024
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Por — Rio de Janeiro

RESUMO

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GERADO EM: 20/07/2024 - 07:00

Técnico Cláudio Tencati: sonhos, pressões e família no futebol

O técnico Cláudio Tencati do Criciúma fala sobre sua trajetória, pressões no futebol e a importância da família. Revela sonhos de títulos, medo de desaparecer no esporte e anseio por enfrentar treinadores renomados, como Tite. Destaca a influência da formação em educação física em sua carreira.

Sonhos, medos, saudades, alegrias, tristezas. Os sentimentos que comumente aparecem em sessões de terapia também têm o seu lugar em um campo de futebol. A série “Brasileirão no Divã” – que em 2023 ouviu jogadores de quase todos os clubes do torneio, em conversas sobre anseios, arrependimentos e questões de saúde mental — volta em 2024 renovada, agora com novos entrevistados e, por certo, novos debates.

O que sentem os treinadores da competição? Como isso afeta o trabalho? Como a pressão do cargo afeta suas vidas pessoais? Ao longo de nove meses de campeonato, o GLOBO vai sentar os “professores” no divã. Serão bate-papos em que o futebol estará presente, mas não como assunto principal.

Entre os técnicos mais longevos da Série A, Cláudio Tencati, de 50 anos, está há quase três anos à frente do Criciúma, que enfrenta, neste sábado, o Flamengo, às 16h, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. Formado em Educação Física, ele recebeu um convite inesperado de uma colega de trabalho para treinar uma escolinha de futebol. Da primeira oportunidade no Cianorte-PR ao sucesso no Criciúma, o paranaense com ascendência italiana abre o jogo sobre a vida no futebol.

O que diferencia o projeto do Criciúma?

Temos autonomia e poucas interferências externas, inclusive, a direção não costuma tomar decisões precipitadas com a pressão da torcida ou imprensa. Nesses três anos que estou aqui, tive poucas reuniões com a gestão do clube para ser cobrado a respeito de resultado. Então, têm confiança e liberdade para a gente exercer o nosso trabalho, além do clube pagar em dia, o que é um atrativo para comissão técnica e jogadores. Diferentemente daqui, existem muitos clubes que prometem mas não cumprem.

Até que ponto você participou da contratação do atacante congolense Bolasie?

O meu amigo Ricardo, que trabalha com o agenciamento de atletas, deu o nome do Bolasie. Aí logo perguntei: “Ricardo, você tem certeza que esse atleta vem realmente ao Brasil, jogar no Criciúma? Olha o currículo dele, atuou na Premier League...". As conversas começaram no final de dezembro, mas terminaram só em fevereiro. No início, ele estava com o pé atrás sobre o pagamento, os formatos de contratos. Nós temos um analista de desempenho que fala inglês, então, facilita a comunicação. Ele sabe que veio ao Brasil para se adaptar, o que mostra profissionalismo e um exemplo a ser seguido pelo grupo.

Cláudio Tencati, técnico do Criciúma há quase três anos — Foto: Celso da Luz/ Assessoria de imprensa C.E.C.
Cláudio Tencati, técnico do Criciúma há quase três anos — Foto: Celso da Luz/ Assessoria de imprensa C.E.C.

Como alcançar a longevidade no trabalho com o imediatismo do futebol brasileiro?

No Londrina e Criciúma, eu tive que ter resultado a curto prazo para ganhar confiança no relacionamento com jogadores, direção e também da imprensa. Às vezes, você vai ter que escutar, ser paciente e resiliente para não estourar um embate. Quando você chega, o clube já tem uma cultura local, como foi no Criciúma, que teve o Paulo Baier. Então, não precisava de uma revolução radical e, por isso, fui agregando as minhas ideias aos poucos para não criar resistência no trabalho.

De que maneira o futebol entrou na sua vida?

