Futebol Internacional
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O atacante Vinicius Júnior, do Real Madrid, será o centro das atenções no confronto deste sábado contra o Valencia, às 17h, pelo Campeonato Espanhol. O motivo não é o talento do brasileiro. Nove meses depois, o jogador voltará ao Estádio Mestalla, onde foi vítima de ataques racistas por parte de torcedores do time local. Evento nada incomum na vida do atleta na Espanha, mas que tomou proporções globais e fez as entidades do mundo do futebol se movimentarem na luta contra o racismo, ainda que de forma pálida.

Vini, inclusive, foi agraciado com o Troféu Sócrates dado pela revista France Footbal, em 2023, pela sua postura diante da causa. E a seleção brasileira recebeu o prêmio Fair Play da Fifa, este ano, por encampar campanhas contra o racismo.

Por outro lado, o empoderamento de Vini Jr., que, na partida em questão, apontou os torcedores que lhe proferiram as ofensas, não é tão bem visto em Valencia — e, de uma maneira velada, na Espanha.

Desde maio passado, o discurso dos torcedores do Valencia, de lideranças do elenco e até da imprensa local é de que o brasileiro é provocador e foi responsável pela “criminalização” do time e de toda a torcida.

Eles argumentam que foi um ato isolado de três torcedores — todos identificados e banidos para sempre pelo clube. E se utilizam do depoimento dado por Vini, em outubro passado, em que ele confirma que não foram todos os torcedores que o chamaram de “mono” (macaco, em espanhol), para tratá-lo como mentiroso. O Valencia, que nunca se desculpou com o jogador, chegou a pedir retratação do próprio.

Um jornal local, inclusive, produziu uma capa, meses atrás em que comparava o atacante ao personagem Pinóquio cujo nariz crescia a cada mentira contada.

É sob este clima que o brasileiro pisará no Mestalla. Os torcedores da organizada “Curva Nord” compuseram uma música no ritmo da canção infantil “Pinóquio”. Um dos versos diz: “Em Valência ele chegou, e seu conto acabou/ O problema é que é um tonto, nunca foi por sua cor”.

Herança colonial e racista

O clube também não autorizou a entrada da equipe de gravação que está produzindo um documentário sobre a vida do jogador para a Netflix, em parceria com a Conspiração Filmes, a ser lançado em 2025. A ideia era acompanhar o jogo próximo aos torcedores da “Curva Nord”.

— Quando a imprensa e a torcida tomam como frente argumentativa a tese de que a resposta de Vinicius Júnior é mais problemática do que a violência que a gerou, eles, de forma vil, manipulam a leitura dos fatos para que o seu senso de supremacia racial e identitária não se desconfigure. É mais uma camada sofisticada que revela as múltiplas facetas de uma sociedade de base colonial e racista — explica Daniele Muniz, Mestre em Psicologia Social. — Vini Jr. provoca na sociedade espanhola um fenômeno muito estudado em Psicologia Social chamado Dissonância Cognitiva. Ele é um jovem negro de um país periférico ao Sul do globo extremamente talentoso, alegre e insubmisso. Sua subversiva alegria contraria as crenças que a branquitude estruturou sobre um homem como ele.

O jogador tem evitado dar declarações sobre o reencontro. Segundo o estafe do atleta, a partida é tratada como um jogo normal que vale três pontos na disputa pelo título —o Real Madrid lidera o Espanhol. Logo depois, o foco será o confronto das oitavas de final da Liga dos Campeões, contra o Leipzig, no dia 6, em Madri.

Além disso, o Mestalla não foi o único estádio espanhol em que o atacante sofreu racismo. Já foram contabilizados mais de 20 episódios, e, por isso, o brasileiro não quer individualizar os casos, apesar de o ocorrido em Valência ter sido o mais impactante.

Nenhum caso julgado até o fim

Atualmente, a LaLiga contabiliza 15 casos diferentes de insultos raciais sofridos pelo jogador direta ou indiretamente desde dezembro de 2022. Todos eles foram denunciados à Justiça espanhola, mas três estão arquivados por não ter havido identificação dos autores. Os demais ainda estão em fase de denúncia, de investigação inicial ou à espera de depoimentos para seguir com o processo legal.

Em virtude do episódio de maio passado, a entidade criou o “LALIGA vs Racism”, uma ferramenta que funciona como um canal de denúncia, além de conter informações sobre as competências da instituição e como se pode combater o racismo dentro dos estádios. O objetivo principal é facilitar essa troca de identificação para as autoridades e apoiar aqueles que precisarem de auxílio.

A direção do Valencia preparou uma campanha chamada “Discriminação Zero” para mostrar que condena insultos racistas e evitar que se repita o ocorrido no estádio. A segurança do jogo também foi tratada de forma especial com as forças policiais locais. A LaLiga disse que em toda partida de grande rivalidade, aumenta a vigilância nos estádios e reforça as medidas que já implementa em todos os jogos do campeonato.

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