Futebol Internacional
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Por — Rio de Janeiro

O torcedor que acompanha a Liga dos Campeões da Europa ficou com sensação de déjà vu quando soube que Real Madrid e Manchester City se enfrentariam pela terceira edição seguida. O confronto que começa nesta terça, às 16h (de Brasília), no Santigo Bernabéu, agora vale vaga nas semifinais. No primeiro ano, vitória espanhola. Em seguida, o time do técnico Pep Guardiola deu o troco. O tira-teima conta com uma dose de coincidência. Mas que, de certa forma, expõe a perda de imprevisibilidade do torneio, cada vez mais um salão de festas do grupo dos clubes super-ricos.

A edição atual chega a ser bastante didática neste sentido. Tem, no confronto Real x City, o embate entre o primeiro e o segundo clubes mais ricos do mundo, respectivamente. E, na quarta, trará o duelo entre o terceiro (PSG) e o quarto (Barcelona). Para completar, Bayern de Munique (sexto no ranking da consultoria Delloite) e Arsenal (10º) fazem o outro choque de super-ricos, também às 16h (de Brasília) desta terça.

Neste cenário, o confronto restante das quartas, entre Borussia Dortmund e Atlético de Madrid, quarta-feira, chega a parecer modesto financeiramente. Mas não é. Trata-se, respectivamente, da 12º e da 15º maiores receitas da temporada passada. A Liga dos Campeões se tornou tão exclusiva para os gigantes que as brechas são ocupadas por clubes da segunda prateleira — de uma estante com muitas outras para baixo.

O funil fica nítido quando se olha para o torneio a partir da fase de grupos. Sete dos 10 clubes mais ricos do mundo (aqueles que fizeram receita superior a 500 milhões de euros) estavam entre os 32 participantes. As exceções foram o Liverpool, que só conseguiu vaga para a Liga Europa; o Tottenham e o Chelsea. Estes dois foram tão mal no Campeonato Inglês 2022/23 que ficaram fora das competições continentais.

Seis super-ricos avançaram entre os 16 das oitavas de final. O sexteto permaneceu intacto e se tornou maioria entre os oito das quartas.

Na Champions, dinheiro traz felicidade - ou resultados — Foto: Arte O GLOBO
Na Champions, dinheiro traz felicidade - ou resultados — Foto: Arte O GLOBO

Uma rápida avaliação nos elencos ajuda a entender o porquê. Os seis super-ricos das quartas de final concentram 18 dos 30 jogadores mais valiosos do último ranking divulgado pelo Observatório de futebol do Centro Internacional de Estudos do Esporte. Só Real e City reúnem nove. Estrelas que geram retorno esportivo e ainda ajudam a fazer dinheiro. Isso sem contar a capacidade maior para investir em profissionais que atuam fora das quatro linhas.

— A Liga dos Campeões sempre teve um caráter elitista do ponto de vista de história, de peso de camisa. E ele foi migrando para um elitismo do ponto de vista financeiro — avalia o economista Cesar Grafietti, sócio da consultoria Convocados.

Nas fases mais avançadas o filtro do dinheiro pesa ainda mais. Nos últimos dez anos, só dois clubes fora do top-10 chegaram à final: o Atlético de Madrid em 2014 e em 2016; e a Inter de Milão, no ano passado. Nenhum deles levantou a taça.

A edição 2003/04 representa um divisor de águas. Foi a última vez que o título ficou com um time de fora do top-10. Na verdade, os dois finalistas (o campeão Porto e o vice Monaco) não figuravam nem mesmo entre os 20 mais ricos da temporada anterior. Desde então, o troféu só circulou entre nove clubes — todos sempre dentro do grupo das dez maiores receitas no momento em que conquistaram a competição.

O crescimento da própria Liga dos Campeões como produto e do seu potencial de gerar dinheiro contribuiu para este fenômeno. Os clubes que chegam às fases decisivas do torneio faturam com premiações e com bilheteria valores que fariam muita diferença para seus concorrentes.

— A competição retroalimenta essa condição financeira — analisa Grafietti. — Esses clubes que estão sempre entre os quatro primeiros de suas ligas nacionais e chegam às quartas da Champions conseguem faturar entre 60 milhões e 70 milhões de euros com a competição. Isso é 10% da receita total deles. Mas mais de 25% da dos clubes médios de seus países. Se vão mais longe, chegam a 100 milhões de euros. Então esse dinheiro a mais coloca uma distância imensa entre eles e os garante sempre na competição.

Só que toda esta concentração de dinheiro e de resultados esportivos num grupo pequeno de clubes tem afetado a previsibilidade e a atratividade do torneio. A fase de grupos consegue ser, ao mesmo tempo, entediante para torcedores dos times mais fortes e pouco estimulante para os dos não favoritos.

Foi em meio a este problema — e à tentativa dos super ricos de fazerem uma liga só entre eles — que mudanças no formato foram anunciadas. A partir da próxima edição a fase de grupos será substituída por uma de classificação, com 36 equipes. Para a definição dos jogos, os clubes serão divididos em quatro potes, de acordo com seu coeficiente no ranking da Uefa. Obrigatoriamente, toda equipe enfrentará dois de cada, totalizando oito jogos antes do mata-mata.

Assim, a Uefa tenta aumentar a quantidade dos chamados jogos grandes e distribuí-los ao longo de todo o campeonato. Grafietti alerta que isso pode resultar num tiro no próprio pé.

— Se todo ano tiver dois jogos entre PSG e Barcelona, Arsenal e Bayern e Real e City esta imprevisibilidade acaba. Chega uma hora que passa a ser um jogo como qualquer outro.

Na temporada 2024/25 os super ricos podem ser enfrentar até três vezes pela Champions e mais uma pelo novo Mundial da Fifa. Se forem do mesmo país, ainda farão dois jogos pela liga local. Os seis Real x City em três anos vão parecer pouco.

Haaland e Bellingham, os dois jogadores mais valiosos do planeta, simbolizam o duelo de super ricos entre Manchester City e Real Madrid — Foto: Montagem com fotos de Darren Staples/AFP e Pierre-Philippe Marcou/AFP
Haaland e Bellingham, os dois jogadores mais valiosos do planeta, simbolizam o duelo de super ricos entre Manchester City e Real Madrid — Foto: Montagem com fotos de Darren Staples/AFP e Pierre-Philippe Marcou/AFP
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