Começou com aquele sonho de infância de querer jogar futebol. Os meus irmãos sempre jogaram no amador, e eu sempre acompanhava eles. Com 12, 13 anos, já brincava nos campinhos de várzea. Eu cheguei a jogar na base, mas não consegui ser jogador de futebol profissional, o que me deu uma frustração no primeiro momento, mas o melhor ainda estava por vir.

Como a formação em educação física ajudou na hora de virar treinador ?

Em uma competição de jogos escolares, fui auxiliar uma professora com a garotada no futebol. A minha amiga e colega de profissão Rose veio me dizer que eu tinha perfil para ser treinador e que iria me ajudar… e não é que aconteceu mesmo? Ela me colocou em um projeto de escolinhas da prefeitura de Cianorte (PR). A partir disso, fui chamado para as categorias de base do Cianorte como auxiliar e, depois, treinador do sub-17.

Como chegou ao profissional?

Eu era técnico do sub-20 e também fiquei como segundo auxiliar do Caio Júnior em 2004 e 2005. Quando ele sai do clube, diz assim para a direção: “Pode colocar o Tencati, ele está pronto para ser treinador”. Até me assustei na hora, já que fazia no máximo dois jogos no time de cima e já voltava para base. A partir de 2006, passei a sentir de verdade o gostinho de ser profissional.

Sua família apoiou a carreira no futebol?

Sempre tive que trabalhar para sustentar minha família, que é de origem humilde. Na época com 18, 19 anos, minha mãe passou a me cobrar para morar em São Paulo, onde meu irmão estava trabalhando em uma farmácia. Teve toda essa pressão, só que eu não queria, né? Foi justamente nesse momento que a professora Rose e as oportunidades no futebol surgiram para mostrar como a vida é imprevisível.

Você ficou desempregado boa parte da pandemia. Como lidou naquele momento?

Eu já tinha aprendido a guardar recursos quando eu fiquei seis meses desempregado ao sair do Paranavaí em 2010. Quando fui demitido do Vitória em 2019, não recebi o que estava no contrato e fiquei quase um ano sem ganhar praticamente nada. A pandemia foi um período difícil, mas não podia deixar de pagar minhas contas e dar condições de sobrevivência à minha família. Por outro lado, fiquei mais tempo com os meus filhos e a minha esposa nesse período. Sempre falo aos meus atletas para não esbanjarem porque vão precisar quando menos esperarem.

Qual técnico você gostaria de enfrentar na Série A?

O Abel Ferreira seria um deles, mas estava suspenso quando o Palmeiras visitou o Criciúma. Outro é o Tite, que é um técnico honesto e detalhista, e vou ter o prazer de enfrentá-lo. Fizemos o curso da Licença PRO na CBF e trocamos várias ideias. Na época, ele era treinador da seleção brasileira, mas fez questão de estar presente. Espero um jogo extremamente físico e tático, e vamos tentar igualar a qualidade do Flamengo.

Qual sua relação com a Itália?

Eu tenho vontade de voltar à raiz italiana do meu avô. Isso quase aconteceu na pandemia, quando falei para minha esposa: “se nada der certo aqui, vendemos os imóveis e partimos para a Itália”. Minha esposa é estilista, então, seria um país bacana para ela também. Eu poderia começar nas categorias de base ou em times menores, e a vida tomou outros caminhos, mas sigo com esse projeto na minha cabeça.

Qual é o seu maior sonho no futebol?

Antes era pisar na elite. Cheguei. Agora, é ter um título nacional de Série A e, para isso, busco permanecer nesta caminhada no Criciúma ou dar sequência em outros clubes para ser campeão. Jamais imaginei estar entre os 20 melhores treinadores do futebol brasileiro, então, já me sinto realizado.

E o maior medo?

Tenho medo de passar ileso e sumir do mapa no futebol. Tem treinadores que ganharam Estaduais, Brasileiros e não estão mais no seleto grupo de treinadores por não darem mais certo em vários clubes. Busco compreender o que aconteceu com a carreira deles para ver o que eu devo fazer ou não para me manter em destaque.

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